quarta-feira, 14 de setembro de 2011

COWBOYS & ALIENS

    

     Pegar Westerns e colocar seus universos contra os da Ficção Científica? Brilhante! Misturar Cowboys e Aliens? Genial! Já da pra imaginar o Clint Eastwood apontando um revólver pra cara do Predador e dizendo "Go ahead, make my day", ou um duelo implacável entre John Wayne e Spock, "Morte lenta e próspera".
     Porém, ainda que possuísse uma gama de possibilidades para serem exploradas com sua premissa, o novo longa de John Favreau, apesar de divertido, não chega nem perto da palavra "Foda".


    Um homem (Daniel Craig) acorda no meio de um deserto sem lembrar-se de nada mais do que a língua que fala. Preso em seu braço, um estranho bracelete. Andando a esmo vai parar em Absolution onde descobre ser um fugitivo da lei chamado Jack Lonergan. Seu crime? Ter assassinado sua própria esposa, e roubado dinheiro de um coronel chamado Woodrow Dolarhyde (Harrison Ford). Mas antes que os conflitos possam se resolver, a pequena cidade é atacada por naves alienígenas, que sequestram convenientemente, alguém importante para cada um dos personagens. Assim, seguidos de perto por Ella Swenson (Olivia Wilde), um grupo de homens saí em busca dos cidadãos abduzidos, enquanto isso, Lonergan que acabou aprendendo a usar o bracelete como uma arma, tenta lembrar-se de sua vida antes da abdução. 


     É, isso ai. O roteiro fraquinho até que se saí bem no começo do filme, deixando o espectador entender a situação toda sem precisar mastigar tudo. Apresenta bem seus personagens antes de colocá-los em ação. Assim mesmo que estereotipados em muitos momentos, os protagonistas se definem bem dentro do filme antes de mandarem bala nos E.T.'s. Mas, conforme o filme avança, este mesmo roteiro caí numa mesmice insuportável. Os arcos dramáticos dos personagens tornam-se previsíveis, suas falas bobas e seus destinos são insatisfatórios, para não dizer "Clichê". O filme conta com mais de três roteiristas, o que é ruim, pois tantas visões criativas juntas normalmente tendem a não chegar a lugar algum. E é o que temos aqui, um filme cujo começo é bom, mas que no resto mantém uma falta de inspiração terrível. Como se todos esses roteiristas tivessem simplesmente cansado de escrever e começado a jogar a história pra frente de qualquer jeito, só para acabar logo.


     A montagem também não ajuda muito, já que a colocação dos planos não parece ter muito respeito ao tempo ou ao sentido espacial das cenas. Assim às vezes é confuso entender quem está vindo de onde ou quando. Mas ela toma algum rumo mais para o final, por mais que caía em mesmices, ainda sim mantém um ritmo. A fotografia de Matthew Libatique faz seu trabalho e investe em planos com a luz um tanto estourada no deserto, adotando uma previsível coloração dourada nestes cenários, só para contrastar depois com os tons azuis com que colore os ambientes onde aparecem os aliens. A direção de John Favreau por sua vez é funcional enquanto filme de ação, já que em todo o resto o cineasta se mantém apenas adequado. 


     Os efeitos estão bons, nada espetacular que não possa ser perdido, mas cabem muito bem dentro da narrativa e se adéquam com maestria a fotografia de Libatique. Já a trilha de Harry Gregson-Williams se resume aos conhecidos acordes que remetem aos Westerns, pontuando corretamente o longa. Já o Sound Design é um destaque, ainda mais na hora de sublinhar os rápidos movimentos dos alienígenas, investindo em ruídos graves que acompanham desde o impacto de suas armas até os seus golpes fatais. O que na verdade é genial se compararmos aos sons produzidos pelas pistolas dos humanos, que soam mais como bombinhas explodindo na areia, o que torna a fragilidade das armas dos homens perante as alienígenas muito tátil ao espectador. E claro, a direção de arte está de parabéns, pois a pequena cidade de Absolution é muito bem caracterizada em cena, assim como um certo barco virado de ponta cabeça. Este último, aliás, é um cenário extremamente criativo e bem feito que acaba sendo desperdiçado no filme.


     Mas a melhor parte do filme reside nos personagens de Craig e Ford. O primeiro não faz muito diferente do que já fez até hoje em outras produções (na verdade faz a mesma coisa). Mas ainda sim, tem um carisma (ainda que seja um carisma estranho) para levar o filme numa boa, sempre sério. Mas é o veterano Ford quem se destaca, passando para a tela toda a evolução do personagem durante o longa. Assim percebemos aos poucos, de leves indícios de uma aprovação no canto de sua boca até a determinação em salvar um antigo inimigo, o arco dramático mais interessante da trama. Mas e Olivia Wilde? Bom, esta pode voltar pro House, já que assim como em Tron - o legado, ela pouco tem a fazer neste filme que não seja resolver os problemas que os roteiristas tiveram preguiça de resolver sozinhos. 


     Assim o filme termina em um clímax mal conduzido que falha miseravelmente em criar alguma tensão, já que seu protagonista parece não enfrentar desafio algum! Mas ainda sim, ver a relação Ford/Craig (Bond/Jones) é interessante e pode valer o ingresso, que graças a sei-lá-que-santo não foi convertido para 3D.

P.S. Eu ainda espero ver o  Clint Eastwood matando um Predador algum dia desses num filme.


NOTA: 5/10  

Um comentário:

  1. Adoro a idéia de um filme de "bang-bang tecnológico" ainda não vi o filme... e como sempre VOCÊ SR. YURI me tira a vontade de ver os filmes... obrigado mais uma vez :/

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