quinta-feira, 26 de maio de 2011

OS AGENTES DO DESTINO

     TRAILER THE ADJUSTMENT BUREAU LEGENDADO


     E se estivesse escrito que eu escreveria esta crítica como a estou escrevendo agora? E se quem escreveu que eu escreveria assim tentasse me impedir de escrever de outro jeito? E se mesmo já estando escrito por quem escreveu que eu escreveria assim, eu quisesse escrever de um jeito diferente de quem escreveu o que eu escreveria? O que, no final das contas, ficaria escrito? Meu texto escrito do jeito que eu queria escrever? Ou o texto escrito por mim do jeito que esta escrito por quem escreveu que queria que assim fosse escrito? É com uma premissa neste sentido que somos convocados a este bom Os Agentes do Destino.


     David (Matt Damon) é um jovem político prestes a ser eleito senador de New York, quando conhece de uma forma um tanto inusitada, Elise (Emily Blunt) uma dançarina carismática por quem logo se apaixona. Mas acontece que há um certo grupo de homens de chapéu que andam perambulando por ai, garantindo que todo mundo cumpra o seu "Destino", aquilo que lhes foi escrito para se fazer. E num descuido de um desses homens, David acaba encontrando Elise e descobrindo uma verdade horrível sobre a realidade em que vive. Ameaçado de ser "reiniciado", ele promete nunca mais ir atrás da garota, já que seus destinos foram separados e só se juntaram outra vez por acidente. Claro que o casal não cumpre tal promessa, e ai começa uma disputa não só pelo amor um do outro, mas também pelo livre arbítrio.


     O filme começa muito bem. Elegante, nos apresenta ao personagem de Damon com maestria, mostrando a solidão do personagem mesmo este estando sempre cercado de gente, apostando em planos abertos que o mostram sempre pequeno dentro de amplos cenários. Dando tempo ao tempo, o diretor estreante George Nolfi conduz com calma este início, deixando os personagens David e Elise em tela por tempo suficiente para que acreditemos no amor instantâneo do casal, o que era preciso, já que a explicação para este sentimento está lá no final do longa, e esperar que o espectador aturasse duas horas de um amor de entrega incondicional vindos de apenas um encontro acidental, seria pedir de mais para um filme que já nos joga os tais homens de chapéu com seus livrinhos mágicos nas primeiras cenas.


     Nunca fica claro quem são estes homens que andam por ai controlando tudo, mas o filme os apresenta de forma muito humana, eles cometem erros, podem ser enganados, e nem todos estão certos sobre o porquê de fazerem o que fazem e se isso é certo ou errado. O que acaba soando muito bem, já que eles também nos são apresentados como uma empresa enorme, com hierarquias, chefes e tudo mais, normalmente estruturas usadas em Thrillers, mas que nesses são tratadas como frias, calculistas e onipresentes, sendo assim o longa aqui, consegue fugir deste estereótipo, não nos fazendo encarar estes homens como os vilões e sim como mais marionetes do "grande plano". Ficam no ar as teorias sobre quem eles são, e o filme não descarta nenhuma, seja religiosa ou científica a sua explicação, o filme tem abas o suficiente para ser interpretado por ambos os caminhos. O destaque para esta parte do elenco vai para Terence Stamp que interpreta Thompson que é encarregado de garantir que David e Elise nunca mais se vejam. Stamp empresta sua atuação sempre igual ao personagem, que adquire uma áurea sinistra, sendo de todos os outro homens de chapéu o único que realmente parece ser algo sobrenatural. Se bem que Stamp deve ser sinistro até fazendo chá.


     Tudo é conduzido com perfeição durante o filme, a relação Damon/Blunt convence (ambos muito bem em seus papéis), o perigo paira no ar sempre, seja quando torcemos por David ou por um dos outros que o perseguem, e todos são muito bem desenvolvidos e aprofundados em seus dramas e ambições. E no final, tudo desemboca numa perseguição inusitada por New York, "de porta em porta", criando o que deveria ter sido um final esplêndido. Mas, não é isso que temos. Parece que chegado ao final do filme, George Nolfi que também assina como roteirista, simplesmente cansou de escrever, e resumiu o final. Não que este seja absurdo (não se comparado ao filme que vimos até o ponto do clímax), mas sim brusco e corrido. Mal temos tempo de assimilar o que aconteceu, e só depois percebemos a poesia do desfecho. Erro, já que deveríamos descobrir durante o filme, para aproveitarmos esta sensação, mas simplesmente não dá tempo de sacar o final e aproveitá-lo nos três últimos minutos em que ele nos é apresentado. Numa hora tem gente correndo, é o ápice do clímax, e do nada, "Bum!", acaba o filme. Lamentável ver acabar assim um filme que teria sido "10", mas já que não posso escolher como ele vai acabar (ou posso?), vou terminando aqui minha crítica escrita por mim e por mais ninguém, quer dizer, eu espero...


     Com uma condução adequada, bom desenvolvimento de personagens e da premissa, cativante, com boas performances de bons atores e com performances que se encaixam de atores estáticos, o filme acaba sendo carismático e leve, não possuindo momentos tensos, e sim um constante clima de que tudo vai ficar bem, como no final acaba ficando mesmo. E o final por que corrido, depois de sacado, acaba se tornando até bonito, afinal nem os tais "agentes do destino" podiam controlar o próprio, sendo também escravos deste.


NOTA: 9/10

quarta-feira, 25 de maio de 2011

SE BEBER NÃO CASE - PARTE 2

TRAILER THE HANGOVER 2 HD


     Dane-se o politicamente correto, a censura, os críticos, e todo o resto, porque o que importa para este novo filme de Todd Phillips é fazer uma farra daquelas de sair com dor de barriga de tanto rir. Ao contrário de produções recentes que preferem apenas usar certos países como locação pra poder usá-los como cenário para explosões, este novo Se Beber não Case não esconde em momento algum o porquê de se passar onde se passa e é fiel do início ao fim com sua proposta de fazer uma comédia forçada, apelativa e que ainda possui a mesma estrutura do seu antecessor, ainda sim, carismática, envolvente e muito engraçada.


     Dois anos após os acontecidos no primeiro filme, Stu (Ed Helms) o dentista certinho, esta prestes a se casar. Acontece que os pais de sua noiva são tailandeses, e não querendo contrariar o pai da moça (já que não é nada bem visto pelo mesmo), Ele organiza o casamento por lá mesmo na Ásia, e para isso convida seus amigos Phil (Bradley Cooper), Doug (Justin Bartha) e... Alan (Zach Galifianakis). Chegando lá os amigos, mais o irmão ainda menor da noiva Teddy (Mason Lee) resolvem tomar só "um drinque" sentados na praia com uma fogueira, e... Então, Phil, Alan e Stu acordam num quarto cheio de coisas fora do lugar e muitas coisas estranhas espalhadas por ele, e claro, eles não se lembram de nada que fizeram durante a noite e nem o paradeiro de Teddy. E os três vão ter que iniciar uma nova busca por pistas de suas confusões em meio a agitada e caótica Bangkok.


     Sim, o filme usa a mesma premissa e estrutura do primeiro filme, preguiça dos roteiristas? Talvez, mas o fato é que o filme não fica devendo em nada a este. Novamente, Todd Phillips nos mergulha na tensão e na curiosidade pelos absurdos pelos quais passaram aqueles personagens. E se a sensação de frescor já não está mais presente aqui, ela é sabiamente substituída pelo clima de "de novo não!", que por incrível que pareça, faz com que a história nunca soe forçada. Aliás, gera até boas risadas já que prevemos que aquilo de algum jeito (só não sabemos como), "vai dar m&#%@!!", mantendo sempre uma expectativa pelo o que vem a seguir no ar. E desta vez, os personagens enfrentam situações muito mais absurdas, criativas e perigosas que no longa anterior. Há em particular uma cena de perseguição de carro pelas ruas de Bangkok, muito tensa em sua construção e hilária em sua proposta. Em relação ao primeiro, porém, há menos desenvolvimento dos personagens, apostando no carisma dos mesmos para com o público, o filme acerta em cheio, já que o elenco novamente se sai muito bem em seus papéis unidimensionais.


     Stu é definitivamente o protagonista deste longa, e Ed Helms novamente empresta um ar histérico e depressivo ao personagem. Cooper que tem menos destaque aqui, continua mantendo bem seu "bonitão boa pinta", sem fazer careta, contido. Bartha e Lee pouco tem o que fazer no filme, embora possa dizer que os poucos momentos em que Mason Lee aparece em tela me incomodaram porque o ator deu pause na sua cara de "hãããã..." e assim a manteve o resto do filme. Novamente quem rouba o filme é Galifianakis, que encarna novamente seu Alan inocente e sem senso social/moral algum, desviando a atenção do público até mesmo se seu personagem é posto fora foco no fundo, porque afinal, parece que o ator está sempre fazendo alguma palhaçada. Mas quem vem para ser a cobertura do bolo é Ken Jeong, vivendo novamente a estranha mistura de estereótipos que é o Sr. Chow, que aqui, no ápice de suas obscenidades, rouba outra vez a cena, até de Zach quando entra em cena sempre de uma maneira inusitada.


     Ah sim, o politicamente correto. Bom, esqueçam. O filme faz questão de fazer piadas com tudo que encontra no caminho, religião (ótima sacada, prestem atenção em Alan na cena do Mosteiro), Homossexuais (uma das piadas mais divertidas de todo o filme envolve uma relação do tipo), raças e nacionalidades (os cartões com curiosidades sobre a Ásia de Alan falam tudo). Muito mais apelativo no sentido visual, o filme aposta em nus frontais, violência e consumo de drogas de forma explícita, implorando por uma classificação 18 anos. Mas desde sempre o filme já nos propões tais piadas e não foge delas, mantendo seu espectador bem avisado sobre que tipo de humor vai encontrar durante a projeção e não decepcionando aqueles que ficam para assistir. 
     Mas, Se Beber não Case - Parte 2 não se resume a apenas um humor esdrúxulo e efêmero. O carisma contido nos personagens e na história traz desde já um clima nostálgico, um clima caseiro, uma vontade de curti-lo. É aquele tipo de filme para se rever daqui um tempo em baixo das cobertas num sábado à noite, comendo pipoca ou brigadeiro. Aquele tipo de filme que te faz sentir aconchegado, em casa durante duas horas. E este clima, este abraço quente, mérito de alguns poucos filmes, tais como esqueceram de mim, curtindo a vida adoidado, etc. É aqui também o maior acerto de Todd Phillips que torna toda esta aventura totalmente improvável, tão mágica e carismática. Principalmente quando decidimos nos juntar aos três irresistíveis protagonistas na sua jornada.


     Não sendo melhor que o primeiro, nem pior, mas sim, mantendo o bom nível, apostando em uma abordagem menos contida de temas delicados de se fazer piada, o filme talvez erre ao parecer um tanto quanto episódico, mas ainda assim é envolvente e agradável, e sem contar que perto do que tem saído de comédias por ai, este exemplar faz o que poucas destas fazem. Faz Rir, e muito, é só tirar os preconceitos da cabeça e mergulhar na proposta absurda, desta trama absurda, com personagens absurdos se metendo em situações absurdas. Dá vontade de ver de novo um dia.  


NOTA: 8/10

P.S. tem uma ponta no filme do sempre ótimo Paul Giamatti.        
   

segunda-feira, 23 de maio de 2011

REENCONTRANDO A FELICIDADE

TRAILER RABBIT HOLE LEGENDADO HD
   
     Em meio a montes de blockbusters que vem saindo por ai com a chegada do verão Norte-Americano, está este novo filme do diretor John Cameron Mitchell, que traz para as telas um exemplar bem mais humano, nos trazendo de volta os tão apreciados dramas. E com tanta explosão dentro dos cinemas, é um alivio poder parar para sentir o coração bater mais pesado com esta triste e belíssima história.
     Oito meses após perderem o filho em um acidente de carro, Becca (Nicole Kidman) e Howie (Aaron Eckhart) ainda tentam superar a tragédia de muitas formas, seja investindo seu tempo em cuidar do jardim ou em terapias de grupo, ambos ainda não sabem como lidar com a situação, nem um com o outro. Isso, mais a família e amigos que sempre remetem ao acontecido, criam uma rede de conflitos internos nas personalidades deste casal que acima de tudo tentam perdoar um ao outro e si mesmos.


     O roteiro leva o filme de maneira simples e delicada, sem dar solavancos ou criar grandes cenas de drama, mantendo os dois pés firmes no chão e criando muitas cenas de discussão entre o casal de protagonistas, onde todas soam naturais e verossímeis. Os diálogos aqui são a alma do filme, sublimes e carregados de rancor, saudade e tristeza, eles criam as ligações e são os responsáveis por fazer a trama andar, não negando em momento nenhum que é uma peça adaptada para as telonas. Mas nenhum deles poderia ser expressado com tamanha veracidade nas mãos de um elenco fraco e sem química. E ai que entra a atriz (e também produtora) Nicole Kidman, que há algum tempo andava sumida de um grande papel que a valorizasse, aqui entrega uma Becca triste e delicada que mantém sua vida equilibrada entre o desespero e aceitação, entre a dor e a frieza (lembrando em certos momentos sua personagem em De Olhos Bem Fechados) encarnando a dor da mãe em eterno luto Kidman mostra que veio ao mundo pra fazer dramas, estando totalmente a vontade no difícil papel que nas mãos de outra atriz talvez ficasse exagerado ou inexpressivo demais. E se Nicole se sai mais do que bem, não fica para trás seu colega Aaron Eckhart que com ela cria uma química perfeita, sabendo também dosar a dor e a transparência com que o pai tem que lidar no dia-a-dia. Os dois criam momentos tensos de desencontro de aflições, tentando se apoiar um no outro e sempre caindo, cada lágrima é sublime saindo dos olhos destes atores em meio a discussões e monstruosas performances. Dianne West é o destaque do elenco coadjuvante, velha, a atriz não esconde suas rugas e marcas para trazer a tela a mãe de Becca, que como uma ancora insiste em trazer os protagonistas de volta a realidade da perda sempre que aparece em tela, é a figura do luto em carne e osso perfeita, sendo ela mesmo a tal "pedra no bolso" que ela usa como metáfora durante o filme.


     Mas a cereja sobre o bolo é a relação desenvolvida entre Becca e Jason (Miles Teller) o garoto que dirigia o carro que atropelou o filho da personagem causando sua morte. Ambos mostram desconforto, culpa e perdão a cada diálogo, tornando aflitivo e desconcertante ver os dois atores juntos em tela, principalmente por Teller conseguir manter-se tão bem ao lado de Kidman. também é desta relação que nasce o título do filme original, Rabbit Hole que é o título de uma história em quadrinhos que o garoto está escrevendo e que tem grande sentido metafórico durante o terceiro ato. 


     Seja pelas atuações, pelo belo roteiro ou pela direção competente e apenas correta de Mitchell, o filme acaba ganhando o espectador por envolvê-lo na dor dos personagens, ao contrário do recente (e ótimo) Anticristo que nos trazia apenas o desconforto daqueles personagens perante o mesmo motivo, Reencontrando a Felicidade, traz o sentimento sublime e aterrador do luto sobre os persoanegens, e toda sua dimensão que parece ser eterna, densa e insuportável. O final, apesar do silêncio, diz tudo.

NOTA:10/10 

terça-feira, 17 de maio de 2011

VELOZES E FURIOSOS 5

TRAILER FAST FIVE HD LEGENDADO

  
     Se você, assim como eu, se sentiu um pouco incomodado com os estereótipos do povo brasileiro apresentados na recente animação Rio, após assistir a este novo capítulo da série Velozes e Furiosos vai começar a gostar muito mais do filme sobre as araras azuis.
     Procurado pelo mundo todo, Dominic Toretto (Vin Diesel) vem parar no Brasil, onde logo Brian (Paul Walker) e Mia (Jordana Brewster) se juntam a ele e decidem reunir figuras já conhecidas dos capítulos anteriores para roubar o "maior traficante de drogas do Rio de Janeiro" Hernan Reyes (Joaquim de Almeida). É nessa hora em que o agente do FBI Hobbs (Dwayne Johnson, o ex-"The Rock") entra em cena para achar os criminosos e levá-los de volta aos EUA, contando com a ajuda da bela Elena (Elsa Pataky), uma policial brasileira que tem seu passado marcado por uma tragédia.


     Nunca fica claro se a intenção do filme é de que o levemos a sério ou não. Embora, pelo histórico da série, a primeira opção seria a certa para este capítulo, mas ainda assim, este longa não parece estar brincando em momento algum, principalmente quando exagera o que já havia sido exagerado. O caminhão de gasolina tombando estrada abaixo e pulando bem sobre o carro de Vin Diesel já era bem forçado, mas vira uma galhofada quando se põe dois carros de pouco mais de uma tonelada a arrastar um cofre que deve pesar mais de dez em metal maciço por avenidas a fora em meio a perseguições pelas ruas do "Rio" como se fosse uma bolinha de ping pong, ainda usando o negócio como arma, jogando-o de um lado para outro contra os outros carros durante o trajeto. A cena em questão é até boa no quesito ação, mas deixa de cumprir seu dever como tal justamente por envolver elementos que ficam lembrando o espectador a cada minuto que aquilo é uma piada, uma mentirinha que não deve ser levada a sério, tirando toda a tensão que a sequência poderia ter e assim sendo só mais uma demonstração gratuita do que um bom orçamento pode fazer.


     [SPOILERS]>Como é impossível não falar disso, então vamos lá. Leve você como brincadeira planejada com estereótipos ou como uma afronta pessoal, o filme é cheio de piadas sobre o povo Brasileiro. Se o capitão Nascimento precisa de um caveirão, um helicóptero, policiais treinados até a exaustão e armamento pesado para invadir uma favela ou um morro, aqui o agente Hobbs precisa de apenas sua pistola, seus músculos e meia dúzia de amigos para chegar atirando em todo mundo, parar pra papear no meio do tiroteio e ainda se instalar no topo do morro, isso sem nem mesmo pedir com licença para a polícia do Rio. Esta já é desprezada logo no começo quando o mesmo personagem é recebido no aeroporto por um oficial, que pergunta em que poderia servir a Hobbs, que lhe responde que quer duas coisas dele, que trouxesse a oficial Elena como tradutora porque deve ser a única pessoa confiável no Rio e que ele saia do caminho de Hobbs já que o oficial e seus colegas são considerados incompetentes. Claro que isso não só é ruim para o Brasil enquanto afirmação, mas também para os EUA que reforçam e até brincam com seu estereótipo de arrogância. Há uma cena de um assalto a um trem que está claramente no meio de um deserto, pena que a produção não checou que não havia desertos como aquele no Brasil, vou até ignorar o desfecho em câmera lenta dessa cena que envolve outra vez, algo além das explicações da física. Mas calma, que o ápice só chega em uma cena em que Hobbs chega em um racha para prender Toretto e sua turma, e após este último gritar " Você esqueceu que estamos no Rio!" todos os presentes apontam uma arma para o agente do FBI. É leve a sério ou não, essas são só as piadas mais exageradas, o filme ainda possuí uma carga maior delas durante sua duração.<[SPOILERS]


     O elenco está bem perdido, todo mundo faz careta e ninguém é carismático o suficiente, sendo (acreditem) Vind Diesel o melhor deles todos. Paul Walker tenta ser gurizão de novo, e de novo só fica cada vez mais esquisito conforme envelhece tentando ser "maneiro" fazendo aquela eterna cara "ta tudo cool". Jordana Brewster traz uma Mia diferente da vista anteriormente na série, agora explorando o lado sentimental da personagem a exaustão. Dwayne Johnson faz o que sempre faz, soca tudo e todos, grita e manda e atira gritando "Die motherfucker! Die!" preso desta vez a um personagem que segue a risca a filosofia de "Eu gosto é de mandar não de pensar!". E o que sobra para Ludacris, Sung Kang, Elsa Pataky e o resto? Frases de efeito, piadinhas pra fazer "humpf" e atuações no piloto automático, porque mesmo que quisessem estes atores não teriam o que fazer com seus personagens que estão lá pra fazer a nostalgia dos fãs da série, e mais nada. Sobra então Joaquim de Almeida que faz o traficante de terno Hernan Reyes, que nem é Brasileiro, é Português, e como tal passa mais tempo falando inglês do que português, para esconder obviamente o sotaque o máximo possível. Não que isso seja ruim, já que nunca chegam a dizer que o cara é realmente brasileiro, mas o esquema todo mais parece na Colômbia, e assim eles acabam colocando tudo no mesmo saco.


     A parte técnica do filme também deve ser observada como, se levando a sério ou não, pois por exemplo a dublagem de certos personagens brasileiros fica óbvia e mal feita, o que pode ser levado como piada, já que fazemos a mesma coisa com os filmes Norte-Americanos. Usando bem menos CGI aqui do que nos filmes anteriores o filme ganha pontos por parecer mais crível do ponto de vista estético, tornando as cenas de ação mais interessantes, embora ai resida um problema, já que estas se resumem em tiroteios, porradaria e uma perseguição que vale a pena se conferir, que justamente é esta já citada em que eles arrastam um cofre cidade a dentro. O que incomoda já que a série sempre foi marcada pelos rachas de carros potentes. A pergunta é: onde estão estas cenas? A única vez em que parece que vai acontecer uma disputa entre eles, o diretor Justin Lin cria toda uma expectativa para a cena, deixando todos os fãs babando, só para no exato momento em que ela começaria, cortar direto para o final da corrida, onde o "time" de Toretto já venceu. Seco assim. Sendo assim, pouco resta a dizer do roteiro que como não podia deixar de ser em um filme de ação no estilo, é o menos importante. É visto em tela muito personagem falando e muita exploração de relações, tudo muito fútil e entediante, já que é um filme de ação com personagens rasos que não tem o que se explorar, ou seja, o filme perde muito tempo filmando os atores fazendo algo inútil.


     Levando ou não a sério o filme, Velozes e Furiosos 5 ainda é um fraco exemplar de filmes de ação, embora divertido como galhofa, o filme se estende de mais investindo em coisas que já conhecemos de trás para a frente e deixando de ir aonde seu público alvo quer ir, as cenas de ação com carros turbinados! Com um roteiro mal explicado e pouco convincente e atuações esquecíveis, este exemplar está muito distante do bom primeiro capítulo da série que equilibrava com destreza todos estes elementos. Ainda sim é divertida a experiência de assisti-lo, podendo se refletir a visão mundial de estereótipos em diferentes países e regiões. Mas só enquanto piada, pois se levado a sério, este filme deve ser esquecido em um canto remoto da sala de vergonhas alheias do mundo cinematográfico.



NOTA:3/10  


domingo, 15 de maio de 2011

ÁGUA PARA ELEFANTES

    TRAILER ÁGUA PARA ELEFANTES 


      Era uma vez três atores, um é uma descoberta recente que faz um vilão como mais ninguém, outra é uma atriz talentosa que está no papel errado, e o último é um ator que simplesmente não consegue ser bom. Esta deveria ser a premissa deste filme que tinha muito para ser bom do início ao fim, mas só lembra disso nos últimos trinta minutos.
     A trama  nos leva para o começo dos anos trinta. Em plena depressão econômica o jovem Jacob Jankowski (Robert Pattinson) perde seus pais bem quando está prestes a se formar na faculdade de veterinária, sem dinheiro nem casa deixados pelos pais o jovem é posto na rua,  e no desespero acaba entrando clandestinamente no vagão de um trem que descobre ser de um circo comandado por um impiedoso homem chamado August Rosenbluth (Christoph Waltz) que tem como estrela principal a encantadora de cavalos Marlena (Reese Witherspoon). O rapaz logo consegue um emprego de veterinário no circo e logo se apaixona por Marlena e então os conflitos começam.


     Dirigido pelo responsável por Eu Sou a Lenda e Constantine, Francis Lawrence o filme é bem diferente das outras produções nas quais o diretor se envolveu e talvez por isso ele não tenha tido a boa mão que teve nelas. Pouco auxiliado pelo roteiro, Lawrence não cria o clima que a depressão deveria exercer sobre a trama, mesmo quando coisas terríveis são ditas durante o filme (como quando dizem que nove homens foram atirados nos trilhos com o trem em movimento só para não pagá-los) a direção não faz nem os atores nem a câmera nos passarem a dimensão dos fatos. A fotografia que está belíssima realça os belos cenários, mas não combina com a trama que com um tom episódico nos leva de acontecimento triste até outro. E a montagem é a responsável por este tom, onde tudo parece começar, ter um meio e já ter um fim durante o filme todo, não nos passando as emoções necessárias quando chegam os ápices de cada cena, que acabam soando banais e clichês.


     Mas Lawrence e sua equipe técnica não devem levar a culpa pelo estranho resultado final, pois muito disso se deve ao elenco que com boas e más performances se mantém mediano. Pattinson quando mexe a boca esquece da sobrancelha, quando mexe esta esquece a boca e quando mexe os olhos esquece tudo. Seu personagem parece não querer realmente tudo que diz querer, pois o máximo que faz é contrair o rosto de fúria fazendo umas caretas quando precisa. Witherspoon está perdida no filme, já que obviamente este papel não era para ela, e sim para uma atriz mais imponente e esbelta. Mas a atriz se sai bem provando seu talento, nada que faça o espectador sentir pena da moça, mas ainda sim dá o tom dramático certo, nada exagerado. Agora Waltz, outra vez como vilão, é que se saí novamente muito bem, ainda lembrando seu coronel Hans Landa de Bastardos Inglórios o ator consegue dar a August uma personalidade que pode fraquejar e que sente emoções acima de tudo, o que foge das outras duas figuras interpretadas pelo ator que se beneficiavam de serem unidimensionais.


     Mas eis que chegam os trinta minutos finais e todo mundo lembra de trabalhar. Até Pattinson começa a fazer cara de alguma coisa. Witherspoon não sendo mais cobrada para ser esbelta e imponente se dá bem na sua área de segurança, uma moça frágil com um grande drama no coração. E Waltz só fica melhor quando auxiliado pelos colegas. A montagem acelera, a fotografia assume um tom azulado e o roteiro para de jogar frases bobas para nós. Mesmo que o clímax seja rápido e pouco tenso perto do que deveria ser vale apena conferir que o filme ganha um ritmo totalmente diferente nessa parte final. Não que isso salve o final que é banal e previsível, ou toda a produção que analisada inteira ainda parece estranha e deslocada. Até a direção de arte que deveria ser espetacular não se esforça muito e não sai do lugar comum.


     Terminando com um discurso em off que pretendia nos fazer chorar mas que mal tem carga dramática para nos fazer tentar prestar atenção a esta altura da história, o filme tem seus altos e baixos bem definidos, e tudo acaba por ser estranho e pouco envolvente, até a elefanta que deveria ser a estrela do filme é posta de lado ao ponto de só ser citada agora aqui no fim do texto. Podia ser um filme maior e talvez a chance de Pattinson viver um grande papel ( alias o ator Hal Halbrook vive durante alguns minutos Jacob já velho muito bem, melhor que o galã ai o filme todo), mas acaba por ser algo efêmero e nada impactante, foi-se o tempo em que um trailer podia prever um grande filme.


NOTA: 6/10

terça-feira, 10 de maio de 2011

THOR

TRAILER THOR OFICIAL


     Não é segredo para ninguém que a Marvel vem planejando já há algum tempo o seu maior projeto cinematográfico, que é levar para as telonas o famoso grupo de super-heróis da editora que é o equivalente a Liga da Justiça para a DC comics, Os Vingadores. Para isso foram produzidos e lançados filmes dos componentes mais famosos e potencialmente mais lucrativos do grupo. Tais como Homem de Ferro 1 e 2 e o Incrível Hulk já lançados e Capitão América que está para ser lançado. Dos três filmes lançados até então pode se dizer muitas coisas, seja como filmes individuais, como filmes de uma franquia de um personagem individual ou como filmes que se agregam ao projeto dos Vingadores, sejam eles fracos ou bons, pelo menos se podia dizer que eles eram histórias que se sustentavam por si mesmas. O que finalmente me leva a este Thor cujo maior defeito é escancarar que faz parte de algo maior, esquecendo-se na maior parte do tempo de ser um filme individual. 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

EU SOU O NÚMERO QUATRO

TRAILER I AM NUMBER FOUR LEGENDADO

   
     Se você misturar: 1) crepúsculo; 2) filmes Teen americanos; 3) clichês da jornada do herói e misturar tudo isso bem e deixar ferver, você provavelmente terá este Eu Sou o Número Quatro.
     John (Alex Pettyfer) tenta viver sua vida normalmente... no planeta terra. Sim, John não é um vampiro que brilha, nem um adolescente que canta e nem um lobisomem que vive a base de esteróides, ele é um alienígena. Refugiado no nosso planeta (porque sempre a terra?) ele e seu protetor Henri (Timothy Olyphant) tentam sobreviver aos ataques dos também alienígenas, seus inimigos os Mogadorians (Pfff...) que querem (porque deu na telha) destruir todos os sobreviventes do planeta Lorien que estão por aqui, e de quebra já dar cabo do nosso planetinha azul também. Número um está morto, dois também e o filme começa com a morte do número três, e John é o número quatro. Fugindo para uma pequena cidade depois de ter sua identidade quase revelada, o garoto conhece Sarah (Dianna Agron a Quinn de Glee) por quem obviamente se apaixona. Nisso tudo ele, a garota e seu mais novo amigo Sam (Callan McAuliffe) se envolvem em uma trama para desvendar os mistérios envolvendo seu passado e uma solução para salvar a terra e eles mesmos.


     Usando e abusando de clichês de filmes high school, a trama começa corrida, usando uma espécie de walk and talk (quando personagens andam e falam ao mesmo tempo para despistar o diálogo e dar movimento à cena) no início para explicar o passado do protagonista que se resume ao carro passeando por inúmeras paisagens abertas enquanto ouvimos  sua voz narrando. Recurso de um roteirista (ou os três que o filme tem) ou um montador sem criatividade. Chegando a sua nova escola, John se depara com uma onda de lugares comuns, entre eles a garota bonita que namora o quarterback da escola, o próprio quarterback que é um idiota perito em praticar bullying e o alvo principal do cara, o nerd deslocado. É claro que ele se apaixona pela garota (Agron), é claro que ele compra uma briga com o quarterback Mark (Jake Abel), e é claro que fica amiguinho do nerd Sam, e é claro que todos eles "se metem em altas confusões". Mas se o roteiro se esforça pra copiar tudo ja feito antes até aqui, ele fica pior quando tenta seguir sua própria história. A explicação dos poderes de John se dá num armário de vassouras na escola, onde do nada aparece seu protetor como vindo do céu (Ah é, ele veio de lá mesmo) para explicar a ele tudo o que está acontecendo e o que aconteceu antes, como se fosse de extrema urgência que ele soubesse daquilo, o que não era. Mas com o desenrolar da história, onde os "carinhas do mal" acham eles e começam a persegui-los, o roteiro ainda passa por refrões destes filmes como: "Não é você sou eu", "Você é o escolhido, o único que pode blá-blá-blá...". Um roteiro, aliás, que deve ter sido bem patrocinado, já que cita ou mostra todo o tipo de marca, passando pela X-box, Coca-Cola e Red Bull.


     O elenco é fraco, Dianna Agron não faz melhor do que faz em Glee, Callan McAuliffe é inexpressivo, nem se destaca nem é ruim, e o que dizer do protagonista Alex Pettyfer que faz uma cara de nada melhor que a da kirsten Stewart? O destaque mesmo vai para Timothy Olyphant cujo personagem infelizmente tem o destino clichê da maioria dos mentores nesse tipo de história. Há ainda a bela Teresa Palmer que dá vida a Número Seis, que aparece no começo sob o clichê de andar de costas para uma explosão (totalmente gratuita), uns 40 minutos depois durantes alguns segundos e depois no final com algum destaque, mas sua personagem tem o aprofundamento psicológico e o carisma de um nabo.



     Falando no final, é lá que residem os melhores momentos do filme, já que se D.J. Caruso se recusa a comandar direito a produção durante o resto dela, pelo menos aqui ele dá alguma atenção ao projeto, conduzindo boas cenas de ação, com bastantes efeitos especiais ainda que todos numa fotografia muito escura para esconder o baixo orçamento. Ainda no começo tenta fazer uma homenagem a tubarão, que acaba soando desnecessária, pois não diz nem traz nada ao filme.


     Com um elenco fraquíssimo, um roteiro mais batido que saco de pugilista e uma trama pouco envolvente o filme ainda é pretensioso ao ponto de deixar o final em aberto com muita coisa sem explicação, apostando em continuações futuras, que se o Grande Scott (ou os Mogadorians) quiser não vão acontecer!





NOTA 4/10