sexta-feira, 15 de março de 2013

A BUSCA


     Uma câmera de mão inquieta, mostrando um homem desorientado, que abre este A Busca, reflete perfeitamente a desestabilização daquele pai sem esperanças de achar seu filho fugido. Em contrapartida, em uma bela contra rima, uma câmera estável em um quadro bem formado, que mostra três homens que representam três gerações de uma família enfim se conciliando, serve de fechamento para o mesmo filme. E embora possua um tropeço que outro em sua jornada, o longa é eficaz em nos levar do seu ponto inicial até seu fim idealizando o humano dentro de cada ser presente em sua narrativa. E sem nunca deixar sua trama parar, prioriza a introspecção de cada uma destas figuras, ainda que se concentre louvavelmente na bela interpretação de Wagner Moura.

quarta-feira, 13 de março de 2013

OZ: MÁGICO E PODEROSO



     O Mágico de Oz, de 1939, era um filme inocente, ingênuo e bobo... E, portanto, servia perfeitamente a um público que nos últimos trinta anos havia enfrentado uma Guerra Mundial e uma severa depressão financeira em seu país, e que nos anos seguintes sofreriam um dos piores atentados de sua História em Pearl Harbor, o que os levariam a entrar em outra grande guerra. Décadas estas que não afetaram apenas aos Estados Unidos e tiveram repercussão mundial, fazendo de filmes como este e o próprio E o Vento Levou (do mesmo ano), exemplares cinematográficos escapistas adorados por espectadores alvejados constantemente com desventuras de escala mundial. A superação de problemas impossíveis, o renascimento de famílias das cinzas da pobreza e uma heroína disposta a buscar o "caminho de volta para casa" (claro, estamos falando de uma época pré-feminismo, então sempre teremos um bom canastrão para dar aquela ajudinha no final...) eram temas que serviam a necessidade de uma geração inteira, e por isso, seu sucesso é mais do que justificado. Hoje, em tempos de relativa paz, Oz: Mágico e Poderoso surge como pouco mais do que um divertido entretenimento, que respeitando e homenageando o seu antecessor (com incríveis 74 anos de diferença), serve apenas a si mesmo, tratando de contar, sem ousar ou distorcer, o prelúdio da famosa terra de Oz antes da chegada de Dorothy.

segunda-feira, 4 de março de 2013

INDOMÁVEL SONHADORA



     "Eu sou o cara!" diz Hushpuppy (Quvenzhané Wallis) em dado momento deste Indomável Sonhadora, um longa que entre seus muitos méritos, com certeza, tem como o mais brilhante deles a sua pequena protagonista. Misturando alegorias que se mostram harmonicamente em sintonia com a linguagem quase documental adotada pelo diretor Benh Zeitlin, enquanto explora a miserável e quase selvagem rotina do povo habitante d'a "Banheira", o filme se mostra uma obra delicada e épica, ainda que suas escalas e abrangimento sejam tão grandes quanto sua diminuta heroína. E a jornada de Hushpuppy é tão interessante e emocionante quanto a de qualquer herói em uma batalha de proporções descomunais contra exércitos e criaturas malignas. E embora totalmente ciente da linguagem cinematográfica (ainda que sua câmera inquieta possa vir a esconder isto), Zeitlin prefere passar boa parte de seu próprio longa, como nós os espectadores, apenas observando uma performance admirável que se dá em meio a uma assombrosa direção de arte.

sexta-feira, 1 de março de 2013

DEZESSEIS LUAS



     Surgindo como um substituto da "Saga" Crepúsculo, este Dezesseis Luas é eficiente em trazer de volta todos os elementos que os filmes (não)vampirescos protagonizados por Bella e Edward se certificaram de enterrar bem fundo no lamaçal das obras mais embaraçosas do cinema. E ainda que possua mais acertos que seu vergonhoso ancestral de gênero, o longa tão pouco se destaca em algum sentido, sendo seu único mérito conseguir se manter fora da zona do ridículo quando sua trama claramente pende para ela o tempo inteiro.