domingo, 27 de fevereiro de 2011

BRAVURA INDÔMITA - 1969 X 2010

BRAVURA INDÔMITA 1969

TRAILER TRUE GRIT 1969


     Fui atrás deste filme dirigido por Henry Hathaway simplesmente porque queria ver a primeira versão adaptada para o cinema do romance de Charles Portis, que não li, mas que a curiosidade em torno do novo filme dos irmãos Coen me fez pesquisar sobre. E nessas pesquisas não demorei a descobrir este exemplar de 1969, que deu o único Oscar da carreira de Jhon Wayne, embora já tenha lido que tenha sido mais um prêmio pela carreira do que pelo papel em si. E em vista do ano em que o filme filme foi lançado eu não discordo muito.



     1969 foi o ano no qual Apollo 11 pousou na Lua, um ano antes em 1968 Stanley Kubrick havia lançado um clássico que revolucionou a indústria dos gêneros em Hollywood, 2001: uma odisséia no espaço. Logo, foi nesta época que a ficção científica ganhou força e os predominantes Western passaram a ser esquecidos aos poucos. Some isso ao fato de que a indústria dos Western já havia evoluído para o mais popular Western Spaghetti, gênero dominado por Sérgio Leone que trazia um velho oeste mais satírico e mais artístico, e temos que este Bravura Indômita é um filme fora de sua época.
     Após ter o pai assassinado brutalmente pelo próprio empregado, Tom Chaney, a jovem e inteligente Mattie Ross sai a procura do covarde assassino determinada a fazer justiça nem que seja com as próprias mãos. Para isso ela vai contratar o Agente Federal Rooster Cogburn que tem fama de ser impiedoso com fugitivos, mas ainda vai contar com a ajuda do Texas Ranger LaBoeuf que vem atrás do rastro de Chaney há algum tempo, e juntos ele embarcam nesta jornada a procura de vinganças e recompensas. 
     Embora fora de seu tempo, o filme trás elementos da decadência do western, como Rooster (Wayne) sendo julgado no começo do filme. Um jeito completamente diferente de apresentar um herói deste estilo, que normalmente é introduzido sobre seu cavalo, imponente e viril. Aqui o personagem é apresentado um velho alcoólatra sendo submetido as mesmas leis que os bandidos. A lei do herói que mata em nome da mocinha e acaba no final feliz termina, o estado, a civilização, agora chegaram ao velho oeste. 



     Trazendo uma "mocinha" nada convencional, que barganha e é esperta e tem o mesmo nível de coragem dos seus colegas homens, o filme trata principalmente da relação de amizade entre Rooster e Mattie (Kim Darby), provando que naquele tempo era preciso agir como homem para ser amigo de um. As tiradas bem humoradas ficam por conta da relação de disputa entre o Rooster e Laboeuf (Glen Campbell), que sempre em pé de guerra, não demoram em apresentar suas habilidades com o revólver.
     O filme se preocupa então em desenvolver essas relações que se tornam mais importantes do que a trama de vingança, sendo esta pano de fundo para que se crie estas relações. 



     Com uma trilha sonora que eu chamaria de otimista e aventureira, o filme observado dos tempos de hoje é a última cavalgada da velha guarda dos western, trazendo uma performance expressiva de Jhon Wayne e de Kim Darby, claro sempre levando em conta que naquela época as interpretações eram muito mais teatrais. Fiquei pessoalmente feliz em reconhecer Robert Duvall muito moço como o bandido Ned Pepper sem ajuda de ninguém.
     No fim Bravura Indômita chega a ter um final otimista em relação aos heróis cowboys, mesmo sendo um filme pequeno, tem sua relevância e vale ser assistido.

NOTA: 7/10

BRAVURA INDÔMITA 2010

TRAILER TRUE GRIT 2010


     Este é mais um filme dos irmãos Ethan e Joel Coen que chega já indicado ao Oscar de melhor filme, e outros nove. Baseado no Romance de Charles Portis, o que diferencia este exemplar do de 1969 é sem dúvida alguma a direção e roterização dos Coen que trazem a este novo longa o seu conhecido humor negro e caótico, no melhor de seu estilo nonsense.
     Pulando o prólogo que o antigo possuía, este novo filme, nos explica brevemente e de maneira mais soturna e sombria os fatos ocorridos para que a protagonista Mattie Ross saísse a procura do covarde Tom Chaney, tendo o resto da trama praticamente igual que a do exemplar de Hathaway tinha, com mudanças aqui e ali, mais significativas mesmo no epílogo, aqui sim mais desenvolvido que antes.



     Visualmente muito mais brutais e violentos os Coen não esitam em colocar uma cena de enforcamento muito preconceituosa logo no início da projeção, os dedos de um homem sendo cortados ou um homem  enforcado em uma árvore. Auxiliados de uma direção de arte competente e de uma mixagem de som certeira, o filme ganha muito mais realismo do que o longa de 69. Tecnicamente perfeito, o filme entrega um velho oeste mais frio e mais duro do que os que vimos nos longas dos anos 50 e 60. 
     Quanto as atuações, Haille Stenfeld entrega uma Mattie mais determinada e menos infantil que a de Kim Darbyl, fazendo valer sua sabia indicação a atriz coadjuvante (embora eu ache que ela não levará o prêmio) nunca se intimidando ao atuar ao lado de Bridges e Damon. Estes por sua vez estabelecem um química muito boa entre si e a garota Stenfeld. Jeff Bridges nos apresenta um Rooster soturno e letal, Enquanto Damon entrega um Laboeuf mais severo e menos atrapalhado do que o de Glen Campbell. Já Josh Brolin pouco tem a fazer com seu Tom Chaney, já que tanto no original quanto neste ele pouco aparece e fala ainda menos (erro de Portis e Hathaway e persistido aqui pelos Coen), mas o que faz, faz bem, longe do adolescente interpretado em os Goonies.  



     O longa trás a competência dos Irmãos Coen e suas sutilezas conhecidas, com cenas praticamente iguais as do longa original, mas com novas roupagens, o filme desenvolve menos a afetividade entre os personagens do que o antigo, tendo a busca de vingança da jovem Mattie mais enfoque aqui do que antes, com um final mais triste, decadente e solitário, típico dos Coen, o filme ainda trás um clima de aventura que nunca achega a se concretizar, é justo dizer que a sombra deste gênero esta lá, porque afinal de contas é o nome de Steven Spielberg que esta abaixo do título de produtor executivo. 
     Com uma fotografia belíssima (vide a cavalgada ao final da trama), com o humor característico dos Coen (vide a disputa de pontaria e o homem urso) e nunca deixando de ser um filme deles ao não abdicar da brutalidade visual, o filme é um longa exemplar que merece sua ótima bilheteria e todas as suas indicações dais quais talvez não saia vencedor em nehuma tendo em vista que O discurso do Rei, A Rede Social, A Origem, Cisne Negro entre outras produções estão no páreo também este ano, e não vão sair de mãos vazias. 
       

NOTA 8,5/10

Links relacionados:

http://www.cabinecelular.com.br/ procure pela crítica de bravura indômita.




DEZ REGRAS PRA SALVAR OS CINEMAS - SEGUNDO PABLO VILLAÇA

     Esta semana o conceituado crítico Pablo Villaça publicou em seu blog o Diário de Bordo uma postagem falando sobre as causas que estão levando a ida ao cinema ser cada vez mais rejeitada pelo público em geral. E fazendo melhor do que aqueles que só sabem reclamar, ele apresenta soluções para o problema, criando estas "Dez Regras Para Salvar os Cinemas". fica o Link ai pra quem quiser conferir, e vale apena conferir.

http://www.cinemaemcena.com.br/pv/BlogPablo/post/2011/02/24/Dez-Regras-para-Salvar-os-Cinemas.aspx

OSCAR 2011

     Na semana passada participei de um vídeo de um site chamado Cabine Celular que constantemente indico no final de minhas postagens. Maurício Saldanha comanda este site que consiste em gravar uma opinião de um filme assim que ele acaba, pra pegar a reação crua que o filme proporciona, seja esta boa ou ruim. Dentro do site há o Cabine Coletiva que é quando ele permite que outras pessoas participarem de um vídeo discutindo um filme ou um tema em torno de cinema. Na semana passada então o tema foi os palpites do Oscar 2011, do qual eu partipei, fiquem ai com alguns dos meus palpites.


     Só pra ficar claro, meus votos no vídeo foram:

MELHOR FILME: O Discurso do Rei
MELHOR ATOR: Colin Firth
MELHOR ATRIZ: Natalie Portman
MELHOR DIRETOR: David Fincher
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Geofrey Rush
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Melissa Leo
MELHOR FILME ESTRANGEIRO: Biutiful
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: A Origem
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: A Rede Social
MELHOR DOCUMENTÁRIO: Lixo Extraordinário

E claro não esqueçam de acessar o Cabine Celular:

http://cabinecelular.com.br/

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O RITUAL

TRAILER THE RITE LEGENDADO HD

              
     Pouco tenho a falar deste fraco O Ritual, um exemplar de filme de terror ou suspense que não me marcou de nenhum jeito a não ser pelo prazer de ver Anthony Hopkins Atuando tão a vontade como há tempo não o fazia.
     O filme conta a história de Michael Kovak (Colin O'Donoghue) um rapaz que deseja se tornar padre (mais pra fugir da sua rotina de preparar mortos na funerária com o pai do que por qualquer outra coisa), mas é no meio do curso que se descobre um cético e tenta desistir, é quando lhe é dado uma oportunidade de acreditar. Michael é mandado para Roma onde fará um curso de especialização em exorcismos com um tal de padre Xavier (Ciarán Hinds) que logo o encaminha para ser pupilo do melhor exorcista de Roma, o Padre Lucas Trevant (anthony Hopkins). Enquanto acompanha o Padre nas suas consultas rotineiras de exorcismos por Roma, Michael se aproxima de uma jornalista que deseja escrever uma matéria sobre o assunto e que esta especialmente interessada nos casos do padre Lucas, esta é Angeline (Alice Braga). 
   

      O que já é esperado destes filmes esta lá, suspenses, sustos, aparições sobrenaturais, fotografia muito escura e azulada, e etc. O filme que até que começa bem acaba tendo um final nada impactante pouco criativo, como se tivessem uma boa idéia pro começo e fosse um "fardo" ter que terminar a história.  
     Michael Hafström cumpre o seu papel atrás das câmeras e nos traz uma direção competente, sem exageros e inovações de ângulos, mas sem cair nos clichês de sustos atrás das portas ou refletidos em espelhos.


     Como disse no começo o que mais me marcou no filme foi ver Anthony Hopkins atuando tão a vontade, fazendo papel de louco e desregrado ele se sai muito bem, sempre contido só se agitando quando o papel pede, encobrindo a performance fraca do ator que interpreta o protagonista, Colin O'Donoghue . Alice Braga se sai bem e não faz feio pro Brasil atuando ao lado de Hopkins mantendo a linha e não fazendo careta. 
     No fim, o filme é um bom exemplar do gênero por ser bem dirigido e trazer Hopkins a sua área de segurança, embora possua um final fraco e muito comercial e uma história não muito interessante. 


NOTA 6/10




terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O DISCURSO DO REI

      TRAILER THE KING'S SPEECH HD


            Sabe o que é entrar em uma sala de cinema e durante aproximadamente 120 minutos ser totalmente encantado e cativado por um filme? Não porque ele tem uma história cheia de mistérios, milhares de efeitos especiais em cenas de ação inusitadas ou um monte de metáforas cinematográficas a serem analisadas, e sim pela composição mais básica de um roteiro, pelo elemento chave e fundamental para qualquer história que se conte. Personagens.
Começo dizendo então, que este é um filme de personagens, onde eu pessoalmente não me importaria se eles ficassem dialogando em uma única cena até o final do filme. E um filme que trata sobre diálogo não poderia se sair melhor neste quesito, já que são os ótimos diálogos que movem a história. Entre um e outro conhecemos então, a história do Duque de York (Colin Firth que levará o Oscar este ano merecidamente), o filho caçula do Rei George V (Michael Gambon o Dumbledore de Harry Potter ) que tem problemas com a fala, sempre gaguejando muito. Sempre apoiado por sua esposa Elizabeth (Helena Bonham Carter que venceu o BAFTA de atriz coadjuvante o que me deixa em dúvida se Leo levará este ano ou ela) o Duque consulta os mais indicados e mais referenciados médicos da nobreza especializados em problemas de fala, mas nenhum infelizmente consegue fazê-lo perder a gagueira. É então que Elizabeth encontra um anuncio nos jornais e vai ao encontro deste homem (que trata problemas de fala com meios nada ortodoxos) de classe média que atende somente em seu simples escritório na cidade, um homem comum, mas muito bem indicado por seus pacientes que sempre saem curados da fala, Lionel Logue (Geoffrey Rush o Capitão Barbosa de Piratas do Caribe). A partir daí o Duque começa a se consultar discretamente com Lionel começando uma amizade entre o simples homem de fala certeira e o sangue Real de fala gaga. No decorrer da história, o Rei George V morre deixando o trono para o filho mais velho Edward VIII (Guy Pearce) que logo abdica do cargo passando-o ao irmão o Duque de York que passa a ser George VI que, também logo, enfrentará o período da segunda guerra e terá de fazer muitos discursos para o povo Inglês, e é claro que isto aumenta a necessidade de que este novo Rei consiga falar sem gaguejar diante de seu povo.


UFA! Dada a sinopse do filme, podemos começar a elogiá-lo. P#T@ Q#$ PARIU!!!! Como eu disse antes, é um filme sobre personagens, e esses personagens não seriam nada se não fosse o excelente roteiro, dinâmico e sem nunca ter momentos "vamos passar pra próxima cena?" em que cada frame é um presente a parte! Os diálogos rápidos, inteligentes, ácidos e humorados entre o trio protagonista são de pregar na cadeira, seja devido ao nível de atuação destes ótimos atores seja pela Química insolúvel criada entre eles, e que Química! Ver Geoffrey Rush tão à vontade no papel de Lionel não seria nada se este não reconhecesse o desconforto de "Bertie" (apelido carinhoso dado por Lionel ao Duque) na interpretação fantástica de Colin Firth. E falando nele façamos uma analise:
Colin está inegavelmente genial como o Duque de York, passando toda a angustia do personagem -que tem a voz presa na garganta e não consegue libertá-la- através da expressão corporal e de olhares pesados. Helena, fora de seu campo de atuação (já que não tem que interpretar nenhuma personagem maluca ou desvairada como sempre faz) se sai muito bem interpretando a gentil e polida Elizabeth, passando toda a sensibilidade da personagem que tem que apoiar o marido e não deixá-lo desistir nunca, mantendo uma mulher forte na tela. Guy Pearce e Michael Gambon cumprem bem suas rápidas aparições, assim como Timothy Spall na pele do caricato Winston Churchill. Mas enquanto vemos um bracinho levantado de uma maneira familiar em Helena, uma postura e uma entonação já conhecida de Gambon ou uma cara sabidamente pertencente à Spall, temos em Geoffrey Rush o típico coadjuvante que rouba a cena sempre que aparece na pele da interpretação genial de Lionel Logue, versátil e enérgico o personagem criado por Rush se move com exatidão pelo cenário sempre disparando falas rápidas e significativas. As melhores cenas do filme são aquelas em que Rush e Firth dividem sozinhos (a cena de um certo trono em que não se deve sentar é de arrepiar os pelos e me fez empoleirar na cadeira do cinema devido ao monstruosidade das atuações), cenas que fluem tão bem que te fazem pensar estar sentado ao lado deles compartilhando daquele momento.


A fotografia do filme, fria com enquadramentos angulosos (nem sei se esta palavra existe, e se existe é o que descreve perfeitamente o que quero dizer) sempre colocando em destaque algo ou alguém (principalmente os microfones, já que todo filme precisa de um antagonista, um vilão, aqui eles desempenham este papel). A direção de arte impecável cria cenários incríveis muito bem casados com cada momento do filme, assim como os figurinos. A trilha Pomposa e Bethoviana (outra palavra que não sei se existe) que fica a cargo de Alexandre Desplat, emerge e se ergue em momentos chave do filme e volta a sua discrição que embala a história mesmo que não notemos todas as sua sutilezas. Tom Hooper, este desconhecido diretor que nada fez de relevante antes está de parabéns pela produção fantástica! Assim como o roteiro de David Seidler que aliado a uma montagem constante nos prende, nos toca e nos submerge nesta história que vai deixar gostinho de "quero mais" na boca de muita gente!            
O Discurso do Rei é um filme que merece toda a atenção que lhe vem sendo dada e com certeza poderia levar o Oscar este ano pra casa sem deixar descontentes! Dinâmico, afiado, ácido e carismático acima de tudo, assistir ao filme é embarcar na Inglaterra do final dos anos trinta e começo dos anos quarenta durante duas horas, mas ainda mais que isto é embarcar em uma história de amizade como a de muitos clássicos por aí, amizades que só o bom cinema pode fornecer e só quem já foi realmente amigo de alguém, reconhecendo suas fraquezas e suas habilidades e juntos se apoiando, sabe como é. 


NOTA 8/10


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

BIUTIFUL


TRAILER BIUTIFUL 


     

     Sair de uma sessão de Biutiful e não sentir uma certa futilidade em nossas rotinas não é normal. O filme é um belo exemplar de uma "tragédia grega", mas sem nunca ser um dramalhão meloso ou nos pedir que nos apiedemos de seus personagens, e sim nos inserindo em suas duras rotinas por uma duração de aproximadamente 145 minutos, dos quais é impossível sair sem ao menos se sentir tocado com a obra.

     O filme (Espanhol / Mexicano pra constar...) conta a história de Uxbal, um pai separado que vive com seus dois filhos Ana e Mateo em um bairro pobre da cidade. Durante o dia o protagonista lida com negócios ilegais para sobreviver, entre cuidar de um ponto de "camelôs" e fornecer mão-de-obra imigrante não legalizada. É no meio desta rotina que descobrimos junto ao personagem que este possui câncer de próstata e deverá morrer dentro de poucos meses. Ele começa a correr pra juntar dinheiro de todas as formas que pode (para poder deixar a vida organizada e sem dívidas para seus filhos), enquanto lida com a ex-mulher alcoólatra -que trabalha como prostituta- e um irmão trambiqueiro. Eu avisei que era uma tragédia grega! Mas isso não tira mérito nenhum do filme que aprofunda a história deste personagem que teme acima de tudo ser esquecido pelos filhos assim como ele esqueceu o próprio pai.



     Os cenários muito sujos e urbanos criam o clima de desânimo e depressão presentes durante toda a exibição junto a uma fotografia "nublada", cinzenta que finaliza o peso da atmosfera do filme. Brutalmente visual o filme não teme em nos mostrar aquele mundo em decadência onde vive Uxbal, aliado da crueza é o roteiro que leva o filme sempre por situações realistas e impactantes, algumas que fazem a espinha congelar (vide o terrível e cruel momento em um certo porão).
    Javier Bardem interpreta com raiva e angustia dosadas este difícil personagem que passa por inúmeros conflitos para conseguir assegurar a vida de seus filhos depois que ele partir, enquanto, aos poucos, percebemos que ele vai deixando sua rotina e vai se entregando mais a seu destino e a sua família. O personagem quer que seus filhos possam ver as sutilezas e inesperadas belezas que o mundo de repente pode oferecer, como um bando de pássaros voar como numa dança sobre o céu de uma cidade poluída, ou a simples neve branca que se acumula nas montanhas. Um mundo torto, porém bonito, assim como o título do filme.
     No fim, Biutiful é um filme sobre separações e as barreiras entre as pessoas e aquilo que as une ou não, sobre a simplicidade dura do mundo real e aquilo que podemos achar de bom nele, sobre propagação de um ser através da lembrança que é a única coisa nossa que fica.
     O diretor Alejandro González Iñárritu tem em seu currículo filmes como "Amores Brutos", "21 Gramas" e "Babel" (dos quais eu só vi os dois últimos), e leva este aqui por sua longa duração sem nunca deixar cair a peteca!


NOTA: 10/10

P.S. Bardem merecia um Oscar, mas este ano já tem dono....kkkk

SANTUÁRIO

TRAILER SANCTUM LEGENDADO

CUIDADO! FILME BOMBA!



     Como já disse antes, não vi tudo de cinema nem sei tudo, mas qualquer um que saiba apreciar o humor de Tarantino, as metáforas de Aronofsky ou que goste muito de qualquer diretor ou profissional do cinema e aprecie suas sutilezas, sabe reconhecer um filme ruim! Aqui está a minha primeira "crítica bomba".
    
     Santuário conta a história de um garoto, Josh, filho de um perito em exploração de cavernas que está desbravando a maior e ainda mais desconhecida caverna que existe (em algum lugar em Guiné se não me engano). Josh que não se da bem com o pai, desce na caverna com uma equipe, que inclui o magnata ex-senhor "borracha" do quarteto fantástico (Ioan Gruffudd, oh nome esquisito!) para levar materiais para a equipe em que esta seu pai. Ai começa aquela história ( "vai da m&rd@!"), cai uma chuva torrencial que já tava prevista mas que todo mundo ignorou (Jurassic Park?), e lava a caverna de cima à baixo com o pessoal lá dentro. Daí eles tem que achar um caminho alternativo pra sair do lugar que de repente é cheio de armadilhas naturais.



     Embora os trailers não mostrem, o filme é sobre uma relação pai e filho (bem fail pra falar a verdade) já bem batida, do filho que não se entende com o pai porque este da mais valor a seu trabalho do que pra ele, mas que no fervor da situação vão ter que aprender a trabalhar juntos contra as forças da natureza e pessoas que vão se corrompendo durante o filme perante a situação.
     Com atuações que chegam a ser constrangedoras em certos momentos (vide a reação da equipe quando um de seus integrantes morre afogado ao vivo em frente a câmeras), o filme não tem personagens e sim estereótipos, os quais você marca um por um quem vai morrer no começo, no meio e no fim.
     Tenho vergonha de dizer que o intérprete do pai de Josh (Frank) é Richard Roxburgh o (pra mim) eterno "The Duke" de Moulin Rouge (um dos meus filmes favoritos), que no musical se saiu tão bem como o vilão caricato, aqui entrega uma cara de mal humor sem nunca realmente irritar, com cara de dor sem nunca realmente passar que "sente muito", enfim em uma atuação estática de "temos que sair daqui!". Nem vale citar muito a atuação horrorosa (no estilo "papai não me ama!") do jovem ator (só no papel...) Rhys Wakefield que interpreta Josh.
     Com um elenco horrível, um roteiro que pena pra não ser constrangedor (e pra terminar, pois o filme é demasiado comprido para sua qualidade), Santuário acaba não tendo nada de carisma em uma história batida e desinteressante cuja técnica (tanto por trás como na frente das câmeras) só o arrasta pra baixo.
     Nem o 3D salva esta produção que nem vale pagar mais caro, pois não proporciona nada na técnica que está super popular, conseguindo na verdade piorá-la com seus efeitos especiais "ChromaKey descarado". James Cameron tem que ser mais seletivo quanto aos filmes em que deixa colocar seu nome.



NOTA: 1/10

domingo, 13 de fevereiro de 2011

DARREN ARONOFSKY - E AS OBSESSÕES DE CADA DIA


     Com apenas 5 filmes na carreira, Darren Aronofsky já é um dos mais brilhantes diretores da atualidade. Começando com um projeto pequeno e patrocinado por amigos (PI), ele ganhou destaque com Requiem para um sonho, filme que traz o cantor Jared Leto, Jennifer  Connelly e Ellen Burstyn  como viciados em drogas e outras coisas. Depois de anos negociando finalmente com um orçamento reduzido ele traz Hugh Jackman e Rachel Weisz  em busca da vida eterna no emocionante Fonte da Vida. Mas é com o papa oscar (pelo menos assim me pareceu) O Lutador que ele finalmente ganhou destaque nas premiações. E agora com Cisne negro e com o em desenvolvimento The Wolverine, é que o diretor começa a ganhar o coração do publico também. 
     Acima já listei a ordem cronológica em que foram lançados os filmes, abaixo ponho os filmes na ordem em que eu vi, só não citando Cisne Negro que já tem uma crítica aqui e breve terá uma análise. 


O LUTADOR

     Mickey Rourke traz a decadência de um valentão típico dos anos oitenta, interpretando Randy um lutador  já velho que busca voltar ao hall da fama e sair do circuito independente e esquecido da luta livre. Ao mesmo tempo em que percebe que esta no fim da vida ele vai atrás de sua Filha com quem tem uma relação conturbada e de uma striper  (Marisa Tomei) também decadente. Sendo assim o filme nos da uma perspectiva da queda de um estrelato movido por violências e sensualidades do mundo underground. E a Obsessão por achar algo ainda pelo que viver após esta onda. 
     Aronofsky estréia aqui sua camera de mão seguindo o personagem que nos põe na visão do mesmo, sendo assim, nós temos sua perspectiva moral e física. E é assim que o diretor quer, que nós estejamos no lugar destes personagens, que sintamos o que eles sentem e assim participando da história que nos é contada. O verdadeiro cinema se faz assim, eu penso. Ponha o espectador pra viver a história que você esta contando e você já ganha o mundo!


REQUIEM PARA UM SONHO

     Na minha opinião uma das melhores retratações do mundo das drogas já feitas. O filme acompanha Harry e a mãe Sara (Jared Leto e Ellen Burstyn respectivamente) em seu caminho escuro através dos vícios de cada dia. Sara, conivente com os vícios do filho, é chamada para participar de seu programa de televisão favorito, para isso ela quer estar bonita e pretende entrar em um antigo vestido vermelho que tem, mas tera que emagrecer um pouco e parar com o vicío da "comilança" e tv o dia todo. Não conseguindo parar sozinha ela apela para um médico que lhe dê drogas para perder o apetite, e é assim que seus vícios entram em conflito, levando-a para um estado de total loucura. Enquanto isso, acompanhamos a história de Harry que junto com sua namorada (Jennifer Connelly) e seu amigo (Marlon Wayans ) pretende começar um negócio de drogas, não antes de se perderem em um mundo de alucinações e desgraça. A droga aqui é o fator que dá uma obsessão aos personagens confirmando a exploração do gênero, por diversos ângulos, do diretor. 




FONTE DA VIDA

     Contando três histórias diferentes (o que para alguns são três encarnações) , este emocionante drama fala da obsessão (novamente) na busca pela vida eterna. Contando a história de um conquistador espanhol (Hugh Jackman) do século XVI, que a pedido de sua rainha (Rachel Weisz) vai para o continente Americano em busca do que acredita ser o Éden, a fonte da vida eterna na terra. Enquanto isso acompanhamos a história de um cientista (Hugh Jackman) nos tempos atuais que procura pela cura do câncer para sua mulher que esta morrendo da doença. E também nos é contada a história de um cientista (seria astronauta?) do século XXVI que encontrou a solução da vida eterna em uma nebulosa para qual se dirige. No final Fonte da Vida é um filme sobre as buscas e obsessões e as vidas que elas nos custam. A visão mais otimista da obsessão que Aronofsky ja nos deu. Emocionante e tocante, não há como não refletir sobre os dilemas e questões existenciais levantadas pelo filme, que tem trilha e fotografia belíssimas.




PI

     Genial e asfixiante, é como eu descreveria esta obra inicial do talentoso diretor em questão. A história traz Max, um talentoso matemático que visa descobrir um padrão na bolsa de valores. Perseguido por uma Firma de Wall Street que quer o padrão tanto quanto ele, e por uma seita religiosa Judaica que deseja obter através dos códigos o nome de Deus, ele se vê cercado de um mundo preto e branco, claustrofóbico e mais delirante a cada passo que ele dá em direção a resposta.
     A obsessão de Max torna evidente o tema recorrente na filmografia de Aronofsky. A decadência física e psicológica do protagonista é mostrada como consequência de sua ambição, o levando a escolher entre a sanidade e saúde  e a conquista do objetivo. Frio e calculista o filme é um Thriller com uma fotografia adequada para seus custos e com uma trilha alucinante que te faz enlouquecer junto ao personagem. 


Links relacionados:

http://www.cinemacomrapadura.com.br/rapaduracast/?p=6116#comments   edoltada para uma biografia de Aronofsky
   

   

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CISNE NEGRO

TRAILER BLACK SWAN  HD
       


     Obsessão, OBSESSÃO! A loucura dos espelhos! A dualidade e os monstros que vivem dentro de nós, e a hora que temos de deixa-los sair! Porque encarar a vida com inocência não pertence a este mundo...

     São muitas as idéias e teorias (Sim! teorias!) que passam pela cabeça quando se sai de uma sessão de Cisne Negro, filme que tem de ser assistido no cinema por conta de toda a experiência que o audiovisual proporciona em uma sala escura. E procure ir sozinho ou acompanhado de alguém que esteja por dentro do mundo cinematográfico, melhor ainda, com alguém que esteja por dentro da carreira deste maravilhoso diretor, Darren Aronofsky. Para poderem discutir o filme (acredite você vai querer!) .
     O gênio por trás do claustrofóbico PI, do impactante Requiem para um sonho, do encantador e emocionante Fonte da vida e do ótimo e decadente O Lutador tem aqui o que na minha opinião é sua obra prima até então.   
     Na história somos apresentados a Nina Sayers uma jovem, dedicada e disciplinada bailarina que quer tentar o papel de Rainha Cisne em uma importante produção revista de "O Lago dos Cisnes". O problema é que Nina -criada por uma Mãe super protetora, a Assustadora Barbara Hershey - possui todas as características do cisne branco, virginal e inocente. Mas o que o Diretor desta produção Leroy (Vincent Cassel em uma atuação que merecia ter uma indicação de ator coadjuvante) quer é que ela interprete também o sedutor e traiçoeiro cisne negro. É ai que a paranóia começa. Nina passa a ser assombrada por visões que atormentam sua concentração. E tudo só piora com a entrada de Lily (Mila Kunis), uma nova bailarina que promete mexer com os nervos da protagonista. 



     Acompanhamos a paranóia de Nina ir em um crescendo de tirar qualquer um da cadeira, até chegar ao seu desfecho estrondoso. A fotografia crua do filme leva muitos méritos por usar de tons escuros e enquadramentos perfeitos e geniais, ainda mais em um filme em que há pelo menos um espelho em cada cena, sem nunca se preocupar em fugir deles, e sim em usa-los para contar a história.Clint Mansell da o tom perfeito com sua variação aterrorizante de Tchaikovsky. A rápida aparição de Winona Rayder como Beth bailarina que é substituída por Nina é marcante, e tem propósito de trazer a personagem para a realidade. 
     Aronofsky conduz esta obra de arte mostrando Nina deixando de ser o cisne branco para cada vez mais se tornar o cisne negro, Sendo sua transformação final uma das cenas mais lindas que já vi. Cena que vai entrar pra história do cinema como mais uma das antológicas. Cru e visceral o filme é o próprio ballet trazido para realidade assim como queria o personagem de Cassel, fazendo deste o alterego do diretor.
     O melhor se deixa para o final. Natalie Portman que dá vida a a Nina tem uma interpretação que dá alma ao filme. Juntos, nós e ela, enlouquecemos, deliramos e soltamos nosso Cisne Negro em busca da perfeição final. Trazendo a inocência e depois a loucura psicopata, nos fazendo chorar e depois tremer na poltrona, Portman com certeza merece o Oscar este ano.



NOTA: 10/10
     


     Breve farei uma analise quase que quadro a quadro do filme aqui. Mas fica ai minha crítica do filme por enquanto!

para outras opniões...

Links relacionados:

http://www.cinemacomrapadura.com.br/rapaduracast/?p=6116#comments  Edição voltada para a carreira de Aronofsky


O COMEÇO DA AULA...

OI, meu nome é Yuri e tenho 17 anos, desde já lhes previno que tenho um Português horrível !
Crio este blog porque a idéia me foi dada. Por uma Pessoa chamada Rebeca. Assim como muitos cinéfilos por ai, eu não vi tudo e não sei tudo sobre cinema, e é exatamente por isso que criei este espaço. Por isto ele se chama "CLASSE DE CINEMA". Pois aqui tudo que eu aprender e descobrir sobre cinema a partir de agora eu vou postar e comentar e vou querer comentários e discussões sobre. Vou publicar críticas de filmes que ver, analises em certos casos, deduções e tudo que vier a cabeça sobre o que estou aprendendo! este blog é pra todos que como eu ainda tem uma lista enorme de filmes ainda por ver! E quero que as pessoas participem e indiquem filmes clássicos, ou indispensáveis ou mesmo filmes que considerem bons, antigos e novos, cults e blockbusters! Eu estou aqui acima de tudo para aprender com vocês e passar adiante o que ja sei!