Julgando necessitar de longos e pouco inspirados
créditos inicias após quatro filmes onde eles não fizeram falta, Amanhecer
- Parte 2 parte exatamente do
ponto onde parou seu antecessor, dando continuidade ao primeiro dos cinco
filmes que apresenta um conflito para sustentar uma trama de quase duas horas.
Porém, mesmo que tão insosso quanto seus anteriores, este capítulo final
consegue ao menos dar certo ritmo de urgência a sua narrativa que mantém o
espectador distraído durante quase toda sua duração, chegando inclusive a um
clímax corajoso (pros padrões da série) que investindo no drama, perdas
importantes e performances cativantes ia concluindo de maneira no mínimo
interessante a suposta saga... Até que então, o longa resolve se auto-sabotar.
Após acordar como vampira, Bella (vocês sabem, Kristen Stewart) precisa
aprender a controlar seus novos dons enquanto cuida da pequena Renesmee (Que
antes de ganhar o rosto de Mackenzie Foy, é interpretada pela pior computação
gráfica existente), sua filha metade humana e metade vampira que cresce em um
ritmo muito acelerado. Mas quando a menina é ameaçada pelo clã dos
Volturi, liderados por Aro (Michael Sheen), que consideram a transformação de
uma criança em vampiro um crime, Edward (Robert Pattinson) e o resto da família
Cullen saem mundo a fora em busca de outros clãs aliados para testemunharem
perante os Volturi e assim, evitar uma batalha sangrenta... Ou não.
Novamente escrito por Melissa Rosenberg, o roteiro não se demora em
reapresentar algumas das regras que regem aquele universo, mesmo este sendo o
quinto filme! E assim, logo ouvimos outra vez que vampiros não dormem, brilham
no sol e possuem dons únicos cada um. Isso intercalado por alguns "eu te
amo" aqui e ali vindos do casal principal, claro. E se o texto torna Bella
ao menos uma personagem mais cativante agora que transformada em vampira, dá
algumas boas piadas para Edward que surge (finalmente!) mais descontraído e
divertido e até evita momentos em que Jacob tenha de tirar a camisa (o que
milagrosamente acontece apenas uma vez em toda a projeção), por outro lado
falha miseravelmente na conclusão de sua trama.
Sabendo explorar a tensão e até mesmo criando diálogos interessantes, o
clímax escrito por Rosenberg, (provavelmente adaptado à risca do texto original
de Meyer) é habilidoso ao criar uma crescente emocional nos momentos que
precedem a grande batalha final, dando espaço para atores como Michael Sheen
acrescentarem algo ao filme. Sheen, aliás, é o de longe o ponto alto do longa,
e nesta cena especificamente, é divertido ver como o ator entende a galhofa na
qual está metido, interpretando Aro de maneira extrovertida e caricata, basta
notar o jeito como pronuncia o nome da heroína Bella, se demorando no
"ll" para deixar a língua de fora como se zombasse, ou mesmo a
gargalhada infantil e débil que produz ao notar os batimentos cardíacos da
pequena Renesmee. Porém, decididas a abortarem o bom desempenho que seu clímax
vinha tomando, Meyer e Rosenberg entregam um dos recursos mais pobres e
covardes da história do cinema, praticamente plagiando o início de Premonição ao mesmo tempo em que vai estapeando o
seu espectador no rosto com um final, que sem palavras melhores para ser
descrito, pode ser chamado de "broxante".
E sabendo que desgraça pouco é piada, o filme ainda comete a introdução
de um personagem de extrema importância para a trama nos seus minutos finais e em meio ao clímax. Surgindo de maneira risível do meio da floresta para dar a
solução final ao embate entre heróis e vilões, o personagem só não possui
tatuado "Deus Ex-machina" no peito nu, por uma rara crise
de sutileza de seus realizadores. E mesmo empregando os recursos mais pedestres
existentes no roteiro, o filme ainda consegue o feito de terminar cheio de
pontas soltas... Afinal, que houve com a trama dos passaportes? E os dois
vampiros estrangeiros sedentos por vingança? E os Volturi, depois de dois
filmes buscando por alguma coisa, desistiram assim? E Charlie, nunca ficou
sabendo sobre Bella? E a mãe dela, o que houve com ela? Hein?
Ainda sim, o filme possui alguns bons momentos, como o que Bella se
enfurece com Jacob por este ter tido um imprinting (outro nome para pedofilia)
com sua filha, ou aquele no qual o jovem lobisomem se revela para Charlie em
uma cena cheia de segundas interpretações. Momentos que são poucos e que
infelizmente não nos fazem esquecer ou não perceber furos e absurdos da trama.
Afinal, como o gás paralisante expelido por Alec fazia efeito em outros
vampiros sendo que estes eram incapazes de inalar? Ou como depois de ver a neta
com apenas algumas semanas de vida e já possuindo o corpo de uma menina de sete
anos, Charlie pode comentar "como você cresceu!" apenas? E isso
sem contar que depois de cinco filmes se mostrando totalmente devoto a sua
amada, custe o que custar, Edward resolva ter uma breve crise (ou um breve
momento de lucidez, não?) e questionar o quanto ele está disposto a sacrificar
por Bella.
Terminando de maneira tão óbvia quanto o possível, Amanhecer - Parte 2 ainda deixa na memória os terríveis
efeitos visuais que contam com Lobos sem escala alguma, que em uma cena são
maiores que um homem e na outra mais baixos que Bella, fundos terrivelmente
falsos e as corridinhas tolas dos vampiros que jamais deixam de soar como um
daqueles momentos acelerados dos filmes de Buster Keaton, o que é no mínimo
vergonhoso para um filme que conta com um orçamento deste. Somando a isso a
personagem de Dakota Fanning que não pronuncia uma única palavra durante todo o
filme e a trilha genérica de Carter Burwell, a tal "saga" Crepúsculo
de despede sem deixar saudades, momentos marcantes ou mesmo um final aceitável,
se mostrando preguiçosa até seu último segundo. O importante é que enfim,
acabou.
NOTA: 4/10
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