quinta-feira, 29 de novembro de 2012

AMANHECER - PARTE 2



     Julgando necessitar de longos e pouco inspirados créditos inicias após quatro filmes onde eles não fizeram falta, Amanhecer - Parte 2 parte exatamente do ponto onde parou seu antecessor, dando continuidade ao primeiro dos cinco filmes que apresenta um conflito para sustentar uma trama de quase duas horas. Porém, mesmo que tão insosso quanto seus anteriores, este capítulo final consegue ao menos dar certo ritmo de urgência a sua narrativa que mantém o espectador distraído durante quase toda sua duração, chegando inclusive a um clímax corajoso (pros padrões da série) que investindo no drama, perdas importantes e performances cativantes ia concluindo de maneira no mínimo interessante a suposta saga... Até que então, o longa resolve se auto-sabotar.


     Após acordar como vampira, Bella (vocês sabem, Kristen Stewart) precisa aprender a controlar seus novos dons enquanto cuida da pequena Renesmee (Que antes de ganhar o rosto de Mackenzie Foy, é interpretada pela pior computação gráfica existente), sua filha metade humana e metade vampira que cresce em um ritmo muito acelerado. Mas quando a menina é ameaçada pelo clã dos Volturi, liderados por Aro (Michael Sheen), que consideram a transformação de uma criança em vampiro um crime, Edward (Robert Pattinson) e o resto da família Cullen saem mundo a fora em busca de outros clãs aliados para testemunharem perante os Volturi e assim, evitar uma batalha sangrenta... Ou não.


     Novamente escrito por Melissa Rosenberg, o roteiro não se demora em reapresentar algumas das regras que regem aquele universo, mesmo este sendo o quinto filme! E assim, logo ouvimos outra vez que vampiros não dormem, brilham no sol e possuem dons únicos cada um. Isso intercalado por alguns "eu te amo" aqui e ali vindos do casal principal, claro. E se o texto torna Bella ao menos uma personagem mais cativante agora que transformada em vampira, dá algumas boas piadas para Edward que surge (finalmente!) mais descontraído e divertido e até evita momentos em que Jacob tenha de tirar a camisa (o que milagrosamente acontece apenas uma vez em toda a projeção), por outro lado falha miseravelmente na conclusão de sua trama.


     Sabendo explorar a tensão e até mesmo criando diálogos interessantes, o clímax escrito por Rosenberg, (provavelmente adaptado à risca do texto original de Meyer) é habilidoso ao criar uma crescente emocional nos momentos que precedem a grande batalha final, dando espaço para atores como Michael Sheen acrescentarem algo ao filme. Sheen, aliás, é o de longe o ponto alto do longa, e nesta cena especificamente, é divertido ver como o ator entende a galhofa na qual está metido, interpretando Aro de maneira extrovertida e caricata, basta notar o jeito como pronuncia o nome da heroína Bella, se demorando no "ll" para deixar a língua de fora como se zombasse, ou mesmo a gargalhada infantil e débil que produz ao notar os batimentos cardíacos da pequena Renesmee. Porém, decididas a abortarem o bom desempenho que seu clímax vinha tomando, Meyer e Rosenberg entregam um dos recursos mais pobres e covardes da história do cinema, praticamente plagiando o início de Premonição ao mesmo tempo em que vai estapeando o seu espectador no rosto com um final, que sem palavras melhores para ser descrito, pode ser chamado de "broxante".


     E sabendo que desgraça pouco é piada, o filme ainda comete a introdução de um personagem de extrema importância para a trama nos seus minutos finais e em meio ao clímax. Surgindo de maneira risível do meio da floresta para dar a solução final ao embate entre heróis e vilões, o personagem só não possui tatuado "Deus Ex-machina" no peito nu, por uma rara crise de sutileza de seus realizadores. E mesmo empregando os recursos mais pedestres existentes no roteiro, o filme ainda consegue o feito de terminar cheio de pontas soltas... Afinal, que houve com a trama dos passaportes? E os dois vampiros estrangeiros sedentos por vingança? E os Volturi, depois de dois filmes buscando por alguma coisa, desistiram assim? E Charlie, nunca ficou sabendo sobre Bella? E a mãe dela, o que houve com ela? Hein?


     Ainda sim, o filme possui alguns bons momentos, como o que Bella se enfurece com Jacob por este ter tido um imprinting (outro nome para pedofilia) com sua filha, ou aquele no qual o jovem lobisomem se revela para Charlie em uma cena cheia de segundas interpretações. Momentos que são poucos e que infelizmente não nos fazem esquecer ou não perceber furos e absurdos da trama. Afinal, como o gás paralisante expelido por Alec fazia efeito em outros vampiros sendo que estes eram incapazes de inalar? Ou como depois de ver a neta com apenas algumas semanas de vida e já possuindo o corpo de uma menina de sete anos, Charlie pode comentar "como você cresceu!" apenas? E isso sem contar que depois de cinco filmes se mostrando totalmente devoto a sua amada, custe o que custar, Edward resolva ter uma breve crise (ou um breve momento de lucidez, não?) e questionar o quanto ele está disposto a sacrificar por Bella.


     Terminando de maneira tão óbvia quanto o possível, Amanhecer - Parte 2 ainda deixa na memória os terríveis efeitos visuais que contam com Lobos sem escala alguma, que em uma cena são maiores que um homem e na outra mais baixos que Bella, fundos terrivelmente falsos e as corridinhas tolas dos vampiros que jamais deixam de soar como um daqueles momentos acelerados dos filmes de Buster Keaton, o que é no mínimo vergonhoso para um filme que conta com um orçamento deste. Somando a isso a personagem de Dakota Fanning que não pronuncia uma única palavra durante todo o filme e a trilha genérica de Carter Burwell, a tal "saga" Crepúsculo de despede sem deixar saudades, momentos marcantes ou mesmo um final aceitável, se mostrando preguiçosa até seu último segundo. O importante é que enfim, acabou.


NOTA: 4/10

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