No elenco de vozes de Os Boxtrolls constam nomes como Bem Kingsley,
Jared Harris, Nick Frost, Toni Collete, Elle Faning e Simon Pegg. Além disso, o
filme produzido pela mesma Laika Enterteiment do bom Paranorman e do excepcional Coraline,
entrega mais um projeto dotado de um design de produção espetacular. Já o
roteiro, deixa o terreno preparado para uma madura discussão sobre o tema “todo
tipo de família”, que em tempos onde homens como Levy Fidelix ainda podem
realizar seus discursos de ódio em rede nacional sem sofrerem quaisquer
punições, seria de suma importância principalmente em um filme voltado para crianças.
Porém, Os Boxtrolls prefere mesmo é
se manter infantil como parte de seu público alvo, ao invés de um produto de
arte voltado para o mesmo; ainda soa tolo, ingênuo, aborrecido e de quebra,
covarde. Era, no fim das contas, muito melhor como trailer do que como filme.
Uma pena. Desde os primeiros
minutos o longa deslumbra com sua técnica em stop motion. A caverna concebida para ser o lar dos tais boxtrolls é
particularmente bem elaborada, com centenas de lampadinhas que simulam um céu
noturno. Além disso, é inventiva a ideia de nomear os personagens através dos
rótulos escritos nas caixas que vestem. Mais sutil e pouco explorado como
símbolo ideológico – uma das partes em que o roteiro prefere ficar apenas à
margem do assunto - são os chapeis que parecem definir a posição social dos
cidadãos. Vermelhos, aparentemente, são aqueles de uma classe social mais
baixa, enquanto os brancos são reservados apenas à elite local. Qualquer
semelhança com a cor oficial de inúmeros partidos e movimentos de esquerda e
trabalhista, e a cor que representa o tom de pele da maioria esmagadora de
quase qualquer elite capitalista no planeta, é mera coincidência.
Pois o longa-metragem se propõe a
contar a história de Arquibaldo Surrupião (Kingsley), um chapéu vermelho que
deseja acima de tudo vestir um branco e sentar-se na salinha de provar queijos
dos ricaços para, enfim, provar queijo como os ricaços fazem. Para isso, ele se
propõe a capturar e matar todos os tais boxtrolls. Assim, somo levados a
conhecer Ovo (Isaac Hempsted Wright), um menino humano que foi criado entre as
pequenas e amáveis criaturas, e que vai lutar para defendê-las.
Não é que seja ruim (apesar de
estar fortemente tentado a dizer que é), mas as piadas envolvidas são bobas
demais, e já cansei de discursar aqui o fato de que: um filme ser infantil não
implica em ter de ser bobo e raso. Há inúmeros exemplos de animações fortes,
densas e complexas, que conseguem igualmente cativar as crianças e os adultos
que tem uma idade mental diferente destas. Mas o que torna difícil sentenciar
boxtrolls é realmente o seu carisma e técnica. Apesar de tolo, é impossível não
se afeiçoar aos tais trolls que vestem caixas, assim como torna-se obrigatório
elogiar suas concepções visuais – eu já falei como é linda a caverna dos
boxtrolls? Até mesmo ao subirem os créditos, o que os acompanha é uma longa ilustração,
paralelamente sombria e fantasiosa, retratando aquele mundo que acabamos de acompanhar.
Aliás, durante esses créditos também há, como havia em Paranorman, uma “piada” extra envolvendo o processo de animação do
filme.
NOTA: 4/10
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