Enquanto assistia a este 300 - a Ascensão do Império, me lembrava
de todos os enquadramentos, falas e personagens icônicos que me foram apresentados
pelo filme de Zack Snyder, isso porque aqui todos estes feitos são celebrados e
retomados pela trama, que se passa antes, durante e depois dos acontecimentos
de 300. Mas, com exceção da vontade que
desperta de se rever o longa anterior, e da personagem de Eva Green, é difícil
achar demais motivos para se lembrar desta continuação, que investe tempo e energia
demais em função da obra original, esquecendo-se assim de encontrar a própria
identidade.
O sangue, que antes também
existia em quantidades absurdas, mas propositalmente gore, agora não parece mais jorrar dos ferimentos e sim brotar das
espadas que os desferem, um efeito estranho que chama demasiada atenção para si
mesmo e que, assim como todo o resto, repetido ao extremo, acaba tornando-se
tedioso depois de um tempo. O uso da câmera é outro agravante, se Snyder criava
belos enquadramentos sempre que possível e o slow motion apesar de bastante
usado era justificado pelos momentos impactantes que exibia, ao passo em que
também criava belíssimas imagens, aqui raros são os momentos que podem ser
admirados por sua beleza, e inexistentes aqueles em que a câmera lenta tem
algum propósito, já que parece surgir aleatoriamente durante a projeção, nunca
criando imagens tão icônicas quanto a de dezenas de homens despencando de um
penhasco, a ponta de um chicote estalando no ar ou um rei metendo o pé no meio
do peito de um mensageiro antes deste despencar escuridão a dentro.
Tentando obviamente transformar
Themistokles (Sullivan Stapleton) em um novo Leônidas, ainda que este primeiro
jamais demonstre uma fração do carisma do último, Murro conduz uma história
fraca e sem fôlego que se dilui em subtramas políticas e paralelas de
personagens secundários desinteressantes, isso em um arco já truncado que peca ao tentar
justificar demais o primeiro filme enquanto simplesmente abandona a tentativa
de contar uma história própria. Ok, ele tem sim uma história em volta das batalhas das Termópilas, mas novamente, esta parece existir prioritariamente em função daquela envolvendo os 300 espartanos. E note que eu nem citei Rodrigo Santoro como Xerxes, que antes um vilão cativante, agora um pau mandado silencioso, que mal
abre a boca durante o filme e pouco tem importância o que tem a dizer, algo que
não só prejudica esta continuação como também o longa anterior, uma vez que o
roteiro desmente toda a imponência do antagonista e ainda enfraquece o ato
final de Leônidas ao mostrar que nada daquilo afetou o grande Rei-Deus, que o
agora já falecido espartano havia provado antes ser apenas, enfim, “rei”.
Salvando-se assim graças a Eva
Green, que parece divertir-se no papel de Artemisia, esta continuação é tão
insossa que precisa nos lembrar de uma cena que aconteceu apenas minutos antes,
investindo em um longo flashback para remontar uma sequência que já havíamos
assistido; não sei se levo como uma ofensa a minha inteligência, ou como uma
tentativa desesperada de Murro de nos ater a trama, porém, seria ruim de
qualquer forma, assim como o resto do filme.
NOTA: 3/10
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