sábado, 8 de março de 2014

300 - A ASCENSÃO DO IMPÉRIO



Enquanto assistia a este 300 - a Ascensão do Império, me lembrava de todos os enquadramentos, falas e personagens icônicos que me foram apresentados pelo filme de Zack Snyder, isso porque aqui todos estes feitos são celebrados e retomados pela trama, que se passa antes, durante e depois dos acontecimentos de 300. Mas, com exceção da vontade que desperta de se rever o longa anterior, e da personagem de Eva Green, é difícil achar demais motivos para se lembrar desta continuação, que investe tempo e energia demais em função da obra original, esquecendo-se assim de encontrar a própria identidade.

 Claro que seria difícil simplesmente abandonar o estilo de Snyder, com seus cenários, fotografia e movimentos de câmera digitais, que percorrem em travellings cenários de batalha detendo-se em slow motion por alguns instantes em detalhes de uma luta corporal, só para voltar aos normais 24 fps logo após enquanto retoma a exploração do cenário caótico do embate. O filme de 2006 era isso, seus personagens exageradamente musculosos e vestidos apenas com capas e sungas sobreviviam ao julgamento do espectador graças a esta abordagem estética, seus feitos heroicos e humanamente impossíveis eram digeríveis devido à visão quase onírica do cineasta. Porém, aqui o diretor Noam Murro claramente desentende esta proposta, e, desesperado em não deixar aquela estilização escapar de seu filme, abusa de seu emprego, e o faz mal.

O sangue, que antes também existia em quantidades absurdas, mas propositalmente gore, agora não parece mais jorrar dos ferimentos e sim brotar das espadas que os desferem, um efeito estranho que chama demasiada atenção para si mesmo e que, assim como todo o resto, repetido ao extremo, acaba tornando-se tedioso depois de um tempo. O uso da câmera é outro agravante, se Snyder criava belos enquadramentos sempre que possível e o slow motion apesar de bastante usado era justificado pelos momentos impactantes que exibia, ao passo em que também criava belíssimas imagens, aqui raros são os momentos que podem ser admirados por sua beleza, e inexistentes aqueles em que a câmera lenta tem algum propósito, já que parece surgir aleatoriamente durante a projeção, nunca criando imagens tão icônicas quanto a de dezenas de homens despencando de um penhasco, a ponta de um chicote estalando no ar ou um rei metendo o pé no meio do peito de um mensageiro antes deste despencar escuridão a dentro.

Tentando obviamente transformar Themistokles (Sullivan Stapleton) em um novo Leônidas, ainda que este primeiro jamais demonstre uma fração do carisma do último, Murro conduz uma história fraca e sem fôlego que se dilui em subtramas políticas e paralelas de personagens secundários desinteressantes, isso em um arco já truncado que peca ao tentar justificar demais o primeiro filme enquanto simplesmente abandona a tentativa de contar uma história própria. Ok, ele tem sim uma história em volta das batalhas das Termópilas, mas novamente, esta parece existir prioritariamente em função daquela envolvendo os 300 espartanos. E note que eu nem citei Rodrigo Santoro como Xerxes, que antes um vilão cativante, agora um pau mandado silencioso, que mal abre a boca durante o filme e pouco tem importância o que tem a dizer, algo que não só prejudica esta continuação como também o longa anterior, uma vez que o roteiro desmente toda a imponência do antagonista e ainda enfraquece o ato final de Leônidas ao mostrar que nada daquilo afetou o grande Rei-Deus, que o agora já falecido espartano havia provado antes ser apenas, enfim, “rei”.


Salvando-se assim graças a Eva Green, que parece divertir-se no papel de Artemisia, esta continuação é tão insossa que precisa nos lembrar de uma cena que aconteceu apenas minutos antes, investindo em um longo flashback para remontar uma sequência que já havíamos assistido; não sei se levo como uma ofensa a minha inteligência, ou como uma tentativa desesperada de Murro de nos ater a trama, porém, seria ruim de qualquer forma, assim como o resto do filme.


NOTA: 3/10




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