Não há nada de novo nesta versão dirigida
por Kenneth Branagh da gata borralheira. Nenhuma revisão moderna do conto ou da
animação original da Disney. O roteiro não ousa e, portanto, não surpreende.
Porém, dentro de sua condução extremamente correta, Cinderela agrada principalmente por representar uma revisita
tecnicamente impecável a história da moça do sapatinho de cristal.
Óbvio, o roteiro de Chris Weitz
também não ignora os tempos em que vivemos, e ao convocarem a donzela
misteriosa para comparecer ao castelo, os guardas anunciam ao povo “...onde, se quiser, ela deverá se casar com o
príncipe”. Assim como a mensagem final tem mais haver com aceitação da mulher
como ele é, sem a maquiagem (literal e social), do que realmente com um
sapatinho se encaixar ou não no pé de alguém. A vilã ser uma mulher também não
ajudaria muito, mas Cate Blanchet tira a carapuça de carrasco conservador da
Lady Tremaine do desenho e impõe uma que tem mais relação com suas própria
vaidades e ambições, condenando a personagem e não um tipo.
Aliás, Blanchet é um dos dois
grandes acertos de Cinderela;
divertidamente má, a antagonista admite, sem deixar de esboçar um sorriso no
rosto, um “sim”, quando lhe perguntam se ela está fazendo uma ameaça. Se a
atriz tem uma queda para o over quando se trata de drama, é inegável que também
não se iniba muito quando tem a liberdade de ser caricata, vide a sua Irina Spalko
em Indiana Jones. Branagh, que
normalmente tem um estilo marcante, aqui apenas uma vez torce o seu ângulo de
filmagem, mantendo-se imperceptível atrás das câmeras no restante do tempo,
enquanto outros antigos colaboradores seus fazem suas participações aqui e ali,
como Helena Bonham Carter (esteve em Frankenstein
de Mary Shelley, do diretor), Stellan Skarsgård (em Thor) e o compositor Patrick Doyle (em vários filme dele).
O segundo triunfo do
longa-metragem, claro, é o design de produção, assinado por ninguém mais ninguém
menos do que Dante Ferretti – três vezes vencedor merecido do Oscar na
categoria – que estonteia com a grandiosidade e beleza de suas criações, do
salão de festas até o sótão onde vive a protagonista, passando pela carruagem
dourada. Se não estivéssemos recém no começo do ano, Ferretti seria a minha
aposta para as principais premiações.
NOTA: 8/10
Eu me senti um pouco curta-metragem, acho que porque várias cenas foram tratados muito rápido. Vou ver agora na programação HBO porque realmente gostei muito. Os sapatos são incríveis e não mencionar o vestido.
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