terça-feira, 5 de junho de 2018

CRÍTICA: ROXANNE ROXANNE


A música que vem da periferia não costuma se ater à técnica ou métrica culta. À primeira ouvida, é rejeitada pela classe média e a mídia hegemônica - é o que apontam estudos na área. Etnografias musicais reconstroem a história do Blues, do Jazz, do Samba e do Pagode, e percebem que hoje o processo se repete com o Funk e o Hip-Hop. Esses gêneros se baseiam no improviso, em instrumentos acessíveis e na “simplicidade”. Quem vem da periferia normalmente não tem condições ou acesso à educação musical. Se quer cantar e tocar, busca na realidade a inspiração, sonoriza isso com o que tem à mão (é normal que sejam instrumentos sintéticos e eletrônicos, que podem ser improvisados num computador, em equipamentos comuns, ou mesmo na base do Beat Box) e divulgar no boca a boca, pelo seu canal do Youtube, na página do Facebook, etc. Nesse contexto, a história da rapper Roxanne Shante (Chanté Adams) é similar a de vários funkeiros oriundos de alguma favela no Brasil. Embora a cinebiografia Roxanne Roxanne não represente uma grande realização cinematográfica, ela é certeira ao ressaltar como esses elementos pessoais e cotidianos da cantora resultam diretamente na sua obra e no modo como ela se propaga e é ouvida. Essa crítica está publicada inteira no Papo de Cinema.

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