Recentemente estreou no Brasil o filme A Árvore da Vida, de Terrence Malick. Na sexta feira de estréia, com muita expectativa eu fui assisti-lo, sabendo de que se tratava de um filme do diretor e conhecendo seu estilo. Não me decepcionei, pois o filme é ótimo, é dez. Porem, uns dias depois, leio no jornal a coluna do David Coimbra, colunista há anos do jornal Zero Hora, que falava sobre nada mais nada menos que o filme em questão. E falava mal. Embora eu tenha ficado irritado pelo fato do autor do artigo ser alguém que óbviamente desconhece de cinema, e pelo seu "tom", ter visto o filme já esperando que fosse algo ruim, deixei passar. Afinal, como o texto é fraco e sem embasamento, logo não me importava a opinião de uma pessoa que não só não entendia nada do assunto, mas que também não estava afim de ver o filme quando o fez. Mas os problemas estavam apenas começando.
Ao discutir com outras pessoas -não só sobre este filme, mas sobre Melancolia do Lars Von Trier também- descobri que muitas delas não apreciaram os filmes como eu, o que não foi surpresa. Mas ao deparar com os argumentos de algumas delas, meu pensamento retomou imediatamente o texto horrível de Coimbra.
"O filme é aberto, não tem resposta!"
"Sentei de boa vontade para vê-lo, esperando que algo me tocasse no filme, que ele me insinuasse algo! Nada aconteceu..."
"O roteiro é raso, fica jogando perguntas clichês na tela e nunca chega a lugar algum!"
"filme triste não é sinônimo de filme profundo."
"é raso, longo e nunca se responde!"
Quando falei do filme de Malick na minha crítica, salientei que não era um filme fácil, assim como no texto sobre Melancolia. Ver as pessoas tentando achar um sentido nos filmes, analisando-os, interpretando-os e mesmo assim não gostando dos mesmos, é uma coisa. Agora ver pessoas que nem ao menos tentaram, que simplesmente sentaram e esperaram que os filmes as tocassem, e que não gostaram dos longas também, é outra bem diferente. Respeito os gostos pessoais de cada um, mas não é isso que tenho visto como motivo dos maus comentários acerca destes filmes, e sim! Tenho visto é muita preguiça de tentar entendê-los.
Por isso ai vai...
Assistir a um filme é, ou deveria ser, uma relação recíproca. Onde de um lado temos o espectador, assistindo ao filme e buscando nele o entendimento de sua trama. E do outro, o filme em si, que se exibe para o espectador fornecendo a ele as informações de que ele precisa para entendê-lo. A pessoa sentada na poltrona do cinema precisa de ATENÇÃO! Precisa que o filme tenha no mínimo uma lógica, precisa que o filme cumpra a proposta pela qual ela se interessou ao optar por aquele filme. Do mesmo jeito, o filme precisa da ATENÇÃO desta pessoa para os "sinais" que ele vai dar a ela. E a atenção que o filme lhe dará é equivalente a aquela que você dará a ele. Por isso que ir assistir a um filme, seja qual for, e simplesmente sentar e esperar que lhe "toque" é tão eficiente quanto tentar extrair a compreensão da trama de um pôster!
É claro que há filmes que necessitam menos da atenção do público, e mesmo assim dão muito em troca! Exemplo é o também recente Super 8. E claro que há outros que vão exigir muita atenção para nada ou quase nada. E esses sim seriam os filmes pretensiosos. Portanto, não sejam criaturas passivas dentro do cinema, esperando que algum dia, um gênio venha lhes explicar o que se passa em tela. Prestem atenção, busquem dentro do filme um sentido e NÃO TENHAM MEDO DE VIAJAR NA MAIONESE!!!
O link do "texto" do David Coimbra:
http://sergyovitro.blogspot.com/2011/08/david-coimbra-tristeza-nao-e.html
Outras pessoas que conseguiram ver em A Árvore da Vida um sentido:
@Pablovillaca http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_critica=7742&id_filme=4689&aba=critica
@ThiagoSiQueiraF http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/221712/a-arvore-da-vida-o-poder-da-setima-arte-em-obra-existencialista/
Acho que um filme, assim como um livro, tem essa coisa parecida com o "mutualismo" que tu disse. Ele não vai ser um filme ou um livro sozinho.
ResponderExcluirCurti muito teu texto, cara!
ResponderExcluirAntes das sessões de Melancolia e A Árvore da Vida, tive que redobrar as atenções porque não são filmes comuns como Super 8, Lanterna Verde e outros.
Assisti A Árvore da Vida essa semana e é simplesmente maravilhoso. Infelizmente não estou me sentindo muito seguro para escrever sobre o filme, mas acho que é o melhor do ano até agora.
Li o "texto" do Coimbra e ele me pareceu nem saber sobre o que estava escrevendo. Malick fez uma obra-prima.
Abraço,
Thomás
http://www.brazilianmovieguy.blogspot.com/
P.S.: Se eu realmente acabar não escrevendo sobre A Árvore da Vida, mais tarde leio a tua crítica e comento. ;)
Oi, Iuri! A Mirelle me passou o teu blog. Entra no meu e confere os comentários que escrevi sobre os dois longas, "Melancolia" e "A árvore da vida", assistidos no sábado passado em Porto Alegre.Parabéns pelo blog. Não sei se a Simona comentou contigo, mas estive no Berlinale, em fevereiro deste ano (realização de sonho). Abração! Rô
ResponderExcluirThomás,
ResponderExcluirValeu! pense e publique a sua crítica que a leio sim! ;)
Rô,
Obrigado!Dei uma olhada no teu blog, teu texto é ótimo, sinto-me envergonhado com a simplicidade dos meus! xD
A arvore da vida e uma brincadeira de mau gosto. Nao e a toa que das 16 pessoas que estavam na sala de cinema, 8 foram embora antes do final. Confesso que os invEjo, pois deveria ter feito o mesmo.
ResponderExcluirCesar,
ResponderExcluirCreio, e mais tarde até postarei um texto sobre isso, que na maioria das vezes em que uma pessoa assite a um filme, e o acha bom ou ruim, o motivo de sua opinião está nela mesma, e não no filme.
A Árvore da Vida, agora depois de reassisti-lo e de ter comentado com muitas outras pessoas sobre, se mostrou um filme que SIM, tem muita coisa a ser descoberta e interpretada, claro que ninguém é obrigado (e nem todos tem paciência para)a faze-lo. Porém, acusar um longa de ser ruim por isso é injustiça, tendo em vista que neste caso, tenho visto o problema nas pessoas, e não no filme. ;)