sexta-feira, 1 de março de 2013

DEZESSEIS LUAS



     Surgindo como um substituto da "Saga" Crepúsculo, este Dezesseis Luas é eficiente em trazer de volta todos os elementos que os filmes (não)vampirescos protagonizados por Bella e Edward se certificaram de enterrar bem fundo no lamaçal das obras mais embaraçosas do cinema. E ainda que possua mais acertos que seu vergonhoso ancestral de gênero, o longa tão pouco se destaca em algum sentido, sendo seu único mérito conseguir se manter fora da zona do ridículo quando sua trama claramente pende para ela o tempo inteiro.


     Adaptado do primeiro livro da série escrita por Kami Garcia e Margaret Stohl (que não li e não farei questão de tal), o roteiro escrito e dirigido por Richard LaGravenese mergulha em diálogos expositivos dolorosos de se ouvir, e mesmo um cidadão de Gatlin (a pequena cidade onde o filme é ambientado) persiste em perguntar sobre quem são os "Ravenwood", ou porque todos no lugar os odeiam tanto... Enfim, a trama ambientada nesta pequena cidade conta o seguinte: Um jovem (sem poder algum) se apaixona por uma garota (com poderes), ela é perigosa para ele, um membro da família (com poderes) dela rejeita o rapaz, enquanto este parece aceitar muito bem todo este fluxo de novas e estranhas informações. Assim, eles vão lutar para ficarem juntos enquanto uma ameaça se aproxima (se é que Emma Thompson pode representar alguma ameaça). Parecidinho com alguma outra trama que você já viu? Cof cof, Crepúsculo...


     Tá ok, o filme possui coisas que o fazem "melhor" que a tal "saga" (quantas aspas...), como: 

     1) Alice Englert não parece uma drogada em recuperação em sua performance como Lena Duchannes, na verdade, a garota e Alden Ehrenreich, que interpreta o mocinho Ethan Wate, formam a melhor coisa do filme já que sua química é inegável, tornando muito mais fácil comprar o romance entre os dois. Ehrenreich aposta em um Ethan bem humorado, quase hiperativo, fazendo contraste com a personalidade rabugenta que Englert emprega na protagonista. E conseguir estabelecer um casal de sucesso num filme que fala justamente sobre este relacionamento, já é algo aplaudível, tendo em comparação Crepúsculo que precisou de cinco filmes e nem assim conseguiu tal feito.


     2) O filme possuí uma história a ser contada. Ainda que cada personagem em tela tenha a função única de esclarecer a trama para o espectador, e chega a ser vergonhoso ver Jeremy Irons fazer perguntas das quais seu personagem já devia saber as respostas, é de se levar em conta que o filme, de fato, POSSUA uma trama. Lena é uma conjuradora (uma bruxa), e ao completar dezesseis anos será convocada para o lado da luz ou o das trevas. Não querendo se tornar uma má pessoa, a garota começa a investir seu tempo em descobrir um jeito de ser convocada para o lado da luz, enquanto Sarafine (Emma Thompson), uma conjuradora das trevas, tenta trazê-la para o seu lado. É tola, rasa e complexa como somar dois mais dois, ainda sim, uma trama. 


     3) A voz de Jeremy Irons compensa tudo. Ainda que num papel ingrato, Irons parece se divertir ao proferir o apanhado de bobagens e clichês que seu Macon é obrigado a dizer, já que na sua voz cavernosa, grave e rouca, tudo parece ter um tom de seriedade maior do que realmente é. Então a reação ao ouvi-lo constatar o óbvio em certo momento é "Uau! Esse cara sabe o que tá fazendo... Não, pera ai".


    4) Existe um background interessante. A cidadezinha de Gatlin é formada por pessoas religiosas, preconceituosas e extremistas, como mostra a cena onde todos se reúnem apavorados para ver um raio que fica caindo no mesmo lugar, ou quando todos juntam-se em uma igreja para discutir a expulsão de Lena da escola local. E só isso já torna os moradores daquele lugar melhores que os de Forks, cuja única característica era serem extremamente entediantes.


     Assim, conseguindo desperdiçar Emma Thompson (caricata) como vilã em um papel sem sal e tornando Viola Davis esquecível, Dezesseis Luas se sobressai à saga dos vampiros purpurinados que pretende substituir, mas isso de maneira alguma é algo que o torna um filme de destaque. Na verdade, o longa só fica bom mesmo quando comparado com a tal saga... 
...Mas sejamos honestos, qual não ficaria? 


NOTA: 5/10

   


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