sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

47 RONINS



     Admito não ter assistido a nenhuma das versões cinematográficas anteriores da história dos 47 ronins, porém, espero profundamente que quando o fizer, estas se revelem obras mais apreciáveis que este aborrecido projeto desnecessariamente encabeçado por Keanu Reeves. E se uso o termo desnecessário é porque, de fato, o personagem vivido pelo ator poderia ser facilmente subtraído da trama sem maiores danos, pelo contrário, caso sua existência não fosse cogitada, talvez o longa se revelasse um muito mais interessante de se acompanhar. O que dizer então de um filme onde o protagonista parece não ser interferir ou ser importante para a trama principal?

     Dirigido pelo estreante Carl Rinsch, 47 Ronins apresenta toda a patota de problemas destas produções genéricas repletas de efeitos visuais e roteiros irritantemente batidos ou absurdos: está lá o 3D convertido, que obviamente não foi pensado por Rinsch, já que este usa planos rápidos, de baixíssima profundidade de campo e uma fotografia naturalmente escura, o que torna a experiência em três dimensões no mínimo incomodativa, para não dizer insustentável. Ainda há de se considerar também a inconsistência do efeitos visuais que, se ao animar o vestido da Bruxa (Rinko Kikuchi) se mostram interessantes e funcionais, noutros instantes são apenas embaraçosos, principalmente nos planos aéreos de establishing shots, onde revelam descaradamente sua natureza digital. 

     Mas nem tudo são pedras a serem atiradas, pode-se dar também alguns louros, com muitas ressalvas, à produção; neste quesito, Ôishi (Hiroyuki Sanada) é um personagem muitas vezes mais interessante e ativo na trama do que o Kai de Reeves. Aliás, o coadjuvante é o verdadeiro protagonista do roteiro, já que executa formalmente todas as tarefas de um: é ele quem tem de sofrer uma grande perda já no início da trama, é ele quem é afastado da família e de sua cidade natal, é ele quem tem de vingar a morte de um ente querido, é no fim das contas, [SPOILER] é ele quem mata o vilão no clímax do filme [FIM DO SPOILER].

     Contando ainda com uma participação risível do "ator" Rick Genest, que com seu corpo todo coberto de tatuagens (na vida real, não no filme), deve ter sido visto como uma figura atrativa para se estampar enormemente nos posteres do longa, embora sua participação se restrinja a alguns segundos em tela; 47 Ronins é um filme que melhora consideravelmente, apesar de todos seus outros tropeços, quando se concentra no seu melhor coadjuvante, a quem Sanada interpreta com um cuidadoso equilíbrio entre a disciplina e a bondade. Infelizmente, uma luz solitária num projeto sem originalidade alguma, que copia a ideia conceitual da cidade dos barcos de Piratas do Caribe: No Fim do Mundo, e ainda cria uma vilã que jamais parece oferecer verdadeiro perigo para os mocinhos. Perigo mesmo só de adormecer durante o desenrolar da projeção, algo no que o escuríssimo 3D deverá ajudar... 


NOTA: 4/10 






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