Eu poderia dizer que Terremoto – Falha em San Andreas é um
filme problemático, mas acontece que o seu problema é um só: o roteiro incrivelmente
obtuso e clichê. Mas clichê mesmo! Em certo momento me peguei citando as falas
dos personagens antes mesmo que eles abrissem a boca para dizê-las, e sabia exatamente
como se desenrolaria cenas como a que se passa em uma represa, como se tivesse
assistido ao longa centenas de vezes antes. Na verdade, é tudo tão obviamente
orquestrado e artificial no texto que, se o filme não se levasse tão a sério –
o que infelizmente ele faz -, seria uma comédia de ação autocrítica muito mais
divertida do que é enquanto exemplar de ação dramáti... Ah, me poupe.
O bom é que Falha em San Andreas já estabelece em seus minutos iniciais com o
espectador um contrato sobre o nível de compromisso com a realidade que vai ter
durante as quase duas horas seguintes. Trata-se de uma espécie de prólogo onde
um carro contendo um ser humano dentro despenca em um penhasco, ficando preso
em um estreito desfiladeiro sem que a garota dentro dele sofra mais do que
alguns arranhões. Um problema logo resolvido por Ray (Dwayne Johnson), um
perito em resgates aéreos que arranca a porta emperrada do veículo com as
próprias mãos para salvar a vítima no último segundo – e dado o tamanho que
está o outrora The Rock, não duvido que o conseguiria fazer de verdade. Depois
disso acompanhamos como uma série de superterremotos atinge a costa oeste dos
Estados Unidos enquanto Ray e Emma (Carla Gugino), à bordo de quase todos os
tipos de veículos possíveis (helicóptero, carro, avião, lancha), avançam para o
epicentro do negócio em São Francisco para tentar resgatar a sua filha
(Alexandra Daddario). Não sem que acompanhemos também o que eu gostei de chamar
de “núcleo expositivo do filme”, composto pelo geólogo interpretado por Paul
Giamatti que, na soma, não faz diferença nenhuma pra trama que não seja a de
explicar para nós o que tá rolando em tela e o que ainda pode rolar.
Na verdade é incrível o número de
fórmulas prontas e altamente dispensáveis que os roteiristas aplicam em San Andreas: um personagem que mal
aparecera tem que salvar uma criancinha para que a sua morte seja sentida – e quando,
depois do acontecido, a mãe da garota aparece no canto do quadro e a leva sem
dizer palavra, não pude deixar de reforçar a ideia de que o filme deveria ser
uma comédia; o cara babaca é mantido vivo e percorre um arco próprio sendo,
enfim, um babaca, só para morrer no meio do filme como se o roteiro
simplesmente tivesse cansado de acompanhar a sua história; um casal de idosos
aleatórios é enfocado se abraçando antes que um tsunami os atinja em cheio – afinal
de que outra maneira (aprofundamento dramático?) nos sensibilizaríamos pela tragédia?
Então quando ficamos sabendo que
Ray perdeu uma filha afogada no passado, é apenas questão de sentar e esperar a
cena em que ele terá de salvar Blake de uma situação parecida também. E, ah,
pronto, lá tá a tal cena. O arco de Ray, aliás, se resume a uma grande DR com
Emma sobre o divórcio dos dois, enquanto são inconvenientemente interrompidos
por desastres naturais (todos realizados por competentes efeitos visuais, mas em meados e 2015, é o mínimo que se espera). E , outra vez, cenas como aquelas em que os dois caem de um helicóptero
em um supermercado ou escapam por um fio de um cargueiro sendo carregado por
uma onda gigantesca, serviriam muito mais eficientemente a um filme descontraído
como 2012, por exemplo. Mas não, San Andreas se pretende um drama e chega
inclusive a investir em uma sequência dramática em que tira completamente o som
ambiente deixando apenas a trilha para ressaltar mais o teor trágico da
situação, quando tudo em que conseguia pensar era no personagem no fundo do
quadro tentando ressuscitar outro, algo que, novamente, é um elemento digno de comédia.
Até mesmo Dwayne Johnson se caracterizou, através de filmes como os da franquia
Velozes e Furiosos e o excelente Sem Dor, Sem Ganho, como um herói de
comédias de ação, o que me leva a pensar que talvez o diretor Brad Peyton tenha
de fato dirigido o projeto para ser um filme assim, e que a culpa nesse caso
recairia na pós-produção por tentar transformá-lo em um drama.
NOTA: 4/10
Todo o filme foi com nervos!. Eu amei Terromoto: A Falha de San Andreas filme pretende entreter, nos lembram que existe a possibilidade de uma catástrofe deste tipo. Excelente filme. é que não há nenhuma diferença entre 2D e 3D, por isso, se vemos em casa na TV teremos não perdeu nada.
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