domingo, 9 de outubro de 2011

POR ÚLTIMO OU NÃO, O IMPORTANTE É RIR!

     Você está sentado na poltrona do cinema esperando começar a próxima aventura, drama ou suspense que te levarão a um mundo totalmente novo! Então, vêm os trailers. Entre eles, aquele de uma comédia romântica assustadoramente batida. Não corra! Não se esconda na sala que estiver passando Melancolia! Não tente fugir! Para onde você for, as comédias românticas vão te encontrar. Produzem-se tantas, que elas deveriam vir de brinde com outros filmes, já que só este ano conto no mínimo umas dez! E é verdade, em sua maioria são fracas ou repetitivas.
     Mas, calma, há esperança! E para provar isso vou falar aqui brevemente de três filmes de comédia que estrearam de agosto pra cá, que se não são obras primas, são no mínimo, inteligentes, bem sacadas e (pasmem) fazem rir bastante! E sem apelar para a casca de banana.

AMIZADE COLORIDA

     O maior tapa na cara. Afinal, o que esperar de um filme cujo pôster estampa Justin Timberlake e Mila Kunis fazendo sinais com conotações sexuais? Pois bem, o filme não é genial, mas ainda sim conta com o carisma de seus protagonistas, em especial de Kunis que vem me surpreendendo a cada novo papel, renegando o seu passado escuro em dejetos cinematográficos como Max Payne.
     Dois amigos decidem se "divertir" sem assumir compromisso emocional algum um com o outro, para assim, continuarem sua amizade. Mesma plot, aliás, de Sexo sem Compromisso que também estreou este ano com Ashton Kutcher e Natalie Portman, que foi colega de Kunis em Cisne Negro. Mas quem se deu bem não foi a vencedora do Oscar, já que o longa de Ivan Reitman foi fraco e desengonçado. Aqui, este tal de Will Gluck, que assina como diretor e roteirista (ao lado de outros dois neste último) faz um trabalho muito mais competente ao realmente desenvolver a relação entre os dois protagonistas e suas relações familiares.
     Assim é compreensível a falta de tato sentimental dos protagonistas se você encarar que: Um lida com um pai que sofre de Alzheimer e tem de administrar o setor criativo de uma empresa ao mesmo tempo, enquanto a outra tem marcado em sua personalidade o distanciamento e o constante abandono da mãe. E com a missão cumprida de nos convencer, ou melhor, de dar credibilidade a sua plot, Gluck consegue levar o resto do filme com harmonia e muito bom humor.
     É verdade que a trama torna-se batida a partir daí, mas nem por isso o diretor apela para o sexo o tempo todo, usando o tema com a moderação necessária. Eu poderia apontar algumas falhas que me incomodaram como a desatenção com a mudança brusca de luz entre um corte e outro num diálogo entre os personagens de Timberlake e Kunis, mas isso não incomoda tanto quanto a obviedade dos roteiros de outras comédias por ai.

NOTA: 7/10

MISSÃO MADRINHA DE CASAMENTO

     Ok, você leu o título não é? Diga-me, eu estou tão errado assim em ter esperado uma bomba? Acho que não. Mas novamente fui surpreendido (pra não dizer atropelado) com um filme que realmente funciona.
     Annie (Kristen Wiig) é convidada por sua melhor amiga, Lillian (Maya Rudolph), para ser madrinha em seu casamento. Mas há um grande problema. Outra das madrinhas, Helen (Rose Byrne), uma ricaça e pirua incurável, quer tomar o posto de "melhor amiga" da noiva. E para isso vai usar do que parece ser um cartão de crédito infinito, competindo assim diretamente com a falida Annie. E como se não bastasse, há ainda outras três madrinhas escolhidas por Lillian, cada uma com algum distúrbio psicológico aparente, que tornarão a relação entre este grupo ainda mais difícil de ser concebida. E assim esta dada a partida para uma competição entre as duas madrinhas, onde o prazo final é o casamento.
     Dirigido por este desconhecido Paul Feig, um dos grandes méritos do filme é a confiança que o diretor tem em seus roteiristas. Em quase todas as cenas em que se desenvolve uma situação inusitada (sempre hilárias), o cineasta abre mão de uma trilha composta divertidinha que normalmente acompanharia estas sequências, sublinhando para o espectador "Vejam, este é um momento engraçado! Riam!", substituindo este espaço sonoro pelo bom e velho silêncio, deixando (e confiando muito) que os diálogos associados às boas interpretações e o carisma dos atores fizessem o seu dever de divertir o espectador.
     A aposta do realizador também se vê na exploração destas cenas, já que ele cede muito tempo a várias delas, acreditando que o público estará imerso na trama e no humor e não ligará se houver tempo para mais uma piadinha dentro daquela situação. E isso se vê na ótima e hilária cena do avião, que podia muito bem ser mais curta, mas que é explorada durante no mínimo uns dez minutos em um crescendo absurdamente divertido.
     O elenco, quase todo de mulheres, é com certeza a alma do filme, já que desde Wigg com sua fragilizada Annie, até Melissa McCarthy com sua caricatural Megan, todos os atores criam química e agilidade entre os personagens, esses tão diferentes uns dos outros. E é um alívio ver que os mesmos não caem em piadas forçadas e previsíveis, sendo talvez o momento mais "errado" do longa, uma indigestão coletiva que soa Over demais.
     Assim, mesmo que a sub-trama de Annie com o policial atrapalhe um pouco o ritmo do filme, deixando-o um tanto longo de mais, o longa ainda é uma peça rara nos dias de hoje, onde a confiança de um realizador em sua estória e personagens é cada vez mais escassa.

NOTA: 8/10

AMOR A TODA PROVA

     O nome de Steve Carell normalmente é atribuído a um filme no mínimo divertido. E por isso não levantei más expectativas a cerca deste longa que trazia, além deste ator, Julianne Moore, Ryan Gosling, Marisa Tomei, Kevin Bacon e Emma Stone. Mas diferentemente daquele fraco Idas e Vindas do Amor que também juntava um elenco cheio de nomes populares, este Amor a Toda Prova é inteligente, divertido, carismático e acima de tudo, engraçado. E é de longe a melhor comédia do ano (e um dos melhores filmes também), até agora pelo menos.
     Fugindo de esquemas clássicos o máximo que pode, o roteiro de Dan Fogelman conta a estória de Cal (Carell) que descobre que a esposa Emily (Moore) o esta traindo e quer o divórcio. Jogado de volta na vida solteiro, ele encontra Jacob (Gosling) que o ensinará como voltar a ser, digamos assim, um "garanhão". Isso enquanto acompanhamos várias sub-tramas envolvendo, por exemplo, o filho de Cal que é apaixonado pela babá, que por sua vez é apaixonada pelo próprio Cal!
     Enfim, o filme consegue desenvolver todos os seus arcos com maestria, enquanto brinca discretamente com estereótipos do gênero. Assim é impossível não rir quando em dada cena, Cal pronuncia para ninguém além dele mesmo "Que clichê" (veja o filme e vai entender essa). Além disso, os diretores Glen Ficarra e John Requa se saem muito bem dividindo a direção do longa, não sendo geniais ou inovadores, mas agindo de forma correta (um plano sequência por dentro de um bar, que serve de elipse, é o destaque) e mantendo a mão firme no que se trata dos atores. Estes últimos, aliás, estão todos de parabéns pelos seus respectivos papéis. Destaque para Carell e Gosling que juntos nos dão algumas das melhores cenas do longa, fazendo e rir e chor... Não, só rir mesmo.
     Terminando em um clímax hilário onde todas as tramas e sub-tramas se chocam, Amor a Toda Prova termina com aquele gostinho de quero mais, provando que até a mais declarada das comédias românticas pode sim ser divertida, inteligente e (quem diria) surpreendente. 

NOTA: 10/10

Um comentário:

  1. Amizade Colorida é muito divertido, vale a pena ir no cinema dar boas risadas... "Vamo jogar tênis?" Use isso na próxima balada que você for...
    Steve Carell sempre divertido e cômico... adoro ele :D

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