quarta-feira, 26 de outubro de 2011

OS TRÊS MOSQUETEIROS



   
     Paul W. S. Anderson (Não cometam o atentado de confundi-lo com o brilhante Paul Thomas Anderson) é um diretor que em uma só palavra pode ser descrito como medíocre. Sua carreira só ganhou algum destaque porque veio pendurada na fama da franquia Resident Evil (aonde dirigiu e produziu), ainda que esta mesma franquia só tenha sido razoavelmente bem sucedida nas telonas graças ao grande número de fãs dos games que a originou. Então, não é que Anderson seja um bom diretor, ele só fez nome a partir de algo que já era famoso antes, já que se dependesse de seu talento como realizador, eu tenho certeza, ele ainda estaria mendigando em Hollywood. Pena é que, os produtores deste Os Três Mosqueteiros (e ele é um deles) não perceberam isso antes.



     Um filme feito literalmente para arrancar grana dos bolsos alheios. Feito com preguiça e má vontade. Assim é o filme em questão. E pensando nisso cheguei à seguinte conclusão: Se as pessoas envolvidas no projeto, que trabalharam para fazê-lo acontecer, não se importaram com a qualidade do mesmo, por que eu, que pouco tempo tenho, vou me incomodar em escrever um texto longo e trabalhoso sobre um filme essencialmente ruim? Pois então, resolvi adotar o espírito de porco com o qual o filme provavelmente foi feito e entregar aqui a crítica do filme como ele a merece, sem grandes desenvolvimentos, apenas uma exposição didática e sem emoção daquilo que eu vi. Quem sabe você que está lendo tenha até uma idéia melhor de como o filme é.


     -Roteiro absurdo escrito por Andrew Davies e Alex Litvak junto à direção de Anderson recontam a obra de Dumas de forma preguiçosa. Exemplo: a forma de apresentar os personagens é pretensiosa, esfregando o nome e o rosto de cada um na tela. Obviamente para garantir que nos lembremos de quem é quem durante o filme, já que sabiam que seu roteiro mal escrito não desenvolvia ninguém, tornando todos os personagens esquecíveis.
     
     -Pelo mesmo motivo o nome de cada um parece ter que ser lembrado a cada minuto. Normal é ver algum nome de personagem sendo dito pela décima vez em uma mesma cena.
     
     -Redundância é colocar o nome de um lugar onde se passa uma cena em caixa alta na tela, só para segundos depois algum personagem repetir para os outros onde estão. Detalhe é que esta cena se passa durante uma missão importante, tornando inacreditável que os outros não soubessem a sua localização.
     
     -Arcos dramáticos nada desenvolvidos. Não me venha dizer que aquele rei de m... Tem um relacionamento conturbado com sua rainha que eu vou me irritar. Aquilo é uma perda de tempo descomunalmente fútil dentro de uma narrativa já absurdamente fraca.



     -O Personagem de Logan Lerman, D'Artagnan, parece movido pela meta de se tornar o homem mais imbecil da Europa, já que seu personagem inconsequente nunca tem seus sentimentos explicados. Na verdade creio que aqui, Lerman interprete um débil fugido de um hospício, devido a suas bruscas mudanças de humor ou sua inexistente preocupação seja com o que for acompanhadas da mania de achar graça de tudo (não vou nem citar a tendência do garoto de largar as mais fajutas frases de efeito). E se for o caso, então o ator merece um Oscar. Aliás, que tipo de pais simplesmente mandam o filho embora em uma colina, não esperam nem o menino pegar uma mochila nem nada, simplesmente tchau! Que desespero é esse?
     
     -Matthew MacFadyen, Luke Evans e Ray Stevenson, respectivamente, Athos, Aramis e Porthos, os Três mosqueteiros do título, estão em atuações no piloto automático. Esquecíveis. Milla Jovovich como Milady faz o que sempre faz. É Milla Jovovich, inexpressiva e apostando em meia dúzia de sorrisinhos enviesados.
   

    
     -Orlando Bloom e Chritoph Waltz totalmente desperdiçados em papéis que pretendiam ser de vilões. Canastrões não por sua culpa acredito, mas pelo texto horrível ao qual tiveram que seguir.
     
     -Anderson deixa claro que tudo que ele queria era dinheiro. A apresentação do filme em formato 3D é totalmente irrelevante, devido a pouca profundidade de campo das cenas, provando que o acerto do diretor em Resident Evil 4 no uso da técnica, foi um mero acaso. Outra coisa é notar a ausência quase que total de sangue (ele surge em poucas gotas mais para o final), mesmo com Anderson investindo em violentas cenas de batalha e duelos onde espadas entram e saem de corpos sem jorrar uma gotinha vermelha que seja. E isso até seria aceitável, porém, notar que as espadas saem limpas e brilhantes de dentro dos peitos de dezenas de personagens é inconcebível. Tudo, é claro, em prol de uma classificação livre.
     
     -Ah sim, a montagem! Que horror é o tom totalmente episódico que nos conduz durante toda a projeção. Pulando de fato em fato sem se preocupar com uma boa transição entre as cenas, o montador Alexander Berner adota um ritmo didático a sua montagem monótona, que se restringe a contar os acontecidos um após o outro sem emoção alguma, seja em um diálogo ou em uma cena de ação.
     
     -A trilha de Paul Haslinger até que tenta, mas caí na mesmice depois de dois ou três minutos de filme, apostando em jogar toda a orquestra nas caixas de som sempre que lhe dá na telha, em músicas que não possuem identidade alguma.


     
     -Mas se há algo a se elogiar e a se criticar também, é a direção de arte, que se nos cenários e nas vestimentas dos personagens principais entrega um show de detalhes, bordados e babadinhos, no figurino coadjuvante faz feio ao vestir os soldados do rei, por exemplo, com fantasias que saltam aos olhos, já que claramente não pertencem aquele cenário, e sim a um palco da Broadway. E sim, eu estou levando em consideração o estilo steampunk adotado pelo longa. Outra coisa é o péssimo uso da green screen, que falso, só subtraí pontos do projeto.


     
     Pretensioso a ponto de não fechar seus arcos dramáticos e deixar mais do que um simples gancho para uma continuação, o novo longa de Paul W. S. Anderson erra até em não terminar, já que nem mesmo possuí um clímax bem feito (me recuso a chamar aquilo de clímax), ou uma resolução satisfatória, na verdade não há nenhuma, porque devia ser normal choverem barcos em pátios de castelo naquela época (steampunk, eu sei! mas mesmo assim). E não vale nem citar o constrangedor e gordinho alívio cômico do filme, tão sem graça que nem as crianças acharão graça. E no fim, o que devia ser um por todos e todos por um, é um pra ver e ver pra não gostar.

NOTA: 2/10  
   

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