sexta-feira, 12 de outubro de 2012

RUBY SPARKS - A NAMORADA PERFEITA


     Ruby Sparks - A Namorada Perfeita conta a história do jovem escritor Calvin, que momentaneamente sofrendo de um bloqueio criativo, logo encontra em uma nova personagem a inspiração para um novo livro. Seria perfeito para ele, não fosse o fato de a garota idealizada nas páginas se materializar na sua cozinha em certa manhã. Descobrindo ter total controle sobre as ações e sentimentos de Ruby, Calvin passa a tentar transforma-la no seu par perfeito, descobrindo a duras penas que nem sempre o ser humano sabe o que realmente quer. E entrando no hype do filme eu fico imaginando: "E se eu pudesse escrever uma crítica sobre um filme, e o mesmo materializar-se nas salas de cinema do jeito que eu o descrevi?". No caso deste longa dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris (os mesmos de Pequena Miss Sunshine), que acho que meu texto seria mais ou menos assim:

Me lembro de ter visto o então jovem ator Paul Dano pela primeira vez justamente no longa anterior de Dayton e Faris, o conhecido, premiado e adorado Miss Sunshine. Mesmo que exercendo um papel secundário (porém, importante), o ator já se mostrava cativante e suas performances seguintes tão marcantes e distintas só vieram a provar o talento do garoto. De Sangue Negro ao recente Looper, suas participações foram sempre bem vindas. Eis que neste longa Dano se mostrou apto a encarar um protagonista interessante e novamente livre de vestígios de outras interpretações suas. Surgiu encurvado, com os braços soltos e a fala baixa que compuseram um Calvin antissocial com eficiência. Mas se sozinho o ator surgiu cativante, ao lado da bela Zoe Kazan que deu vida a Ruby Sparks tão convincentemente quanto Calvin ao escrever seu livro, o ator ganhou pontos ao estabelecer boa química com seu par. A jovem Kazan passou de uma liberal apaixonada, a uma megera amargurada e depois para uma criança alegre e bobinha sem esforço aparente, empregando ainda inteligentemente trejeitos do próprio Calvin a sua interpretação, salientando que ela foi uma criação do mesmo.

E os talentos da garota não param por ai, pois ela assinou também o roteiro do longa, que se em meio ao segundo ato se arrastou um pouco no desgaste do relacionamento do casal protagonista, recuperou seu créditos com um clímax tocante, apoteótico e essencialmente humano. E quando digo "apoteótico" falo tematicamente, não espere ver grandes efeitos visuais ou ação desenfreada, foi é um filme humano sobre humanos vivendo situações humanas, ainda que inusitadas. E neste quesito seu clímax foi apropriado em explorar e comover usando apenas deste artifício cada vez mais esquecido na grande indústria hollywoodiana nos dias de hoje, o humano!

E ainda que repleto de méritos, Ruby Sparks ainda teve o já citado momento no começo do segundo ato onde ao explorar a rotina abocanhando o casal, o filme se tornou cansativo principalmente por investir em desnecessárias explanações e conflitos. Mas nada que me fez querer abandonar a sala, afinal a química entre Dano e Kazan é tão apaixonante que é impossível não rir, chorar e entrar em profundo pesar junto com os dois.

Contando com um elenco coadjuvante eficiente, o longa se deu ao luxo de conferir poucas cenas ao "diferente" casal formado por Annette Bening e Antonio Banderas, ambos parecendo divertirem-se abertamente em seus papeis. Enquanto isso Chris Messina como irmão de Calvin, Harry, serviu como um respiro esporádico na trama do escritor e sua namorada, se aproveitando de também ter estabelecido uma química cativante com Dano, mesmo seus personagens tendo sido tão diferentes.

Assim, Ruby Sparks não é excelente como Pequena Miss Sunshine é, mas manteve o nível dos realizadores. E volto a citar seu clímax que ficou na minha cabeça como um dos melhores momentos de 2012 no cinema desde que o vi.

NOTA: 9/10


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