Era uma vez três atores, um é uma descoberta recente que faz um vilão como mais ninguém, outra é uma atriz talentosa que está no papel errado, e o último é um ator que simplesmente não consegue ser bom. Esta deveria ser a premissa deste filme que tinha muito para ser bom do início ao fim, mas só lembra disso nos últimos trinta minutos.
A trama nos leva para o começo dos anos trinta. Em plena depressão econômica o jovem Jacob Jankowski (Robert Pattinson) perde seus pais bem quando está prestes a se formar na faculdade de veterinária, sem dinheiro nem casa deixados pelos pais o jovem é posto na rua, e no desespero acaba entrando clandestinamente no vagão de um trem que descobre ser de um circo comandado por um impiedoso homem chamado August Rosenbluth (Christoph Waltz) que tem como estrela principal a encantadora de cavalos Marlena (Reese Witherspoon). O rapaz logo consegue um emprego de veterinário no circo e logo se apaixona por Marlena e então os conflitos começam.
Dirigido pelo responsável por Eu Sou a Lenda e Constantine, Francis Lawrence o filme é bem diferente das outras produções nas quais o diretor se envolveu e talvez por isso ele não tenha tido a boa mão que teve nelas. Pouco auxiliado pelo roteiro, Lawrence não cria o clima que a depressão deveria exercer sobre a trama, mesmo quando coisas terríveis são ditas durante o filme (como quando dizem que nove homens foram atirados nos trilhos com o trem em movimento só para não pagá-los) a direção não faz nem os atores nem a câmera nos passarem a dimensão dos fatos. A fotografia que está belíssima realça os belos cenários, mas não combina com a trama que com um tom episódico nos leva de acontecimento triste até outro. E a montagem é a responsável por este tom, onde tudo parece começar, ter um meio e já ter um fim durante o filme todo, não nos passando as emoções necessárias quando chegam os ápices de cada cena, que acabam soando banais e clichês.
Mas Lawrence e sua equipe técnica não devem levar a culpa pelo estranho resultado final, pois muito disso se deve ao elenco que com boas e más performances se mantém mediano. Pattinson quando mexe a boca esquece da sobrancelha, quando mexe esta esquece a boca e quando mexe os olhos esquece tudo. Seu personagem parece não querer realmente tudo que diz querer, pois o máximo que faz é contrair o rosto de fúria fazendo umas caretas quando precisa. Witherspoon está perdida no filme, já que obviamente este papel não era para ela, e sim para uma atriz mais imponente e esbelta. Mas a atriz se sai bem provando seu talento, nada que faça o espectador sentir pena da moça, mas ainda sim dá o tom dramático certo, nada exagerado. Agora Waltz, outra vez como vilão, é que se saí novamente muito bem, ainda lembrando seu coronel Hans Landa de Bastardos Inglórios o ator consegue dar a August uma personalidade que pode fraquejar e que sente emoções acima de tudo, o que foge das outras duas figuras interpretadas pelo ator que se beneficiavam de serem unidimensionais.
Mas eis que chegam os trinta minutos finais e todo mundo lembra de trabalhar. Até Pattinson começa a fazer cara de alguma coisa. Witherspoon não sendo mais cobrada para ser esbelta e imponente se dá bem na sua área de segurança, uma moça frágil com um grande drama no coração. E Waltz só fica melhor quando auxiliado pelos colegas. A montagem acelera, a fotografia assume um tom azulado e o roteiro para de jogar frases bobas para nós. Mesmo que o clímax seja rápido e pouco tenso perto do que deveria ser vale apena conferir que o filme ganha um ritmo totalmente diferente nessa parte final. Não que isso salve o final que é banal e previsível, ou toda a produção que analisada inteira ainda parece estranha e deslocada. Até a direção de arte que deveria ser espetacular não se esforça muito e não sai do lugar comum.
Terminando com um discurso em off que pretendia nos fazer chorar mas que mal tem carga dramática para nos fazer tentar prestar atenção a esta altura da história, o filme tem seus altos e baixos bem definidos, e tudo acaba por ser estranho e pouco envolvente, até a elefanta que deveria ser a estrela do filme é posta de lado ao ponto de só ser citada agora aqui no fim do texto. Podia ser um filme maior e talvez a chance de Pattinson viver um grande papel ( alias o ator Hal Halbrook vive durante alguns minutos Jacob já velho muito bem, melhor que o galã ai o filme todo), mas acaba por ser algo efêmero e nada impactante, foi-se o tempo em que um trailer podia prever um grande filme.
Achei o elenco bem escolhido. Só acho que o diretor, na tentativa não deixar o filme romântico nem dramático demais, acabou deixando o filme sem "tom". Mas na real eu gostei.
Achei o elenco bem escolhido. Só acho que o diretor, na tentativa não deixar o filme romântico nem dramático demais, acabou deixando o filme sem "tom". Mas na real eu gostei.
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