sexta-feira, 27 de setembro de 2013

R.I.P.D.


     Como qualquer um já poderia prever pelos trailers, R.I.P.D. é exatamente o que parece ser. Um Homens de Preto do mundo sobrenatural, só que sem metade do carisma que fazia do longa estrelado por Will Smith e Tommy Lee Jones tão divertido. Há aqui uma ou duas referências à Brazil de Terry Gilliam e uma mais clara à Doutor Fantástico de Stanley Kubrick, quando recriam a famosa cena do Cowboy montado sobre a bomba enquanto esta cai de um avião. Só que no caso, temos o pistoleiro Roy (Jeff Bridges) montado sobre Ryan Reynolds enquanto caem de um prédio. E convenhamos, ter Ryan Reynolds no meio das pernas não é assim tão diferente de estar montado sobre uma bomba (Cof cof... Lanterna Verde).


     Depois de ser assassinado pelo próprio parceiro corrupto (Kevin Bacon), Nick (Reynolds) é recrutado para o R.I.P.D. (Rest In Peace Department), uma polícia do além, onde ele e seu novo colega, Roy, são incumbidos de identificar e prender desmortos, almas que se recusam a enfrentar o próprio julgamento pós-morte. Mas logo descobrem que há uma conspiração envolvendo a própria morte de Nick, que pretende abrir os portões do mundo dos mortos.


     As ideias do filme (baseado em uma HQ escrita por Peter M. Lenkov) são bem inventivas até, os desmortos, por exemplo, assumem deformidades físicas que denunciam que tipo de pessoas foram, assim, um informante tem sua forma morta com a boca escancarada, enquanto em outra boa tirada é usado um pequeno cubículo de banheiro como elevador entre os dois mundos (referência à Harry Potter?). Há, inclusive, uma boa cena de ação que se passa em torno de um elevador de verdade, sendo estas o ponto alto do filme, já que são dirigidas com segurança por Robert Schwentke que movimenta sua câmera através de cenários digitais com energia e sem nunca tornar confuso o que se passa em tela.


     Mas mesmo com um elenco cheio de figuras com veia cômica latente (vide Mary-Louise Parker, o próprio Jeff Bridges e até mesmo Reynolds), o filme desperdiça a maior parte de suas oportunidades de fazer rir e divertir. Nada é muito explicado sobre o mundo do além, embora o pouco que vemos da "delegacia" onde trabalham nossos protagonistas sugira um universo muito interessante e que merecia ser mais explorado, assim como a ideia sobre os agentes dos R.I.P.D. não se parecerem com eles mesmos para os vivos (para eles, Nick é um idoso chinês enquanto Roy se exibe como uma belíssima mulher), algo que é usado ocasionalmente como gag, desperdiçando aí uma boa fonte de risadas. E nem mesmo o sempre ótimo Kevin Bacon consegue tirar algo de seu vilão, que canastrão e previsível, parece apenas preencher a lacuna necessária de um antagonista. Assim como o próprio filme na verdade, que de Terry Gilliam a Kubrick, se alimenta de muitas referências, mas acaba não se decidindo quem ele mesmo quer ser.


NOTA: 4/10


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