quarta-feira, 16 de julho de 2014

TRANSFORMERS 4 - A ERA DA EXTINÇÃO



Eu gostaria de escrever uma crítica sobre Transformers 4: A Era da Extinção, mas, primeiro, teria de ver algumas perguntas respondidas. De fato, lendo o meu caderninho de anotações - onde rabisco memorandos sobre os filmes que assisto para depois poder compor um texto com eles – encontrei não os habituais apontamentos e transcrições de falas e pequenos detalhes, mas perguntas. Tenho pelo menos uma teoria para cada resposta, mas apenas Michael Bay sabe a verdade. Ele, que no ano passado reconheceu todos os seus maneirismos e os usou a favor de uma obra no ótimo e divertido Sem Dor, Sem Ganho, aqui, retorna aos espasmos catatônicos de sua habitual direção. Então, de agora em diante, minhas perguntas são diretamente direcionadas ao Sr. Bay.


Michael, você já assistiu a um filme chamado 2001: Uma Odisseia no Espaço? Pois lá, o diretor, Stanley Kubrick, faz um dos cortes mais famosos do cinema, um salto (elipse) temporal que avança da pré-história até um futuro próximo do nosso presente, ligando os dois momentos apenas com um movimento parecido de um objeto centralizado em ambos os tempos. Acho que deveria dar uma olhadinha neste filme caso não o tenha feito ainda, porque lhe seria uma inspiração já que, aqui, você também faz um salto temporal tão grande quanto, desde a época dos dinossauros até um futuro ainda mais distante que aquele de 2001, mas faz isso de maneira brusca, tosca e sem preparação. A princípio, a diferença entre os dois takes poderia ser apenas geográfica, caso não soubéssemos que dinossauros e seres humanos nunca conviveram.


Mas já que estou falando de sua montagem, me responda mais uma ou duas coisinhas. O senhor tem labirintite, Sr. Bay? Porque se sim, acho que está deixando transparecer isso nos seus filmes – mesmo tendo o vencedor do Oscar William Goldenberg na sua equipe de monatgem. Sei que a desorientação e falta de equilíbrio devem ser foda, mas é que fica difícil muitas vezes entender quem está onde, vindo de que lugar, em relação a que e quando neste seu filme. Por exemplo, quando aqueles agentes (não lembro o nome deles, acho que não eram importantes para a trama afinal de contas, mas chego lá num segundo...) decidem ir até a fazenda do Code (Mark Wahlberg), é noite, então, a filha dele é mostrada lá num pôr do sol, mas logo depois aparecem os carros vindo e é pleno dia, mas quando surge um helicóptero, o pôr do sol voltou! O que só me deixou mais confuso quando tudo culmina na fazenda e o sol está a pino novamente. Digo, quantos dias demoraram pra esse pessoal chegar lá? Porque o filme dá a entender que foram apenas algumas horas...


De qualquer forma, sem isso eu consigo viver, mas por favor, Michael, eu preciso saber o que acontece com o Code durante (um dos muitos) clímax. Ele está lá lutando com o cara na lateral de um prédio, por cima de toldos, pedestais e ar condicionados, eles despencam pelo menos uns dez andares nesta luta, isso que já estavam mais ou menos no meio do prédio. Porém, veja só, quando vemos um plano geral da luta, o senhor nos mostra que eles estão apenas três andares abaixo do telhado. Como isso ocorreu? Code passou por algum tele transporte? Voltou no tempo? Na verdade ele caiu para cima? Bom, fica mais essa pergunta aí.


Eu levantaria questões sobre a trama, caro Michael Bay, mas não tenho ainda plena certeza de que ela é relevante para quem vai assistir ao filme. Digo, essa já é a quarta vez que se inventa um motivo diferente para os robôs terem vindo parar na Terra, então, não sei nem se assistir aos filmes anteriores é realmente necessário. Uma das únicas referências que notei a eles foi um outdoor que dizia “relembrem Chicago”, aludindo aos acontecimentos daquele pavoroso O Lado Oculto da Lua. E talvez você pudesse argumentar “Hey, Yuri, mas sem os outros filmes o pessoal iria ficar perdidão com o que tá rolando, nem saberiam quem é o Optimus!”. Bom, Michael, eu já fiquei perdidão e isso que assisti a todos os outros três filmes. Afirmo que não seria mais confuso do que já é considerar este um primeiro longa-metragem de uma série.


Ah, e esse roteiro Michael? Digo, “minha cara é o meu mandato” foi até legal, mas quando alguém durante o filme chama outra pessoa de machista, fiquei pensando se era uma piada metalinguística sua, confere? E falando em diálogos, Optimus tem mesmo centenas de anos ou você tá de zoeira comigo? Quero dizer, ele bem poderia ser uma criança gigante de metal, já que sua inteligência o limita a dizer coisas como “Honra até o fim” e “vou matar você”. Complicado esse tipo de atitude para um ser supostamente tão evoluído, não é? Mas do que estou reclamando?! Optimus é um achado perto daquele coadjuvante mala que já nem lembro o nome. Só lembro que em certo ponto ele morre e, uffa, já não era hora... Aliás, o sobrenome do Code ser Yeager tem algo a ver com uma homenagem a Círculo de Fogo...? Enfim.


Ao menos, Michael, de uma tenho certeza. Ninguém, NINGUÉM mesmo, se divertiu tanto com esse filme quanto Stanley Tucci e Mark Wahlberg, que normalmente ótimos, voltam a esbanjar aqui o que tem de melhor: o carisma e timing cômico. Deveria trabalhar sempre com eles e POR FAVOR, com o The Rock de novo. Ainda dou risadas à noite lembrando de “One Way Jesus” em Sem Dor, Sem Ganho. Temo dizer, entretanto, que eles tenham sido os únicos a se divertir com Transformers 4. Eles e, claro, todos os patrocinadores que vocês da produção não deixaram de “homenagear” durante a projeção. Aquelas participações especiais da Victoria’s Secrets e do RedBull fizeram a diferença no rumo das coisas, com certeza... Falando nisso, aqueles dinossauros robôs, de onde vieram e para onde foram? Por um acaso trata-se aqui de um prelúdio de Jurassic World? Seria inusitado, afinal, ele também é o quarto filme da franquia Jurassic Park. É que quando o Optimus diz aos bichos que corram livres, eles meio que fazem isso, não é? Mas em direção à China... Bom, enfim...


Michael!!! Quase esqueci, acho que deveria dar mais atenção aos seu personagens cara, eles são muito carentes e vivem querendo chamar a atenção para si. Ficam até mesmo apontando o óbvio diversas vezes; “olha, aquilo atrai o metal e depois solta”, diz um deles logo depois de você mesmo, Sr. Bay, ter acabado de nos mostrar isso. Aliás, nessa cena, que se assemelha visualmente ao clímax de Homem de Aço, aquela trilha também foi composta “inspirada” no filme do Zack Snyder, ou... Foi só coincidência a marcha composta pelo Steve Jablonsky ser quase idêntica a faixa Terraforming, criada pelo Hans Zimmer para esse mais recente filme do Super-Homem?


Enfim, são tantas perguntas e dúvidas Michael, espero que logo possamos esclarecê-las todas para que eu possa escrever a crítica do seu filme... Até lá, deixarei uma nota provisória, ok?


NOTA: 3/10



P.S. – Michael, uma última coisinha, um pedido na verdade. Mais curtinho da próxima vez? Até porque eu sei que vai haver uma, não só pelo final mas pela bilheteria que o filme tem feito... Então, tipo, robôs gigantes lutando é legal e tudo o mais e tal, mas, quase três horas disso, né, dá um cansaaaaço... 





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