quarta-feira, 31 de julho de 2013

WOLVERINE: IMORTAL


     Um dos grandes méritos deste longa é seguir o exemplo do filme anterior da franquia X-Men, o excelente Primeira Classe, e ignorar completamente a existência do péssimo X-Men Origins: Wolverine. Assim, o filme consegue seguir uma linha muito mais sóbria e contida, que aposta em uma trama muitas vezes introspectiva e que não se perde em excessos de explicações. O que de maneira alguma desculpa o clímax tolo, a narrativa insossa e o roteiro que parece em meados do segundo ato ainda estar procurando que história quer contar.

TURBO


     Escrito e dirigido pelo insosso David Soren (de O Espanta Tubarões), Turbo não é nenhuma obra prima, ainda que divirta eventualmente. Através de cenas de ação empolgantes onde a câmera não teme explorar tanto os cenários em larga escala quanto aqueles em macro habitados pelas pequenas e rastejantes criaturas, o filme consegue conduzir bons momentos, como aquele em que Turbo tenta chegar a um tomate no jardim antes que um cortador de grama o estraçalhe. E gag's visuais como aquela que traz uma das lesmas sendo levada por um pássaro toda manhã, fazem rir, ainda que vez em quando, soem repetitivas. O design das outras lesmas é um tanto pedestre e nenhum carisma é mantido entre o espectador e a maioria dos personagens humanos, com a exceção talvez de Tito. Por outro lado a ideia das lemas corredoras é criativa e com certeza merecia um uso tão inventivo quanto, e não ser desperdiçada em algumas sequências de efeito efêmero. 

NOTA: 6/10

segunda-feira, 29 de julho de 2013

BUNDAS EM GERAL

Um livro é, na definição mais cruel em que Bob conseguia pensar, uma grande fonte de desperdício de tardes ensolaradas e clima ameno, que poderiam ser facilmente melhor ocupadas com videogame e pornografia. Nada fora dos bons costumes de um adolescente de quinze anos em plenas férias escolares, ainda mais de um que adorava o fato de poder investir a maior parte do dia em decidir se iria levantar ou não da cama. Diferentemente de um analista de sistemas de uma grande corporação a dois estados de distância dali, Bob não se preocupava com qualquer que fosse o aspecto social de uma pessoa, principalmente se definido através de uma análise superficial de seu traseiro. Bob não se questionava sobre crises políticas em outros continentes, não se importava com as notícias da crescente onda de crimes em seu bairro e nunca lhe havia passado pela cabeça se perguntar por que os garfos tinham apenas quatro dentes e não cinco ou simplesmente três. Infelizmente, Bob morreu. Isso foi quando um ladrão invadiu e roubou sua casa durante uma tarde ensolarada e de clima ameno. O tiro que causou sua morte atravessou a revista pornográfica que ele segurava e acertou-o diretamente no peito, alguns dizem que se fosse um livro de capa dura o que Bob tivesse nas mãos, ele teria sobrevivido. Esse conto, portanto, não é sobre Bob, e sim sobre um analista de sistemas a dois estados de distancia dali que gostava de analisar superficialmente o traseiro de pessoas para definir seus aspectos sociais. E não há nenhuma lição de moral neste parágrafo incentivando você a ser um leitor mais voraz, apenas um claro e óbvio exemplo de que não se deve gritar como uma mulherzinha quando um assaltante portando uma arma do tamanho de um labrador adulto entrar no seu quarto julgando-o estar vazio. Isso irá assustá-lo e fazer com que atire. Bob agora sabe disso.

Felizmente, Alex, já sabia disso há muito tempo. Alex era um analista de sistemas de muito sucesso, ou pelo menos tanto quanto era possível sendo-se um deles. Entretanto, o curioso sobre este indivíduo era o fato de mentalmente ele classificar as pessoas através de suas bundas. Ou como ele imaginava que fossem suas bundas. As pessoas podiam ser boas, médias ou extremamente ruins dependendo de como Alex julgava seus traseiros. Por exemplo, crianças eram naturalmente desleixadas e só limpavam a bunda no banho ou quando um dos pais, o que não estivesse pensando em suicídio, decidisse fazer isso em um daqueles banheiros especiais nos shoppings para se trocar e limpar os filhos. Logo, crianças em geral, eram pessoas ruins, de baixa classe, que não mereciam a atenção de Alex nem por um segundo. Mendigos também não tinham o costume de limpar a bunda, e portanto também não deviam estar em classe alguma diferente da baixa. Porém, idosos se dividiam em duas classes distintas, pois existiam aqueles que moravam sozinhos e aqueles que estavam morrendo de alguma doença terminal em um hospital. Obviamente aqueles nos hospitais eram mais dignos do que aqueles em casa. Os idosos morrendo nos hospitais tinham suas bundas regularmente limpas por enfermeiras, o que certamente os destacava daqueles que viviam sozinhos em suas casas e que tinham uma higiene pessoal muito duvidosa. Então não era loucura de se afirmar que Alex conseguiria manter uma conversa muito mais tranquilamente com um idoso à beira da morte do que com uma criança ou um mendigo (ou uma criança mendiga), e muito menos com seus avós, que infelizmente ainda estavam saudáveis deitados em sua cama não fazendo mais sexo. O que sempre levava Alex a definir diretamente homossexuais como indivíduos de classe altíssima. Afinal seus traseiros deviam estar constantemente limpos para o uso no coito. 

Já pessoas em geral, que não se encaixavam em nenhuma das outras pré-disposições que Alex usava para classificar os seres humanos a sua volta, se classificavam primeiramente como classe média, e ganhariam ou perderiam pontos conforme ele as conhecesse melhor e a suas bundas. Isso porque ele era contra julgar as pessoas superficialmente. Mas Alex, recentemente começara a pensar que talvez ele devesse contar a alguém sobre sua teoria das bundas e como elas claramente definem uma pessoa por um hábito higiênico totalmente indiferente ao resto de sua personalidade. Decidiu até que isso poderia virar um livro, e quem sabe outras pessoas compartilhariam de sua visão de mundo e adeririam a um grande movimento social que eles poderiam chamar de "bunda limpa". E num dia glorioso todos teriam bundas limpas, e os que se recusassem a tê-las seriam expurgados de sua sociedade íntimo-higienicamente perfeita, sendo condenados a uma chuca em praça pública!

Ao terminar de contar a ideia para a namorada, ela o chamou de "Idiota, retardado e fascista". Além do mais, ele percebeu que muitas outras pessoas já haviam feito coisas parecidas, pelo menos uma delas com muito sucesso há mais de dois mil anos. E assim Alex desistiu da ideia e nunca mais tocou no assunto, tendo sido eventualmente morto por uma infecção anal que, entre as muitas dores e sofrimentos que lhe trouxe, impedia-o de limpar sua bunda. E não há nenhuma lição de moral nisso também, sendo apenas uma infelicidade do destino de um pobre homem que não deveria ser usada como piada. É por isso que este conto teria sido muito mais interessante e menos polêmico se tivesse se focado no desinteressante e ingênuo Bob, que apesar de tudo, mantinha seu traseiro impecavelmente limpo. 

Por Yuri Correa


sexta-feira, 19 de julho de 2013

O CAVALEIRO SOLITÁRIO



     É uma pena ver um talento como o de Gore Verbinski, um diretor tão versátil, se perder em meio a um filme que se alonga demais e tenta, em vão, ser complexo, quando justamente devia se dedicar a simplificar sua trama e focar nos interessantes protagonistas. Pois de outro modo, quando tem que empregar preciosos minutos de tela no complicado e desinteressante plano dos vilões, ou em histórias e personagens secundários totalmente descartáveis, é que o filme caí num marasmo que deixa praticamente todo o seu miolo intragável. E ainda que o diretor continue mostrando respeito e domínio sobre o gênero western, com o qual trabalhou com excelência em seu longa anterior, a fantástica animação Rango, aqui nem mesmo sua condução habitualmente adequada salvam a película de se tornar um filme mediano. E digo mediano e não ruim somente porque as sequências de abertura e fechamento acabam fazendo valer o ingresso. Mas quando se gasta mais de 250 milhões de dólares num filme de quase duas horas e meia onde somente o começo e o fim são divertidos, não se pode esperar muito retorno, nem crítico e nem financeiro.


     Chegando como forasteiro em uma terra ainda selvagem, John Reid (Armie Hammer) logo se depara com Tonto (Johnny Depp), um índio em busca de vingança contra o criminoso Butch Cavendish (William Fichtner), o mesmo bandido que acaba fugindo da custódia dos texas rangers. E é quando Reid e seu irmão Dan saem a captura de Butch que uma emboscada acaba colocando Tonto e John juntos, sozinhos no deserto em busca de justiça contra o mesmo algoz. Enquanto isso, Rebecca (Ruth Wilson), a viúva de Dan e também ex-namorada de John (eu não disse que era desnecessariamente complicado?) tenta proteger suas terras de um possível ataque da tribo indígena dos Comanches. Tudo isso orquestrado pelo empresário Cole (Tom Wilkinson), um magnata da indústria de ferrovias que no final só queria roubar um grande montante de prata. Não era mais fácil ele ter ido lá e roubado a prata então? Enfim...


     Quase todos os erros de O Cavaleiro Solitário acabam sendo causados pelo trio de roteiristas, Justin Hayte, Ted Elliott e Terry Rossio, estes dois últimos responsáveis pela divertida trilogia Piratas do Caribe, também dirigida por Verbinski. Tempo precioso de tela é gasto com personagens que poderiam facilmente serem descartados, e por mais que eu goste da atriz Helena Bonham Carter, por exemplo, sua Red jamais joga a trama para frente, desempenhando uma função mais perto do fim que qualquer outro personagem (e qualquer outro ator com um cachê bem menor) poderia realizar sem problemas. Assim como o capitão da guarda interpretado por Barry Pepper, que vive um conflito interno jamais justificado ou desenvolvido. Por outro lado o cineasta sabe aproveitar as boas deixas que o texto lhe dá para criar inventivas cenas de ação, como já é de seu costume. Em Piratas do Caribe: O Baú da Morte, uma improvável luta de espadas dentro de uma roda gigante em movimento, na continuação, No Fim do Mundo, uma tripulação corre de um lado a outro do navio para tentar virá-lo de cabeça para baixo, ainda no mesmo filme dois navios se enfrentam dentro de um redemoinho no meio do oceano, já em Rango, um grupo de toupeiras voando sobre morcegos armados com metralhadoras persegue suas vítimas em um desfiladeiro estreito. O que todas estas cenas tem em comum? Uma criativa mise-en-scène que, através do absurdo dentro de um cenário de ação inusitado, proporciona um puro e satisfatório divertimento. Aqui, a perseguição sobre o teto de um trem no início, e as muitas lutas dentro de uma locomotiva (ou eram duas?) ao final ganham este tom fantasioso que Verbinski já está acostumado a empregar. E devo dizer que é impossível não rir ao ver Tonto escalando uma escada tirada do nada, bem no meio de um duelo entre outros dois personagens.


     E já que o citei, Johnny Depp faz de Tonto mais um de seus excêntricos personagens, ainda que o índio esteja fadado a jamais ficar tão marcado quando qualquer um dos outros que já passaram pelas mãos do ator. Já Armie Hammer mostra ser verdadeiro o timming cômico que desde "A rede Social" (de forma muito mais sutil, é claro) vinha demonstrando, fazendo ótima dupla e química com Depp. Já Tom Wilkinson surge no piloto automático enquanto William Fichtner assume o papel de vilão over acting da produção. Já Ruth Wilson se mostra um vácuo emocional, insossa e truncada, sua performance nos faz detestar ainda mais a personagem já descartável que interpreta.


     Contando ainda com uma trilha de Hans Zimmer que se mostra num padrão abaixo do comum ao só se destacar nos minutos finais do longa, quando então ressuscita de maneira empolgante o tema da série de Tv no qual o filme é baseado, O Cavaleiro Solitário merece também, claro, créditos por seu incrível design de produção, efeitos especiais muito bem colocados e uma maquiagem convincente (vide a versão velha de Tonto), mas afinal, o orçamento tinha que pagar alguma coisa de boa nisso tudo. Uma pena é que nem isso salve o filme de um má impressão no fim das contas. Esperamos apenas que Verbinski não seja tão pretensioso em seu próximo projeto e volte a nos trazer obras tão elogiáveis como seus filmes anteriores.  


NOTA: 5/10


   

domingo, 14 de julho de 2013

HANS ZIMMER EM DOSE DUPLA



     Nesta sexta-feira dia 12 de julho, entraram em cartaz nos cinemas brasileiros simultaneamente os filmes, O Cavaleiro Solitário e O Homem de Aço, dois longas que tiveram suas trilhas compostas por Hans Zimmer. Um deleite para os fãs do compositor, assim como eu mesmo. Tanto que o Classe de Cinema aproveitou para fazer uma pequena coletânea do trabalho do músico, que você confere no fim da postagem.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

TRUQUE DE MESTRE



Exige demais da suspensão de descrença de seu espectador enquanto arma seus mistérios... E extrapola da boa vontade do mesmo quando resolve explicá-los. Ainda assim, é bem divertido enquanto dura.

NOTA: 6/10

MEU MALVADO FAVORITO 2



Bleh...

NOTA: 2/10

UNIVERSIDADE MONSTROS



Divertido e cativante, não chega aos pés do primeiro longa (Pixar continua devendo um novo clássico desde 2010).

NOTA: 8/10

ANTES DA MEIA-NOITE



Gostaria de ter tido mais tempo para escrever sobre esta nova obra prima de Richard Linklater. Só posso dizer que o filme é frio e cruel ao tirar a ilusão sobre o amor duradouro ao mesmo tempo em que é sensível e tocante ao tratar sobre a força do mesmo. A química entre Celine e Jesse continua incrível, vide a cena inicial no carro. E novamente é um prazer e uma dor deixar para trás estes personagens tão cativantes ao fim do longa.

NOTA: 10/10

SEGREDOS DE SANGUE



O diretor de Oldboy continua a demonstrar seu talento para a direção, levando sua trama com calma e desenvolvendo com cuidado suas sequências e conflitos, fazendo com que seu longa resulte em um ótimo e satisfatório clímax. Destaques para um diálogo entre a personagem de Nikole Kidman e sua filha já ao final e a montagem que através dos muitos tamanhos de sapatos da protagonista, denuncia a passagem de tempo.

NOTA: 9/10

SE BEBER NÃO CASE - PARTE 3



Totalmente sem inspiração e claramente um filme que ainda busca sua história. Uma pena, se considerarmos os dois divertidos primeiros longas.

NOTA: 3/10

VELOZES E FURIOSOS 6



Possui a pista de pouso mais longa do mundo, desmerece pontos por absurdos como "essas palavras se foram no dia em que nascemos", mas merece por outros como o desfecho de uma sequência de ação envolvendo um tanque de guerra.

NOTA: 5/10

UMA LADRA SEM LIMITES



Longo, sem graça e tortuoso.

NOTA: 2/10

REINO ESCONDIDO



Criativa e divertida animação que peca apenas em sua qualidade técnica, que não chega perto da almejada Pixar.

NOTA: 7/10

DEPOIS DA TERRA


Não é um filme de Shyamalan e sim da família Smith... Não sei se isso é uma ameaça ou consolo.

NOTA: 4/10

O HOMEM DE AÇO



"O filho se torna o pai e o pai se torna o filho"

     Nunca li uma HQ sequer sobre o Superman (não conto sua breve aparição em O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller), e também não quero me demorar falando aqui sobre os filmes da franquia anterior, que exceto por um pequeno detalhe, é completamente (e felizmente) ignorada neste novo longa. Mas a frase dita pelo personagem de Marlon Brando no filme de 1978, que coloquei encabeçando o texto, serve perfeitamente para descrever o que acontece ao mais famoso de todos os super-heróis com a chegada de Homem de Aço aos cinemas. Nada mais de salvar gatinhos de árvores e chega de vilões com assistentes atrapalhados, a trilogia Batman e Watchmen: o Filme trouxeram em 2008 e 2009 um novo conceito que aparentemente grande parte do público ansiava para ver inserido no mundo de seus heróis: o realismo, a trama adulta e as implicações políticas e sociais sobre a existência de justiceiros mascarados. Então, não é a toa que foram os responsáveis por estas produções que acabaram por encabeçar este reboot do Super-Homem, Christopher Nolan e Zack Snyder. E eu não estou desprezando a antiga franquia, que sim, possuí pelo menos dois ótimos, divertidíssimos e icônicos filmes, apenas dizendo que o mercado que os próprios Nolan e Snyder ajudaram a criar, raramente aceita um produto fora de seu novo padrão. Entenda que, por exemplo, Os Vingadores, enquanto sucesso de bilheteria é uma exceção que deve acontecer cada vez menos.