sexta-feira, 15 de abril de 2016

AVE, CÉSAR!


Os irmãos Joel e Ethan Coen costumam apostar em uma galeria de personagens peculiares que, juntos, compõe um universo atípico. E se isso era a razão do sucesso de Um Homem Sério, por exemplo, foi também a triste ruína de E aí, Meu Irmão, Cadê Você?, que deixava soltas e perdia todas as suas boas ideias ao jamais dar-lhes uma coesão. Já Ave, César! se aproxima perigosamente do caso desse último, adotando uma estrutura similar através de um apanhado de contos de tom episódico. Porém, seguindo também mais a linha do primeiro e apontando um protagonista bem definido, o longa-metragem ganha um fio condutor mais sólido e sente-se livre para navegar, explorar e devanear nos micro-universos que, juntos, compõe, mais uma vez, um ecossistema singular concebido pelos Coen, aqui na forma de um gigantesco estúdio da era clássica de Hollywood.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

A SENHORA DA VAN



Filmes com premissas interessantes, vez por outra, cometem o erro de achar que o conteúdo em si será suficiente para sustentar o projeto, esquecendo-se ou negando-se a fazer da forma algo tão cativante quanto. Grandes Olhos, por exemplo, dirigido por Tim Burton, cineasta destacado por sua abordagem singular, dava a uma história real e curiosa contornos aborrecidos de um drama convencional, fracassando como obra. E já dizia o sábio Roger Ebert, não importa sobre o que um filme é, mas como ele é sobre o que ele é. No caso de A Senhora da Van, existe um equilíbrio entre o comum pouco inspirado, e algumas muletas narrativas que, de forma trôpega, acabam funcionando e não deixando que o frescor da “novidade”, aquela senhorinha peculiar do título, se dilua em um projeto esquecível.