quarta-feira, 29 de março de 2017

A VIGILANTE DO AMANHÃ: GHOST IN THE SHELL


Ah, a ficção científica! Os melhores exemplares desse gênero tão fértil costumam ser aqueles que, através de seus conceitos inventivos, normalmente futuristas e tecnológicos, discutem questões muito humanas e próximas da nossa própria realidade. É o que mantém, por exemplo, 2001: Uma Odisseia no Espaço um filme atemporal e instigante, pois não importa que esteja obsoleta ou equivocada a sua visão sobre um futuro que, para nós hoje, é passado, já que os temas que carrega são universais e não só suportam, como inclusive abraçam a mudança dos tempos. Mas não precisamos ir até 1968 para constatar isso, basta perceber que, eventualmente, o excelente seriado pseudofuturista Black Mirror vai também soar ultrapassado, mas duvido que seus tópicos envelheçam com a mesma rapidez. O que me leva, enfim, a A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell, que, longe de carregar a profundidade filosófica das obras acima ou de aspirar a sua relevância, ainda assim se revela interessante justamente por conseguir se equilibrar entre a tarefa de entreter (o que não deixa de ser um aspecto a ser analisado filosoficamente, mesmo que seja extra-filme) e aquela de suscitar reflexões mais diretas sobre a nossa atualidade.

A MULHER MAIS ODIADA DOS ESTADOS UNIDOS [Papo de Cinema]


Escrevi para o Papo de Cinema sobre o novo lançamento da Netflix estrelado por Melissa Leo, só clicar aqui.

"Poucas pessoas parecem saber, mas, assim como os negros, os pobres, os LGBTQ ou as mulheres (entre outros), os ateus também formam um grupo social oprimido..."



FRAGMENTADO


M. Night Shyamalan é um realizador autoral, sem dúvidas. Além disso, é dono de uma criatividade ímpar, e tem o talento de tornar conceitos estranhos em histórias instigantes. Basta notar o quão bem funcionavam alguns de seus primeiros projetos, como O Sexto Sentido, Corpo Fechado e Sinais. Entretanto, depois desses, é notória a queda vertiginosa na qualidade de seus esforços; do longo e aborrecido A Vila, passou para A Dama Na Água, que tinha uma ideia maravilhosa, mas uma execução equivocada. E nem é bom citar a fase que abarca os esquecíveis Fim dos Tempos, O Último Mestre do Ar e Depois da Terra. Melhor seria repaginá-lo desde A Visita, que apesar de ser extremamente falho em sua linguagem, funcionava como suspense. Até que chegamos aqui em Fragmentado, que não, ainda não é a grande volta de Shyamalan, como estão anunciando por aí. Longe disso, inclusive, mas com certeza a nova empreitada é um filme menos reprovável, apesar de seus inúmeros tropeços.

terça-feira, 21 de março de 2017

CÓDIGO DE SILÊNCIO [Papo de Cinema]


Escrevi para o Papo de Cinema sobre o lançamento da Netflix, só clicar aqui:

"Não que deveríamos ser dissociados de nossas causas, mas são os movimentos sociais que precisam ser vistos através de seus membros e componentes, e não o contrário."




sexta-feira, 17 de março de 2017

O SOL É PARA TODOS [Papo de Cinema]


Escrevi para o Papo de Cinema sobre o clássico com Gregory Peck baseado no premiado livro da escritora Harper Lee, só clicar aqui:

"O ponto de vista de uma criança oferece uma perspectiva normalmente mais simplista, sim, mas da qual, justamente por isso, podem ser extraídas reflexões complexas..."





O PREDESTINADO [Papo de Cinema]


Escrevi para o Papo de Cinema sobre esta surpreendente ficção-científica, só clicar aqui:

"Há filmes que desafiam o intelecto do espectador, outros que tencionam o seu emocional, e existem exemplares como O Predestinado, que testam os limites do nosso bom senso."







À SOMBRA DO MEDO [Papo de Cinema]


Escrevi para o Papo de Cinema sobre esse fantástico filme de horror premiado no BAFTA, só clicar aqui:

"...funciona não só por causa delas, mas apesar das convenções do gênero."






BLUE JAY [Papo de Cinema]


Escrevi, para o Papo de Cinema, uma das críticas mais pessoais que já teci, só clicar aqui:

"Apesar de existirem infinitas possibilidades entre um começo e um fim, é preciso conviver com a trilha definida pelas escolhas que fazemos..."





DEMOLIÇÃO [Papo de Cinema]


Escrevi para o Papo de Cinema sobre o filme estrelado por Jake Gyllenhaal, só clicar aqui:

"Não é incomum que venhamos a projetar nossos próprios conflitos internos nas pessoas, nas situações e, por que não, nos objetos ao nosso redor."





O AMANHÃ [Papo de Cinema]


Escrevi para o Papo de Cinema sobre o filme O Amanhã, que passo no Festival de Cannes em 2015, só clicar aqui:

"...nos realoca em posicionamento durante quase toda sua duração, forçando o espectador a repensar suas verdadeiras razões para condenar ou torcer por alguém no mundo do lado de cá da tela."





quarta-feira, 8 de março de 2017

KONG: A ILHA DA CAVEIRA


O conceito de uma ilha desconhecida que serve de lar para um gorila gigante e outras criaturas pré-históricas é, no mínimo, implausível, para não dizer absurdo. Felizmente, Kong: A Ilha da Caveira entende isso. Se o King Kong original de 1933 e a espetacular refilmagem dirigida por Peter Jackson em 2005 conseguiam imergir nesse universo ao usar da atmosfera dos anos 1930, que possuía o encanto com a exploração de um mundo ainda em descobrimento, a versão de 1976 fracassava justamente por tentar vender essa ideia fantasiosa ambientando-a no contexto pós-Vietnã e contemporâneo à Guerra Fria. Portanto, a princípio parece um erro que essa nova empreitada escolha deliberadamente se passar outra vez na década de 1970. Porém, quando em dado momento um personagem diz para um dos soldados estadunidenses que escoltam a expedição “às vezes não temos nenhum inimigo, até que a gente procure por um”, o filme começa a surpreender por, ao contrário do que seria esperado, conseguir usar do ceticismo político da época para validar as suas ideias implausíveis e absurdas.

quinta-feira, 2 de março de 2017

LOGAN


Simultaneamente um olá e um adeus, um reencontro e uma despedida, Logan reapresenta o personagem título vários anos mais velho, com os olhos injetados, cicatrizes pelo corpo, uma garra que emperra para sair e necessitando até mesmo de óculos para poder ler. Uma decadência física que reflete perfeitamente a de sua alma – antes imortal, Wolverine é agora um homem que já abraçou o próprio desfecho. Mais do que isso, ele anseia por esse encerramento. E justamente ao contrapor esse tom de finitude de algumas conhecidas figuras com o frescor juvenil de outras que são novatas, é que o filme deixa de ser apenas mais uma aventura solo do famoso mutante vivido por Hugh Jackman, e mergulha em um melancólico (e absurdamente violento) estudo de personagem que ecoa temas mais universais: juventudes e velhices, começos e fins.