Acabei me atrasando para postar sobre o episódio de semana passada, Live Bait (e peço desculpas por isso), mas acontece que esta demora acabou vindo para o bem, já que assim pude assistir ao episódio seguinte, Dead Weight, e ver e avaliar por completo esta pequena saga que o Governador ganhou ao protagonizar dois episódios consecutivos. Minha primeira observação, aliás, é: o "vilão" vivido por David Morrissey daria um protagonista muito melhor do que o Rick do pouco expressivo Andrew Lincoln.
Dedicando-se a humanizar o personagem (e conseguindo!), Live Bait trouxe o Governador em um estado de inércia, sem rumo, passado ou futuro definidos, seu personagem que, sim, antes já era uma figura ao menos bidimensional, realizou neste episódio o famoso retrocesso, um processo pelo qual muitas figuras icônicas do cinema já tiveram que passar: ele dita basicamente que um personagem com um problema pendente deve retornar ao "útero" e renascer antes de ter as ferramentas físicas e psicológicas corretas para superar seu conflito inicial. É um tipo de jornada que podemos notar em muitos personagens de diversos tipos de filmes, como no recente Gravidade, mas também em Anticristo de Lars von Trier, ou Harry Potter, e a lista vai... Assim sendo, o nosso caolho vilanesco pôde nos mostrar muitas outras facetas de seu despótico antagonista, fazendo-nos até mesmo torcer e simpatizar com ele, mesmo que passemos a discordar da lógica de sobrevivência que ele adota a partir de Dead Weight, e que embora deturpada pelo "protecionismo aos seus", evidencia com clareza o processo pelo qual o Governador já havia passado antes de Woodbury. Deste modo, é precioso notar como certas características de sua personalidade ressurgem com naturalidade, como por exemplo, vê-lo recriar uma versão improvisada do seu "aquário de cabeças".
É também interessante notar que a série e seus roteiristas se dediquem a este processo em função do vilão de sua história, já que ele normalmente está associado ao herói. O que de certa forma acaba por trazer uma força e importância tão grandes quanto as do grupo da prisão para a jornada daquele homem. E não de graça, em certo momento de Dead Weight, o personagem de Morrissey condena o "heroísmo", deixando a palavra escapar de sua boca com desprezo, ressaltando seu repúdio a lógica do bem comum em um mundo agora selvagem.
Enfim, preocupando-se mais em criar um vínculo entre o espectador e o Governador, Live Bait nos reapresenta ao personagem (que está idêntico a Kurt Russel em Fuga de Nova York), colocando uma família em seu caminho, para que o nosso temporário protagonista possa figurar como o protetor desta. De fato o fazendo, não fica difícil comprá-lo como nosso novo "herói". Destaques deste episódio ficam para a ótima performance de David Morrissey e as cenas inicias que remontam o que se passou após o final da terceira temporada. Já em Dead Weight, uma virada de câmera que revela um tanque estacionado perto de seu acampamento, retoma um pouco mais a proximidade com os quadrinhos, que há tanto tempo o seriado tem procurado esquecer-se (com pontos muito positivos, aliás), prometendo um futuro icônico para a série.
Esperemos pelo final da meia-temporada na semana que vem.
É também interessante notar que a série e seus roteiristas se dediquem a este processo em função do vilão de sua história, já que ele normalmente está associado ao herói. O que de certa forma acaba por trazer uma força e importância tão grandes quanto as do grupo da prisão para a jornada daquele homem. E não de graça, em certo momento de Dead Weight, o personagem de Morrissey condena o "heroísmo", deixando a palavra escapar de sua boca com desprezo, ressaltando seu repúdio a lógica do bem comum em um mundo agora selvagem.
Esperemos pelo final da meia-temporada na semana que vem.