As pessoas não costumam resistir a um bom mistério. Talvez (e aqui vai uma teoria) porque temos esta necessidade instintiva de conhecer as coisas com que interagimos, para ter controle sobre elas ou apenas para ter certeza de que as mesmas não nos farão mal. E, quando algo desconhecido e intrigante surge numa narrativa ficcional, ainda há a expectativa, acordada mutuamente por séculos entre público e obras, de que haverá um desfecho, uma explicação, uma luz em meio às sombras inicialmente apresentadas – por isso, provavelmente, que bons filmes, seriados ou livros de suspense, ao invés de nos incomodar com essas incertezas, acabam por nos magnetizar pela promessa implícita de solução. O cineasta David Fincher, aliás, entende muito bem essa dinâmica e aqui dá um passo além. Por toda a sua carreira, ele demonstrou um estilo que podemos classificar como “extremamente narrativo”, ou seja, construído para conduzir o espectador, seu olhar, suas expectativas – o que, ironicamente, retira o pouco controle que aqueles do lado de cá da tela têm sobre o que estão assistindo. Ora, se analisarmos as motivações dos assassinos apresentados nesta primeira temporada de Mindhunter, podemos encontrar em todos eles, da mesma forma, esse mesmo primitivo impulso de controle – provavelmente por isso que mistérios envolvendo serial killers e David Fincher é uma combinação que sempre casou tão bem. CLIQUE AQUI PARA CONTINUAR LENDO >
Esta crítica foi originalmente postada no Papo de Cinema.