terça-feira, 10 de maio de 2011

THOR

TRAILER THOR OFICIAL


     Não é segredo para ninguém que a Marvel vem planejando já há algum tempo o seu maior projeto cinematográfico, que é levar para as telonas o famoso grupo de super-heróis da editora que é o equivalente a Liga da Justiça para a DC comics, Os Vingadores. Para isso foram produzidos e lançados filmes dos componentes mais famosos e potencialmente mais lucrativos do grupo. Tais como Homem de Ferro 1 e 2 e o Incrível Hulk já lançados e Capitão América que está para ser lançado. Dos três filmes lançados até então pode se dizer muitas coisas, seja como filmes individuais, como filmes de uma franquia de um personagem individual ou como filmes que se agregam ao projeto dos Vingadores, sejam eles fracos ou bons, pelo menos se podia dizer que eles eram histórias que se sustentavam por si mesmas. O que finalmente me leva a este Thor cujo maior defeito é escancarar que faz parte de algo maior, esquecendo-se na maior parte do tempo de ser um filme individual. 


     A trama nos leva a Asgard, lar dos deuses nórdicos onde reina Odin (Anthony Hopkins) que celebra o dia em que seu filho mais velho, o arrogante Thor (Chris Hemsworth), está para se tornar rei. É quando ocorre um incidente envolvendo um antigo povo, seus arqui-inimigos os Gigantes de Gelo, com quem tinham um tratado de paz. Irado com o ataque e a reação diplomática do pai, Thor reúne um grupo de aliados, entre eles seu irmão Loki (Tom Hiddleston) e parte para enfrentar os Gigantes, despertando a fúria do pai que o expulsa de Asgard e retira seus poderes até que seja digno de tais outra vez. Thor acaba caindo na Terra (de novo a Terra...) junto com seu martelo, onde é recolhido por Jane (Natalie Portman), Erik (Stellan Skarsgard) e Darcy (Kat Dennings).


     O grande problema do filme é não parecer um longa solo como seus companheiros de franquia, e sim o começo de um grande filme. O roteiro é brusco e muda repentinamente, assim como introduz histórias e personagens. O protagonista passa de um príncipe arrogante e grosso a um cavalheiro gentil de uma cena para outra. Tudo é muito corrido pra pouca coisa que acontece, tudo numa espécie de retrocesso de clímax, já que vemos duas grandes batalhas nos primeiros vinte minutos de filme, que fazem do verdadeiro clímax deste, fraco e inexpressivo em comparação. Se em Homem de Ferro era divertido ficar procurando por sinais do projeto Os Vingadores, aqui é apenas interessante notar quando eles são esfregados na sua cara, sendo o mais interessante deles a aparição inusitada de Jeremy Renner na pele de um deles. Mas não que tudo isso seja ruim, o filme acaba criando uma narrativa própria e respeitando-a, sabendo dosar e dar ritmo as histórias paralelas que se contam na Terra e em Asgard. Mesmo o humor que é previsível e clichê fica bem colocado dentro da trama. As cenas de ação, que não são poucas, são muito bem realizadas, usando e abusando de efeitos digitais para recriar nas telas batalhas épicas entre deuses nórdicos e Gigantes de Gelo. O 3D aqui ajuda muito na imersão dessas cenas, sem ficar jogando nada na sua cara, ele apenas da a profundidade que aqueles mundos precisam ter para se tornarem reais.


    Mas, desde que cinema é cinema, câmeras nãos saem filmando sozinhas, e por isso tem que se ter alguém para encabeçar a equipe por trás delas. A pessoa escolhida para ocupar este cargo neste longa foi Kenneth Branagh, famosos por conduzir obras Shakespearianas, o diretor é feliz ao dar o drama no ponto certo na trama entre Thor, Odin e Loki, mas se perde um pouco ao sair de sua zona de conforto ao conduzir suas cenas de humor e outras que se passam na terra, sempre com a câmera virada em momentos que parecem aleatórios não trazendo estes nenhum acréscimo a trama. Surpreendentemente conduz com maestria as cenas de ação garantindo que os olhos dos espectadores fiquem cheios de imagens papel de parede mesmo durante as tomadas mais rápidas. Mas Branagh não poderia fazer nenhuma dessas belas tomadas, principalmente em Asgard, não fosse pelo competente design de produção que entrega cenários gigantescos e belíssimos. Asgard é dourada mesmo, em formas arredondadas e elevadas que reafirmam a grandiosidade daqueles que lá habitam, terminando em uma ponte de cristal que se eleva sobre o mar que por sua vez acaba em uma cachoeira que cai para o universo infinito, simplesmente estonteante. As roupas são realmente bonitas e funcionais, conseguindo milagrosamente fugir da galhofada, principalmente no que se trata do visual do protagonista. Este aliás muito bem vivido pelo promissor Chris Hemsworth.



     E Chris não se limita a fazer o papel de grandão arrogante, na verdade este é o seu ponto mais fraco, o rapaz consegue convencer muito mais quando está sendo gentil e carismático, já que para a surpresa geral, seu maior mérito é este, esbanjar carisma e gentileza. Natalie Portman no papel de Jane Foster a "Paixonite" (um tanto quanto forçada) de Thor, pouco tem a fazer no filme, mas mesmo o que tem faz bem, sem querer roubar a atenção que não é sua, é uma personagem discreta, na verdade bem fraquinha, mas vivida com a competência necessária por Portman. Se a queridinha vencedora do Oscar deste ano já sofre destes problemas com o roteiro, menos ainda sobra para Stellan Skarsgard e Kat Dennings que se limitam a algumas frases, sendo o papel de Dennings totalmente dispensável. Anthony Hopkins encarna bem o bom e severo Odin, impondo sua presença e realçando a imponência do personagem. Rene Russo se fala algo é pouco e muito inexpressivo, seu papel é quase insignificante na trama, o que é uma pena ver que a atriz está ali só para fazer nome. Mas em meio a personagens mal usados e escritos há dois que podem ser salvos com louvores, principalmente por serem encarnados tão convincentemente, estes são Loki e Heimdall interpretados por Tom Hiddleston e Idris Elba. O deus das trapaças ganha um personalidade pesada, dramática e conturbada na pele de Hiddleston que sabe dar energia gradativa a Loki conforme o filme avança, não que seja um "coringa", mas é cativante o suficiente. Elba embora apareça pouco põem no guardião da ponte de cristal uma áurea tão mística e poderosa que a única piada que este solta acaba soando a mais engraçada do filme justamente por vir dele, já que quando ele diz "ninguém vai passar por mim" você acredita.

       



     Outros personagens já vistos nos outros filmes da Marvel estão de volta aqui como o hilário agente Phil Coulson (Clark Gregg) e Nick Fury (Samuel L. Jackson) que faz sua pontinha na habitual cena depois dos créditos. Há também uma rápida aparição de Stan Lee outra vez, numa cena tipo "piscou perdeu" em que ele dirige uma caminhonete que tenta levantar o martelo de Thor. Para terminar, Patrick Doyle faz uma boa trilha, que não se destaca e nem atrapalha, mas que podia ter sido melhor.

     Com muita ação, humor, drama e romance, Thor acaba sendo bastante eficiente e muito divertido, mesmo com todos os seus problemas, o longa cumpre seu objetivo que é ser parte de algo maior. Esperemos Então por os Vingadores.



NOTA 8/10


2 comentários:

  1. Bom, eu não sei avaliar esse gênero de filme. Na hora de dizer o que achei saem verdadeiras reticências... Porém, meu caro Yuri, superentendido e informado no assunto me salva. A fotografia, maravilhosa! Tudo lindo, colorido. Mas realmente corrido demais. Thor realmente muda do nada. E a "paixonite" ali é fraca. Mas gostar, eu gostei. A crítica de Yuri me fez entender porque o filme parecia tão solto... Ah, belo elenco, não?
    ótima cítica, Yuri. Como sempre.

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  2. Aguardando a crítica de Água para elefantes...



    avidatragicomica.blogspot.com

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