Eficiente diretor de ação, Doug
Liman une seu talento para transformar até mesmo o mais caótico cenário de
batalha em um mise en scène
compreensível, a uma estrutura narrativa tirada diretamente de Feitiço do Tempo. Trazendo um sempre
competente Tom Cruise como protagonista, No
Limite do Amanhã, além de um filme divertido, acaba por se revelar também mais
um pequeno acerto na carreira do ator depois dos bons Oblivion e Jack Reacher.
Não são filmes para o Oscar ou destinados a se tornarem os maiores lançamentos
de sua semana, mas tampouco são medíocres ou esquecíveis.
Dirigido por Doug Liman (do
divertido Sr. e Sra. Smith), No Limite do Amanhã conta a história de
Cage (Cruise, sempre enérgico), um publicitário que vende a si mesmo como herói
de uma guerra entre humanos e alienígenas invasores que tomaram conta da Europa.
Recusando a ordem de ser mandado para o fronte de batalha registrar o heroísmo
dos soldados, acaba preso e rebaixado, tendo de servir na linha de frente,
quando então é morto e no processo acaba tendo seu sangue misturado com o de um
dos extraterrestres, o que dá a ele o dom de voltar no tempo toda a vez que
morre, revivendo seu último dia como num jogo onde ao falhar em uma missão,
você retorna ao último ponto salvo. Para entender melhor sua situação ele passa
a treinar com Rita (Emily Blunt), uma veterana que já esteve em situação
parecida. Juntos, aproveitando sua vantagem em relação ao inimigo, eles
planejam um modo de destruí-lo definitivamente.
Uma das principais virtudes de No Limite do Amanhã é o bom uso que faz
de sua estrutura dramática, inspirada diretamente em Feitiço do Tempo, o diretor Doug Liman - do tenso A Identidade Bourne; Repassando diversas
vezes a mesma série de eventos, o cineasta se sente à vontade para investir no
humor e deixar que seu protagonista (Tom Cruise, com uma presença sempre
notável) percorra um arco bem definido. Jamais deixando que a repetição canse
seu espectador, Liman procura retratar todos os acontecimentos sempre sob uma
nova perspectiva, o que denota a mudança de percepção de Cage sobre os mesmos. Também
se saindo admiravelmente bem ao conseguir estabelecer quem está onde e quando
em todos estes momentos, o que é essencial para o funcionamento das gags de
montagem – aquelas duas que trazem Cage sendo atropelado de maneira banal são
hilárias. Cruise, aliás, merece palmas por conseguir representar o
amadurecimento de seu inicialmente covarde personagem dentro dessa construção
narrativa, e gradualmente, faz do nosso herói um mais centrado, sério e astuto.
Sem com isso deixar de transparecer sua habitual intensidade, principalmente,
claro, ao correr, marca registrada do ator.
No Limite do Amanhã, dirigido por Doug Liman (do mediano Jumper), tem um grande problema, depois
de nos introduzir a uma estrutura narrativa magnética – idêntica a de Feitiço do Tempo e do mais recente e
igualmente bom, Contra o Tempo – o filme
dedica seu terceiro ato a um clímax genérico e desprovido de qualquer tensão. É
natural, claro, que os roteiristas tenham querido seguir as regras da
construção básica de tramas e retirar do protagonista sua invejável vantagem em
relação aos seus adversários, a fim de tornar o desafio final mais perigoso e
definitivo, porém, falhando em sugerir tal obstáculo.
Estrelado por um sempre eficiente
Tom Cruise, em um não tão alardeado, mas ainda assim ótimo momento de sua
carreira, No Limite do Amanhã,
dirigido por Doug Liman, deixa por trás de uma trama divertida – que brinca com
o conceito de Feitiço no Tempo – uma analogia
sobre a Segunda Guerra Mundial, não à toa a invasão vista diversas vezes
durante o filme passa-se em um praia da França, tal qual foi o Dia D. Até mesmo
o apelido maldoso de uma das personagens, Rita (uma carismática Emily Blunt), é
referência ao período ao brincar com o título do clássico de Kubrick: Lê-se
pichado em um ônibus “Full Metal Bitch”. É um longa despretensioso que diverte
ao extrair novas visões dos mesmos elementos, e que apesar das repetições,
nunca para de avançar e jogar a história para frente, pecando apenas em seu
desfecho. Algo que tentarei não cometer aqui.
NOTA: 8/10
P.S. – No Limite do Amanhã,
dirigido por Doug Liman e estrelado por Tom Cruise, tem uma participação
divertidíssima de Bill Paxton.
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