Começando precisamente do ponto
em que seu antecessor havia terminado, Os
Muppets 2: Procurados e Armados não demora e já engata uma canção bem
humorada, cínica e de cunho metalinguístico anunciando que o filme a que
estamos assistindo trata-se de uma sequência. Basicamente trazendo de volta
todas as principais características do humor exercido pelos fantoches criados
em 1976 por Jim Henson e Frank Oz.
Kermit (Steve Whitmire) e seus
amigos voltaram, como ficou claro em Os
Muppets (2011), mas estão desamparados, pois agora que estão juntos não
sabem o que fazer da carreira. É quando surge em cena Dominic Badguy (Ricky
Gervais), que como já sugere seu sobrenome trata-se de um cara do mal. Dispondo-se
a ser o agente artístico da trupe, na verdade se descobre que o sujeito
trabalha com o criminoso número 1, Constantino (Matt Vogel), que sendo um
fantoche de sapo também, sequestra e toma o lugar de Kermit, usando o alarde
das apresentações dos Muppets para disfarçar roubos e arrombamentos que a dupla
realiza atrás de pistas que os levarão às joias da coroa britânica.
“A sequência nunca é tão boa” diz
parte da música de abertura em uma de suas muitas piadas; afirmação que
felizmente fica apenas restrita ao sentido jocoso, já que não só Muppets 2 é divertido como o primeiro
longa-metragem - e em mais ampla observação, como todos os outros seis filmes já
protagonizados pelos bonecos – como também é superior em magnetismo e ritmo.
Não à toa, as músicas são constantes e as participações especiais devem ter
triplicado em quantidade, e até o mais insípido dos figurantes parece merecer
um nome famoso para interpretá-lo. Lady Gaga, Tony Bennett, Josh Groban, Tom
Hiddleston, Toby Jones, James McAvoy, Chloë Grace Moretz, Frank Langella, Saoirse
Ronan, Miranda Richardson, Zach Galifianakis (repetindo a ponta que já fizera
anteriormente), Usher, Stanley Tucci e Christoph Waltz estão entre esses nomes.
Embora as participações de Céline Dion, Ray Liotta e Danny Trejo sejam
especialmente hilárias. “Boa noite Danny Trejo" me arranca gargalhadas ainda
agora enquanto relembro da piada.
Além disso, as referências
cinematográficas passeiam de Bergman com O
Sétimo Selo, até Jerry Maguirre,
passando por Apocalipse Now e Um Sonho de Liberdade também. Mas nenhum
destes recursos seria engraçado o suficiente não fosse o carisma de que dispões
os adoráveis e cínicos personagens do título. Recentemente escrevi >>>
AQUI <<< sobre o primeiro longa-metragem do grupo, de 1979, e lá
ressaltei: ainda que com expressões pré-definidas e os movimentos faciais
restritos ao abrir e fechar da boca, os Muppets conseguem diversas vezes
alcançar uma variedade incrível de sentimentos e emoções, e jamais duvidamos
que ao invés de mãos e fios, por dentro eles possuam de fato uma alma. Kermit,
Miss Piggy, Fozzie, Gonzo e Animal, entre os mais conhecidos, até o vilão
Constantino, todos tem personalidades próprias e tiradas memoráveis,
principalmente quando contracenando com figuras de carne e osso como Gervais,
Ty Burrell e Tina Fey. Assim sendo – outra vez - dificilmente um filme voltado para
o público infantil, apesar de sua paleta de cores básicas, músicas e gags
visuais recorrentes, Os Muppets 2 não
traz nada de novo para a mitologia dos fantoches, mas tampouco subtrai, somando
no mínimo mais um episódio de diversão para quem adere ao seu humor, o que,
despretensiosamente, é o que alcança com louros esta continuação.
NOTA: 9/10
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