sexta-feira, 27 de junho de 2014

OS MUPPETS 2: PROCURADOS E ARMADOS



Começando precisamente do ponto em que seu antecessor havia terminado, Os Muppets 2: Procurados e Armados não demora e já engata uma canção bem humorada, cínica e de cunho metalinguístico anunciando que o filme a que estamos assistindo trata-se de uma sequência. Basicamente trazendo de volta todas as principais características do humor exercido pelos fantoches criados em 1976 por Jim Henson e Frank Oz.


Kermit (Steve Whitmire) e seus amigos voltaram, como ficou claro em Os Muppets (2011), mas estão desamparados, pois agora que estão juntos não sabem o que fazer da carreira. É quando surge em cena Dominic Badguy (Ricky Gervais), que como já sugere seu sobrenome trata-se de um cara do mal. Dispondo-se a ser o agente artístico da trupe, na verdade se descobre que o sujeito trabalha com o criminoso número 1, Constantino (Matt Vogel), que sendo um fantoche de sapo também, sequestra e toma o lugar de Kermit, usando o alarde das apresentações dos Muppets para disfarçar roubos e arrombamentos que a dupla realiza atrás de pistas que os levarão às joias da coroa britânica.



“A sequência nunca é tão boa” diz parte da música de abertura em uma de suas muitas piadas; afirmação que felizmente fica apenas restrita ao sentido jocoso, já que não só Muppets 2 é divertido como o primeiro longa-metragem - e em mais ampla observação, como todos os outros seis filmes já protagonizados pelos bonecos – como também é superior em magnetismo e ritmo. Não à toa, as músicas são constantes e as participações especiais devem ter triplicado em quantidade, e até o mais insípido dos figurantes parece merecer um nome famoso para interpretá-lo. Lady Gaga, Tony Bennett, Josh Groban, Tom Hiddleston, Toby Jones, James McAvoy, Chloë Grace Moretz, Frank Langella, Saoirse Ronan, Miranda Richardson, Zach Galifianakis (repetindo a ponta que já fizera anteriormente), Usher, Stanley Tucci e Christoph Waltz estão entre esses nomes. Embora as participações de Céline Dion, Ray Liotta e Danny Trejo sejam especialmente hilárias. “Boa noite Danny Trejo" me arranca gargalhadas ainda agora enquanto relembro da piada.



Além disso, as referências cinematográficas passeiam de Bergman com O Sétimo Selo, até Jerry Maguirre, passando por Apocalipse Now e Um Sonho de Liberdade também. Mas nenhum destes recursos seria engraçado o suficiente não fosse o carisma de que dispões os adoráveis e cínicos personagens do título. Recentemente escrevi >>> AQUI <<< sobre o primeiro longa-metragem do grupo, de 1979, e lá ressaltei: ainda que com expressões pré-definidas e os movimentos faciais restritos ao abrir e fechar da boca, os Muppets conseguem diversas vezes alcançar uma variedade incrível de sentimentos e emoções, e jamais duvidamos que ao invés de mãos e fios, por dentro eles possuam de fato uma alma. Kermit, Miss Piggy, Fozzie, Gonzo e Animal, entre os mais conhecidos, até o vilão Constantino, todos tem personalidades próprias e tiradas memoráveis, principalmente quando contracenando com figuras de carne e osso como Gervais, Ty Burrell e Tina Fey. Assim sendo – outra vez - dificilmente um filme voltado para o público infantil, apesar de sua paleta de cores básicas, músicas e gags visuais recorrentes, Os Muppets 2 não traz nada de novo para a mitologia dos fantoches, mas tampouco subtrai, somando no mínimo mais um episódio de diversão para quem adere ao seu humor, o que, despretensiosamente, é o que alcança com louros esta continuação.


NOTA: 9/10




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