Nesta edição, quem deu uma passadinha recomendar alguns títulos foi a Ana Maria Bahiana. Jornalista cultural, autora, roteirista e correspondente internacional, já trabalhou para o Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo, O Globo e o Jornal do Brasil. Dentre outras publicações de sua autoria, também escreveu Almanaque 1964, livro em que recura o ano do Golpe Militar no Brasil através de um panorama cultural da época. Hoje ela é uma das únicas brasileiras a fazer parte da Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, que é responsável por escolher e premiar os vencedores do Globo de Ouro.
Alguns filmes para entender o que está acontecendo
Para entender o transe social-político que estamos vivendo agora, no Brasil e no mundo todo, recomendo, em primeiro lugar, uma trinca de filmes de um tempo que espelha este: Sob o Domínio do Mal (1962), Três Dias do Condor (1975) e a A Trama (1974).
Para entender o transe social-político que estamos vivendo agora, no Brasil e no mundo todo, recomendo, em primeiro lugar, uma trinca de filmes de um tempo que espelha este: Sob o Domínio do Mal (1962), Três Dias do Condor (1975) e a A Trama (1974).
Sob o Domínio do Mal (1962) conta a história de um oficial da inteligência do exército estadunidense (Frank Sinatra) que, depois de servir na Guerra da Coreia, começa a ter pesadelos envolvendo o seu antigo sargento, Raymond Shawn (Laurence Harvey). Quando decide visitar o homem, descobre que, apesar de estar vivendo bem, o militar se submete aos caprichos e temperamentos da mãe (Angela Lansbury), uma extremista de Direita que acusa qualquer oposição de Comunismo. Aos poucos, o oficial percebe que outros ex-companheiros de batalha também sofrem com pesadelos similares, todos, de alguma forma, ligados ao sargento Shawn. Indicado aos Oscars de Melhor Atriz Coadjuvante (Lansbury) e Montagem, também ganhou um remake em 2004, com Denzel Washington e Meryl Streep.
Três Dias do Condor (1975) é um filme de conspiração. Um agente da CIA (Robert Redford) que trabalha apenas com processos internos, é responsável por ler livros e romances policiais em busca de ideias para operações da Agência. Um dia, depois de voltar do almoço, ele encontra todos os seus colegas mortos no escritório. Sem saber o que fazer e perseguido pela própria organização, ele se junta com uma jornalista (Faye Dunaway) para tentar descobrir o que está acontecendo. A direção é de Sidney Pollack, e o filme foi indicado ao Oscar de Melhor Montagem.
Em A Trama (1974), o repórter Joseph Frady (Warren Beatty) investiga o assassinato de um proeminente senador, caso que só fica mais estranho quando ele nota que vários dos jornalistas cobrindo o caso também estão morrendo. Decidido a descobrir a verdade, ele começa a perceber que tudo gira em torno de uma grande corporação multinacional.
Para entender como se fazem tiranos, há sempre a magnífica opção de Ricardo III, de Shakespeare - nos filmes de 1955 e 1995, estrelados por Sir Laurence Olivier e Sir Ian McKellen, respectivamente. A história também foi adaptada na série The Hollow Crown (2012), da BBC, onde o personagem foi interpretado por Benedict Cumberbatch.
Destes, Ricardo III (a versão de 1995), é uma das mais interessantes porque reimagina a peça de Shakespeare sobre o curto reinado do rei que dá título ao filme, em uma versão contemporânea à Segunda Guerra Mundial. Nessa realidade, a Casa Lancaster entrou em guerra contra a Casa de York, para combater um cruel ditador (Sir Ian McKellen). Indicado aos Oscars de Melhor Figurino e Desenho de Produção, tem ainda no elenco Annette Bening, Robert Downey Jr. e Maggie Smit.
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Entenda o que é, porque existe e leia as outras edições do projeto O Cinema Diz: #EleNão, em que convidei várias pessoas para escolher e escrever sobre um filme que converse com a nossa situação política, no intuito de refletir e ilustrar os riscos que estamos correndo.
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