sexta-feira, 17 de junho de 2011

FILMES EM SÉRIE #2



X-MEN : O FILME



     Os mutantes são uma nova raça que possuem poderes especiais únicos. O professor Xavier luta para unir mutantes e humanos gerenciando uma escola especial para jovens mutantes, onde ensina a cada um deles a lidar com seus poderes de forma construtiva. Mas há Magneto, um mutante que tem fixa a idéia de que mutantes e humanos não podem viver juntos por muito mais tempo, e pretende transformar a todos os humanos em mutantes. Logan, também conhecido como Wolverine é logo recrutado para a escola do professor Xavier, onde ao lado dele e de mutantes como Tempestade, Jean Grey, Ciclope e Vampira vai tentar impedir Magneto de cumprir seu plano.


     Este primeiro filme tem uma boa introdução de personagens, efeitos razoáveis para seu orçamento e época e um roteiro muito bom, que acerta ao focar os mutantes e seus dilemas, tais como o preconceito da sociedade e a interação de seus poderes com esta última. Há boas atuações por parte dos veteranos, vide Ian McKellen na pele de Magneto que irônico e sombrio passa todo o rancor guardado pelo vilão, que ao contrário de muitos vilões de filmes de super herói por ai, ganha tridimensionalidade nas mãos do ator e do roteirista Tom DeSanto. Ainda há o ator que viria a se tornar ícone dos filmes, Hugh Jackman como Wolverine, que mesmo tendo que ser um grosseirão de primeira, não consegue não esbanjar carisma e por isso sendo o personagem mais cativante do filme.


NOTA: 10/10


 X-MEN 2



     Um militar pretende armar uma vingança contra os mutantes, e é ai que o Professor Xavier e Magneto, vão ter que unir seus grupos para enfrentar esta ameaça.


     Com um planejamento e orçamento melhores que antes, esta continuação do sucesso de bilheteria traz tudo que havia feito seu antecessor um sucesso, e consegue repeti-lo. Apresentando novos mutantes e nunca esquecendo de desenvolvê-los todos (os velhos e os novos) o filme também abre para muitas fantásticas cenas de ação e tensão pura, se abusando da quantia maior de dinheiro que o filme recebeu. Há neste filme, diálogos fantásticos que aprofundam mais as questões morais em relação aos poderes dos mutantes e seu impacto na sociedade. O roteiro nunca se esquece, porém, as motivações de cada um dos personagens, mesmo que temporariamente eles estejam juntos. A cordialidade com que se tratam resulta em momentos de divertimento, mas também de reflexão. Afinal, Magneto estaria assim tão errado sobre nós?


NOTA: 10/10

X-MEN : O CONFRONTO FINAL



     Os humanos descobriram uma cura usando um jovem mutante capaz de retirar os poderes de outros. O governo então passa a disponibilizar esta cura para os mutantes interessados, mas Magneto tem certeza de que logo esta cura será imposta a eles e pretende destruir a fonte da cura. Ao mesmo tempo, os x-men têm que lidar com o ressurgimento de Jean Grey como Dark Phoenix, uma criatura puramente instintiva que não tem controle nenhum sobre os poderes da garota.


     O grande problema deste terceiro filme é a sua duração, que curta não supre a necessidade que o roteiro tinha para desenvolver melhor os novos conflitos dos velhos personagens e os dos novos. Assim sendo, não há profundidade nesses seres que vemos durante o filme, ao contrário dos anteriores onde podíamos sentir e refletir sobre cada uma das questões levantadas a cerca de qualquer um deles. Este problema pode e na verdade deve ser culpa da troca da direção, que deixa Bryan Singer para trás (na época envolvido com Superman) e é assumida por este irregular Brett Ratner que não tem estilo nenhum e não investe em nada na humanização desses personagens, coisa que antes era tão bem feita por Singer. Mas no resto o filme cumpre seu papel como final de trilogia (aquela regra de qualquer um pode morrer é levada a sério), boas cenas de ação e bons efeitos especiais conduzem a maravilhosa cena da batalha final, sem contar que ainda há boas tiradas do roteiro aqui e ali, seja piada ou não. E mesmo que sem a mesma força que nos anteriores, aqui se abre espaço também para o preconceito tão bem retratado antes, que no decorrer do filme ganha espaço para as discussões como "deixar de ser porque não me aceitam?", um tema muito atual principalmente no que diz respeito às famosas instituições religiosas que propõe, por exemplo, converterem homossexuais em heterossexuais.


     Os atores conseguem estabelecer seus personagens mais uma vez e o destaque para os novatos vai para Kelsey Grammer que o pouco que aparece como o Fera passa toda a delicada situação do personagem. O filme ainda fecha (ou não) a trilogia com bastante êxito, fechando todos os arcos, mesmo que abruptamente, deixando uma boa ponta para uma nova trilogia na cena pós créditos.


NOTA: 8/10


X-MEN ORIGENS: WOLVERINE



     Este longa conta a história do mutante mais popular dos x-men, Wolverine. Aqui acompanhamos Logan um mutante que ao lado do irmão, Victor, passou por décadas de guerras. Chamados para fazer parte de uma equipe especial formada apenas por mutantes, os dois passam a cumprir missões pelo mundo, mas quando a violência começa ser muito usada, Logan se afasta do grupo. Mas alguns anos depois, ele descobre que não nem tudo acabou, e que logo vai ter que enfrentar seu passado outra vez.


     De longe este é o pior filme de toda franquia, até porque não é bem um filme da franquia e sim uma a parte. O roteiro simplesmente esquece de desenvolver qualquer um em tela, deixando os atores a própria sorte para fazerem o melhor que podem com o pouquíssimo que tem. Sorte que o elenco conta com Hugh Jackman e Liev Schreiber que estabelecem uma química ótima durante o filme, praticamente arrastando-o nas costas até o fim, já que a única coisa realmente interessante no filme é ver os dois atores contracenando. Na época do lançamento vazou uma cópia com os efeitos inacabados, mas parece que o próprio filme ainda possuí vários deles assim, vide a cena do banheiro e o Green Screen Descarado no final. Mas é inegável que pelo menos o filme tem boas cenas de ação, uma ou outra na verdade, como a cena do helicóptero, mas têm. Não contribuindo em nada para a saga, o filme soa muito efêmero, não levantando sequer os famosos temas sobre o preconceito que antes eram tão bem explorados, sempre em uma abordagem diferente em cada filme.


NOTA: 4/10

X-MEN : PRIMEIRA CLASSE



     Há algum tempo vinha saindo cartazes e trailers deste novo filme dos x-men, e admito, não me inspiravam nenhuma vontade de assisti-lo, e sim de repudiá-lo, já que a arte de sua campanha de marketing soava falsa, barata e feita as pressas, normalmente sinais de um filme não muito bom. E para minha grande satisfação, eis que sou presenteado com a ótima surpresa de um filme completo, esperto, e recheado de talentos na frente e por trás das câmeras.


     O filme começa do mesmo jeito que o primeiro da trilogia original, acompanhando a dramática separação de Erik Lehnsherr de seus pais em um campo de concentração na Segunda Guerra Mundial, que acaba por revelar seus poderes mutantes (Ele mais tarde vem a se tornar Magneto). A infância do garoto ainda é marcada por uma tragédia, em contra ponto somos apresentados a Charles Xavier, filho de uma família rica que também possuí dons e que logo "adota" uma amiga mutante, Raven. Alguns anos depois na década de 1960, Erik (Michael Fassbender) procura pelo mundo por Sebastian Shaw (Kevin Bacon) o nazista responsável pelos horrores em seu passado, enquanto isso Charles e Raven são recrutados para uma divisão especial da CIA que pretende achar mutantes que estão armando secretamente uma guerra entre os EUA e a URSS, mutantes esses liderados por ninguém mais ninguém menos que Shaw. É no meio destas buscas que Erik e Charles se encontram e se unem sob o objetivo em comum de encontrar o vilão. Mas eles não estão sozinhos e logo começam uma busca por outros mutantes para poderem enfrentar juntos esta difícil missão.


     Um dos grandes méritos deste novo filme (e ele tem muitos) é seu roteiro, que aliado a uma montagem acertada, constrói gradativamente cada personalidade. De completos estranhos, dos quais só os nomes nos são familiares, os personagens aos poucos passam a se tornar aqueles que conhecemos tão bem. Dando atenção a todos os indivíduos que apresenta, o filme avança com calma (mas nunca sem ritmo) por cada um deles, nos dando tempo o suficiente para digeri-los e então começarmos a curti-los em tela. E este processo torna-se primoroso não só ao vermos nascerem nossos mais amados (e talvez alguns odiados) personagens, mas também ao ver suas motivações e singularidades. Cada linha de roteiro é dedicada a eles e nenhuma é desperdiçada. E isso sem nunca perder a história de vista, desenvolvendo bem as tramas e amarrando cada pontinha. E não só amarrando uma trama na outra, mas também amarrando-as de forma genial no contexto político da época e em fatos relevantes da história da Guerra Fria. E que felicidade ver aqui de novo surgir o tema do preconceito, que nos filmes anteriores sempre surgia com uma abordagem diferente em cada um (No primeiro era a diferenciação proposta pela sociedade, no segundo a repulsa da mesma e no terceiro era a tentativa de conversão dos mutantes), aqui não faz feio, desta vez abordando a aceitação dos mutantes por si próprios, ou seja, o auto-preconceito. E novamente pode-se fazer um bom paralelo com o tema da homossexualidade, já que aqui é bem destacado a aceitação que cada um tem de si mesmo em relação aos seus poderes, sem contar a frase que faz o slogan desta aceitação durante o filme: "Mutante com orgulho!". Afinal é tão ridículo assim comparar a situação da sexualidade com os mutantes do filme? É tão diferente assim o personagem Fera se sentir constrangido ao ser revelado como mutante acidentalmente, de um garoto ou de uma garota que, em situação parecida venha a ser descoberto como um homossexual? Assim o filme ganha pontos, não por fazer uma analogia a realidade dos movimentos GLS mas por desenvolver tão bem a mesma temática aplicada no mundo dos mutantes.


     Palmas para a parceria entre a roteirista Jane Goldman e o diretor Matthew Vaughn que repetem a dobradinha pela terceira vez. Mas a boa parceria no roteiro não valeria de nada se Vaughn fosse um canastrão na hora de ligar as câmeras. E ele não é. Vindo do recente e muito elogiado Kick-Ass: quebrando tudo o diretor mantém o padrão de seu trabalho anterior sabendo mais do que nunca como explorar um super herói em desenvolvimento. Presenteando o espectador com cenas belas e intimistas, planos curiosos (como a do banco em que os rostos dos personagens que conversam são refletidos na barra de ouro entre eles) e ainda ótimas sequências de ação. Vaughn consegue ser brutal nas horas certas, sem nunca mostrar mais do que uma ou duas gotas de sangue, tudo graças a enquadramentos inteligentes como o do plano final no bar argentino ou o da marcante tragédia no começo da história. O diretor ainda consegue conduzir sabiamente as cenas de ação, principalmente no que diz respeito ao clímax, onde se vê claramente que o filme não teve o orçamento necessário para explorar ou desenvolver melhor seus efeitos digitais, cabendo a direção despistar estes efeitos com tomadas rápidas e de zoom fechado (reparem na perseguição entre Banshee e Anjo), poucas vezes deixando o baixo orçamento aparecer em tela. E olha que esta tarefa não é tão fácil quanto parece, já que ainda por cima, Vaughn opta por uma fotografia sempre clara e aberta (reparem como filmes de baixo orçamento com efeitos visuais, normalmente são escuros e fechados), tornando a tarefa do realizador ainda mais complicada. A dobradinha ainda é responsável por momentos de pura tensão, daquelas de grudar na cadeira, vide a virada de câmera que o diretor usa na cena inicial entre Shaw e o jovem Erik, que não só sublinha o que o vilão queria dizer com "Uma coisa pode se dizer dos nazistas, seus métodos funcionam" mas que também cria a partir daquele momento até o fim da cena uma tensão crescente e fabulosamente bem trabalhada graças ao que esta virada nos revela do cenário. A sequência com mísseis no final também merece muitos aplausos, porque depois de acompanharmos durante tanto tempo o desenvolvimento daqueles personagens, chega a arrepiar ver finalmente os dois amigos, Charles e Erik, encontrarem o ápice de suas diferenças, mais impactante e melhor trabalhado até que a transformação de Anakin em Darth vader (até porque aqui, Erik não vira um inimigo de Xavier), tudo isso enquanto torcemos os troncos nas cadeiras do cinema torcendo pelo que vai acontecer com certos mísseis.


     Antes de se tornar X-men : primeira classe, este projeto pretendia ser um filme solo do personagem Magneto, seguindo a linha de X-men Orginens: Wolverine. Mas mesmo mudando de nome e de proposta, o filme possuí um protagonista óbvio, ele, Magneto. Mas apostar alto assim em expor tanto um personagem tão icônico para os fãs da série, tanto em quadrinhos quanto dos filmes, teria sido um desastre caso o papel tivesse caído nas mãos de algum ator inexperiente ou simplesmente ruim. E ai está um dos maiores acertos deste longa, a contratação de Michael Fassbender, que depois de fazer uma boa aparição em Bastardos Inglórios de Tarantino, ganhou espaço nesta produção. O ator esbanja talento ao focar Erik no seu passado, atormentado pela raiva e rancor acumulados durante anos, Erik nas mãos de Fassbender é um homem marcado (não só fisicamente) pelo Holocausto, agindo violentamente contra aqueles em seu caminho, refletindo o seu passado de torturas, ele não escolhe lados, tem seus próprios objetivos, mas o que o torna diferente destes personagens ambíguos tão comuns é de longe a sua capacidade de sentir algo, começar amizades, e essa capacidade do personagem tão bem equilibrada pelo ator, é que nos possibilita sentir a força da separação dos times de Erik e Charles. O arco dramático percorrido pelo personagem também é mérito de Goldman e Vaughn, que dão especial atenção a formação do caráter de Erik, dando o toque de realidade que o espectador precisava para acreditar nele. Então acompanhamos o personagem vir de uma personalidade transtornada, agressiva e fria para uma pessoa calma, rancorosa mas que ainda assim não é o tão usado "puramente mau". Chegando ao ápice de sua transformação, somos apresentados a uma bela cena em que Charles assiste a uma lembrança de Erik quando criança junto com a mãe, e assim como acontece com ambos os personagens, não há como não se emocionar com a sequência. O ator ainda sabe dar a vivacidade que o papel pede nos minutos derradeiros da projeção, quando finalmente veste o capacete que impede que leiam sua mente, assumindo a postura radical do já conhecido Magneto, mas ainda assim possuindo a compaixão e o respeito por Charles na surpreendente cena da praia.



     E claro, que Charles Xavier, o famoso Professor-X, também tem seu destaque, interpretado divertidamente por James McAvoy, o personagem ganha seriedade e bom humor, mas para a surpresa de todos, ganha também um ar de galã, charmoso a ponto de ser um conquistador. McAvoy passa a gentileza e serenidade de Charles em seus movimentos leves e na fala macia. Marcando muito bem quando o personagem usa seus poderes levando dois dedos à cabeça. 


     Mas o elenco todo pode ser destacado, já que como citei, todos são bem explorados, até aqueles que aparecem um uma ou duas cenas, tornando muito fácil a interação do público com estes personagens. Nicholas Hoult mantém o jovem cientista nerd Hank McCoy muito bem, sabendo explorar seu constrangimento quanto a sua mutação, e seu lado obsessivo em contorná-la. Lucas Till que interpreta Alex Summers, um mutante que não por acaso recebe o apelido de Destrutor, parece que não seria um bom ator em outra produção ou em um papel de maior destaque, mas aqui cumpre bem o papel de Bad Boy, revelando em certa cena trágica, os temores de seu personagem de forma convincente. Cabe a Caleb Landry Jones ser o alívio cômico da turma como Banshee, não fazendo nada de mais, mas ainda sim carismático com o seu pequeno personagem. Mas quem se destaca na turma de coadjuvantes é a bela Jennifer Lawrence que interpreta Raven que mais tarde viria a ser Mística, enterrando nos expressivos olhos toda magoa que a personagem tem com a própria aparência, cabendo a ela protagonizar uma das mais sublimes cenas do filme, quando Raven decide aceitar sua mutação, e nua sente os pés tocarem o tapete enquanto a câmera desliza por seu corpo numa bela tomada de Vaughn. Há aqui também (o sumido!) Kevin Bacon, como Sebastian Shaw, que parece se divertir bastante no papel do cartunesco vilão, que lembra muito os famosos vilões de James Bond, vestindo sempre roupas bregas e coloridas, com um plano megalomaníaco ele tem direito até a um submarino particular todo decorado classicamente por dentro e a capangas esquisitões. Entre estes capangas está January Jones que interpreta a bela e mortal Emma Frost, que acaba sendo o ponto fraco do elenco, pois a atriz que deveria ser a perfeita femme fatale acaba caindo em uma falta de expressividade notável. O resto do elenco está apenas bem, não prejudicando o filme nem se destacando (embora eu reafirme que todos ganham o devido destaque durante a projeção). Destaque vai para o momento em que cada um apresenta seus poderes em grupo e decidem seus apelidos, o acaba fazendo estes codinomes surgirem de forma natural na trama. 



     O filme também não esquece da época em que se passa, garantindo que a direção de arte seja colorida e brega não só para Shaw mas para o resto do elenco principalmente no que se trata dos uniformes dos x-men ao final do filme. Os cenários tratam de trazer este clima sessentista para nós, apostando em ambientes amplos, bem iluminados e também coloridos. Mas no que se trata da parte técnica que dá alma ao filme, merece ser lembrada a fabulosa trilha sonora de Henry Jackman que surge nos momentos certos para destacar cada sentimento expresso em cada cena, destaque para o tema de Magneto que é fantástico. 

     
     

     Sendo um grata surpresa, este X-men: primeira classe acaba com um gostinho quero mais, muito mais, graças a sua bela execução pela parte do roteiro e direção, ao seu acertadíssimo elenco e a sua área técnica que se adéqua de maneira eficiente ao resto da produção, que como um todo, nos entrega um belo exemplo de um bom Blockbuster de verão feito de maneira inteligente


NOTA: 10/10 

Links relacionados: O "Rapaduracast" o Podcast do portal cinema com rapadura dedica uma de suas edições duplex a saga dos mutantes, tanto nos quadrinhos e na tv como no cinema. http://www.cinemacomrapadura.com.br/rapaduracast/?p=6546

Um comentário:

  1. Ah, tendo o James McAvoy o filme já é bom. :D

    Percebi que o meu gato de estimação tem os olhos iguais ao da Mística :x

    ótimas críticas :)

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