segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

CRÍTICA: 1917


O que é “realista” em um filme se tudo nele é encenado, recriado e artificial? Se partirmos do princípio de que mesmo os documentários são baseados na intenção de se criar uma narrativa, então até o mais esforçado filme de guerra, ainda que venha embalado com todos os seus efeitos visuais e sonoros, com as réplicas de figurinos e a maquiagem convincente, ainda assim se trata do recorte e da visão particular de um ou mais artistas.

O que o Cinema pode fazer, no entanto, como forma de Arte, é buscar os sentimentos e sensações para simular uma experiência de forma “realista” através da sua linguagem. Por exemplo, talvez o estouro de uma bomba não seja tão barulhento na vida real, mas se o editor de som decide sacrificar esse “realismo” e colocar o estouro com um volume ensurdecedor, a sensação de surpresa e medo passada para o espectador vai estar bem mais próxima do pavor experimentado por um soldado que tenha ouvido uma explosão de verdade. E esta é a lógica seguida por 1917. Aliás, essa é a única lógica seguida pelo filme dirigido por Sam Mendes, que se por um lado é hábil quando decide fazer o público experimentar a sensação de estar numa guerra, por outro, falha por não convencê-lo de que estar lá é uma coisa ruim.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

CRÍTICA: ADORÁVEIS MULHERES


Assistindo Adoráveis Mulheres, cheguei aos créditos finais com vontade de procurar uma casa vizinha a das irmãs March e mudar para lá. Aliás, pro inferno com essa etiqueta toda, queria era morar junto com elas, dividir seus atritos, fazer parte do seu clube de teatro, ansiar pelas cartas do pai, encenar as peças de Jo, posar para as pinturas de Amy, coser roupas com Meg e aprender piano com Beth. Claro, provavelmente eu digo isso porque sou homem em um universo em que homens sempre foram privilegiados, e desejar cegamente fazer parte do companheirismo, da admiração, do carinho e da dedicação que as mulheres March partilham entre si, é ignorar que essas características resultam da necessidade e não apenas do prazer. À frente de suas ambições pessoais, de seus amores e perdas, as March colocam umas as outras como prioridade, para que, com essa rede de apoio, possam sobreviver e prosperar em um mundo que não as enxerga e nem lhes dá direito a ser nada além de futuras esposas e mães dos homens de amanhã.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

OS MELHORES DE 2019



Passadas as festas de final de réveillon, consegui organizar a lista com os meus títulos favoritos do ano que passou. Como sempre, considerei apenas aquilo que chegou comercialmente no Brasil em 2019. Aqui, portanto, está a seleção por ordem de preferência das 16 melhores coisas que assisti neste período.

2. O Irlandês 
3. Varda por Agnès 
4. Parasita 
6. Nós
7. Watchmen
9. Midsommar
10. Bixa Travesty
11. Vingadores: Ultimato
13. Gloria Bell
14. Dor e Glória
15. Era uma vez em Hollywood
16. Assunto de Família

  • eu sei que “Watchmen” é uma minissérie, mas caguei, a lista é minha e essa é, de fato, uma das melhores coisas que assisti esse ano.
  • sobre alguns deles eu escrevi, nesses casos basta clicar no nome para ler a crítica.

E aqui abaixo segue uma lista em ordem alfabética de outros 22 longas-metragens de 2019 que também adorei, tanto que quase entraram nessa lista final e, por isso, merecem uma menção honrosa: 

Aladdin
Cafarnaum
Clímax
Democracia em Vertigem
Deslembro
Dois Papas
Doutor Sono
El Camino
Ford vs Ferrari
Guerra Fria
História de um Casamento
John Wick 3: Parabellum
A Luz no Fim do Mundo
No Portal da Eternidade
Rocketman
Sócrates
Suspiria
A Vida Invisível

E, óbvio, se existem os melhores, existem também os filmes de que menos gostei em 2019. Seguem os piores títulos que chegaram no Brasil no ano que passou para esse que vos escreve.

1. Cats
2. Bio
5. Ad Astra
6. Sai de Baixo: o Filme
7. Alita
8. Cemitério Maldito
9. Godzilla II
10. Vidro