segunda-feira, 11 de abril de 2011

DA SÉRIE TEORIAS #1

    Estou criando este espaço para conclusões sobre cinema em geral, seja sobre as tramas dos filmes ou sobre o mundo cinematográfico em si. Nessa primeira edição vou falar um pouco (só um pouco eu prometo) sobre uma distinção generalizada de categorias de adoradores de cinema (ufa!) sobre a qual divaguei sexta no ônibus após uma terrível sessão de As Mães de Chico Xavier. 
     Então, estava eu com a cabeça escorada no vidro do ônibus, ouvindo nos meus fones de ouvido "Wake Up" do Arcade Fire, quando... muito descritivo né? Então, este ano eu comecei a fazer Faculdade de Cinema e como consequência entrei em contato com muitos adoradores de cinema de muitos tipos, além daqueles que eu já conhecia. Assim comecei a separar estas pessoas em grupos, e de um modo bem generalizado elas acabaram  postas em três grandes e óbvios grupos: Críticos, Cinéfilos e Cineastas.

OBS: é tudo uma teoria minha, aberta a sugestões e opiniões diferentes que levem a uma mudança de ótica se preciso.

CRÍTICOS:

     Crítico é um cara que (normalmente) estuda o cinema em seus vários aspectos para poder realizar seu trabalho, tenta estar sempre o mais atualizado possível sobre os lançamentos, todos eles, seja um minimetragem feito com uma câmera de manivela por Lars Von Trier em seu banheiro sobre baratas depressivas, seja o mais novo lançamento de James Cameron sobre o náufrago de um navio alienígena do futuro que custou 500 milhões de dólares.
     "Mas então eles não poderiam ser cinéfilos?" E SÃO! Só que um bom crítico procura apreciar cada filme sem preconceito nenhum, e se não o faz, deveria. Eles são o test drive do espectador comum, eles vão na frente pra ver se presta. Eles são cinéfilos com compromisso. Os coitados tem que ver de obras primas a filmes teen americanos da pior raça, e pra isso meus caros leitores, tem que ter coragem. Na opinião deste que lhes escreve um bom crítico é descontraído, bem informado, coerente e fala sobre os filmes! não fica gastando linha ( e paciência) se fazendo de revista "Tititi" nos dando os maiores "babados" da produção. Ainda bem que desses últimos ai tem poucos.
     Interessante é notar que a maioria das pessoas que lêem os críticos de cinema, são cinéfilos que querem ser críticos, já que por experiência própria notei que poucos cinéfilos lêem críticas. O público comum não chega a ler a crítica em si, pois quando a procura (ou esbarra nela) só vê a nota dada, que normalmente vai de 1 a 10 ou de 1 a 5. Nota essa que os coitados dos críticos sofrem para dar, como se pode fazer uma análise e dar uma nota para aquilo como um todo? Imagina se os Psicólogos dessem notas para as pessoas depois de uma consulta? Assim como as pessoas, cada filme tem altos e baixos (em vista que eles são feitos por elas seria improvável que eles não fossem a imagem do criador, profundo né?) e as vezes é difícil dar uma nota adequada para o produto como uma unidade. Este grupo é marcado (ou deveria ser) pela sensatez e clareza, pela informação e abrangência destas, pela calma e paciência e por fim pelo dom observador e claro, crítico.




CINÉFILOS:

     O grupo mais divertido destes pode ser dividido em três sub-grupos em minhas observações: Conservadores, Modernos, e Abrangentes.

Conservadores: Normalmente, cinéfilos com certa "estrada percorrida" este grupo se caracteriza por idolatrar  o cinema mais antigo, dos grandes "clássicos", dando pouco valor ao cinema atual, a não ser que este esteja ligado diretamente na produção com aqueles "das antigas". Quase sempre radicais, não costumam aceitar remakes, homenagens ou menções a filmes que gostam ou mesmo a filmes que sejam da época que gostam. Os mais extremistas ainda não aceitam que possam se criar clássicos hoje em dia, classificando tudo como no máximo "bom". Ainda há o sacrilégio que é encontrar por ai, uns extremistas de pouca idade. Outro dia ainda falava com um de apenas 17 anos (minha idade!) que acreditava que o cinema parava de produzir clássicos nos anos oitenta e que hoje em dia era raríssimo se ter um filme ótimo a cada dois anos. É triste porque a pessoa em questão tem um conhecimento e potencial de conhecimento muito grandes para uma linha de pensamento tão limitada. É claro que não são fãs dos efeitos digitais, e de novas linhas narrativas.

Modernos: Ao contrário dos conservadores, estes adoram o cinema atual e o veneram como fruto de décadas de "testes" cinematográficos, ou seja, ignoram a importância da história do cinema pelo menos até os anos noventa. Eles podem ser mas receptivos e ir atrás do cinema "antigão" mas sempre dando mais importância e valor ao atual, ou eles podem ser extremistas e só reconhecerem como cinema aquilo que for mais moderno e "inovador" chegando ao ponto de achar ridículo quem procura conhecer as raízes do cinema.

Abrangentes: Os abençoados que conseguem ver a indústria cinematográfica sem preconceitos de época, sabendo atribuir os devidos valores a cada filme relacionando-o com seu tempo, recursos e contexto. Quase sem reservas sabem reconhecer clássicos antigos e modernos, sabendo diferenciar quem se inspirou em quem. Pessoas ótimas de se conversar sobre o assunto, elas não tem uma face extremista pelas minhas observações.



CINEASTAS:

     Esse grupo é formado por pessoas que podem estar nos dois grupos anteriores, ou, acreditem, não. E quando digo "cineastas" não me refiro apenas a pessoas que exercem a profissão, mas a todos aqueles que fazem filmes de alguma maneira, ou que gostam de fazer ou que gostariam de fazer. De Spielberg ao "Jõazinho" com a câmera digital dos pais. Esses caras não precisam entender de cinema, basta quererem fazê-lo para estarem aqui, e foi com grande surpresa que descobri isto, já que nem todos os meus colegas de cinema são cinéfilos ou críticos. Muitos não vêem filmes com frequência e pouco conhecem dos clássicos e dos lançamentos atuais, estando mais interessados em fazer seus próprios projetos. É claro que há aqueles que conhecem tudo e amam tudo sobre cinema, e que normalmente acabam por fazer filmes homenagem (Tarantino). Enfim este é o grupo que não só adora cinema, mas que tenta fazer parte dele.



Nota final:

     Depois de analisar cuidadosamente ("eu decidi não aprovar o parque...") eu me peguei como um ser tentando (veja, tentando) ser algo entre esses três grupos, tentando ter um senso crítico, sem preconceitos e sempre tentando fazer parte do mundo do cinema.          

Um comentário:

  1. Curiosa a observação sobre os cineastas. Também me surpreendi.
    Legal teu texto, meu velho. Abraço!

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