Iniciada de maneira independente,
a franquia Atividade Paranormal em seus dois primeiros longas-metragens
era um exemplo de economia e sustos elaborados, que exigiam trabalho e inteligência. E se no primeiro filme podíamos entreouvir uma discussão do casal
protagonista enquanto a câmera repousava em um balcão, apontada para a parede,
no segundo acompanhávamos diversas visitas aos ambientes da casa que servia de
cenário, conhecendo a sua rotina noturna, só para daí sim, serem incluídos os
elementos estranhos que a essa altura, por menores que fossem, já estaríamos
aptos a reconhecer, nos arrepiando através do nosso próprio raciocínio, sem que
isso soasse uma intenção artificial dos realizadores.
Uma condução que o terceiro
capítulo já começava a esquecer, ainda que fizesse um uso inventivo das câmeras
subjetivas, e particularmente gosto da tensão provocada por aquela colocada
sobre um ventilador. Já o quarto carecia de criatividade, apresentando
recursos interessantes, como os pontos a laser captados por uma visão noturna,
que eram terrivelmente mal aproveitados. Houve uma sequência ainda mais besta que a
própria franquia desconsidera ao eleger esse aqui o seu verdadeiro quinto
filme. Ao qual enfim chegamos, para constatar que trata-se de um festival de equívocos, comprovando o fim da
transição entre os bons exemplares que iniciaram a série, para o completo e
descartável esquema industrial de produção em série em que ela se transformou.
Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma consegue obliterar
qualquer bom momento dos outros filmes, e parece nem mesmo ter a mínima noção
do gênero com que está lidando, muito menos com o nicho dos found footage. Todo e qualquer susto é
precedido de uma completa aniquilação do som ambiente, o que equivale ao diretor
sair da tela, sentar do nosso lado e sussurrar no nosso ouvido: “se prepara, aí
vem o susto, não vá se assustar”. E quando ele vem, segue uma fórmula que se
repete em todas as outras vezes. Um vulto preto que passa, avança ou surge
muito rapidamente na câmera, acompanhado de um efeito sonoro estupidamente
alto, sendo ele realmente o responsável pelo sobressalto. Fora isso, um dos
crimes mais graves no terror é cometido pelo longa-metragem, que aparentemente
não percebe o seu tropeço e passa a reincidi-lo: o “monstro” é mostrado.
Acometidos talvez de uma revelação
celestial, os membros da produção acharam que seria uma boa ideia para ser o diferencial dessa sequência, trazer o grande vilão da franquia finalmente com
uma forma. A coisa é: concebido com fracos efeitos visuais, tudo o que o
demônio Toby faz sempre que entra em cena, é nos lembrar de que é uma criação
digital e, portanto, que não há porque ser temido, indo contra todo o objetivo de
sua própria função. Aliás, pelo contrário, Toby muitas vezes faz rir, e devo confessar
que gargalhei fartamente na cena em que ele e o câmera fazem uma espécie de
brincadeira de quem está onde em torno de um móvel da cozinha.
Dizem que é o último filme dos Atividade, e rezo para o próprio Toby pra
que seja mesmo. Uma vez que a introdução do 3D aqui não fez nada mais do que
adicionar óculos à expressão de sono do espectador, não sei o que mais poderiam
inventar para uma sexta continuação... Atividade Paranormal 6: Dimensão dos Fantasmas Que Aparecem e Fazem Sexo em 3D, talvez?
NOTA: 1/10
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