quinta-feira, 4 de agosto de 2011

CAPITÃO AMÉRICA


     

     A Marvel Studios vem realmente fazendo um esforço monumental para unir suas franquias de super heróis no cinema no projeto que promete ser um arrasa quarteirão daqueles, Os Vingadores. Assim o estúdio tem se preocupado em colocar todos os seus personagens dentro de um só universo, o que é ambicioso e até agora tem dado bons resultados. Pelo menos se contarmos que os filmes fazem parte de uma grande integração de histórias, já que às vezes, como unidade, eles não se sustentam tão bem sozinhos. E é deste mal que sofre este novo (e muito esperado) longa da Marvel, Capitão América: o primeiro vingador, que a exemplo do recente Thor (outro que faz parte do projeto), se preocupa mais em deixar o terreno preparado para o grande filme do grupo heróico, do que em dar uma finalização satisfatória ao longa em si.


      Decido a representar seu país em um campo de batalha, o jovem, baixinho e magricela, Steve Rogers (Chris Evans), é convidado por um cientista chamado Abraham Erskine (Stanley Tucci) para participar de uma experiência para criar super soldados norte-americanos durante a Segunda Guerra. Depois que o projeto se mostra um sucesso, Rogers se descobre como uma arma letal. Porém, sendo valioso de mais para o governo, é mantido fora das trincheiras, sendo usado como garoto propaganda do exército, obrigado a vestir uma fantasia nas cores do país. Mas depois de descobrir uma trama nazista comandada por um super vilão chamado Johann Schmidt (Hugo Weaving) que atende pela alcunha de Caveira Vermelha, Rogers, agora conhecido como Capitão América, sai à luta não só por seu país, mas pelo destino da humanidade.


     A meu ver o filme possuía apenas um grande obstáculo a ser vencido antes de resolver contar sua história. E foi com muito prazer que vi o roteiro conseguir superá-lo ao colocar em tela um herói que veste a bandeira dos Estados Unidos, mas que leva o nome do continente inteiro, de forma natural, sem apelações patrióticas. Chegando até a criticar tal tipo de propaganda através do comportamento do protagonista que se sente usado e desvalorizado, sentimento bem retratado na hora em que ele faz um desenho de um macaco vestindo as tradicionais roupas do tio Sam, definindo-se como um "macaquinho de circo". Sim, como é usado como símbolo do alistamento e da força do exército norte-americano, Rogers acaba tendo uma desculpa para usar sua fantasia em campo de batalha, não sendo por puro exibicionismo. O roteiro ainda dá um bom Background de seu herói para podermos compreender suas motivações e devoção a causa, assim só espere vê-lo em ação com roupa e tudo depois dos quarenta minutos de filme. E nem de perto isto é ruim (alguém lembra do fabulosos Batman Begins?), já que o diretor Joe Johnston sabe manter o filme interessante, investindo em muitos momentos de humor (ainda que efêmeros) e nos interessantes personagens, que só o são devido à boa performance de seus intérpretes.


     Nada excepcional, porém, é surpreendente ver que quem mais se destaca no elenco é aquele de quem eu mais temia ver o trabalho em tela, Chris Evans. O ator entrega aqui um papel muito diferente dos seus habituais playboys, conseguindo convencer como um jovem determinado e corajoso de quem nunca duvidamos quanto a sua bondade graças as expressões sempre tranquilas e serenas de Evans, que mesmo em momentos de tensão conseguem ser sutis passando a calma controlada do herói. Hugo Weaving que normalmente se saí muito bem, aqui é atrapalhado pela maquiagem do Caveira Vermelha, que embora muito bem feita e surpreenda por usar de técnicas Old School em sua composição, limitam a boa performance do ator a sua voz, já que ele pouco tem a fazer com o rosto que vem com uma expressão pré definida. Assim Weaving se sai muito melhor enquanto assume apenas a persona de Johann Schmidt, sabendo passar com breves olhares o perigo que o vilão representa. Hayley Atwell não se destaca, mas mantém a personagem Peggy como o interesse romântico de Rogers não tendo nenhum grande momento. Assim na área dos coadjuvantes o destaque fica para Dominic Cooper e Tommy Lee Jones que servem como uma espécie de alívio cômico interpretando respectivamente Howard Stark (Sim, o pai do Tony Stark, vulgo homem de ferro) e o General Chester Phillips, a este último, aliás, cabem os momentos mais hilários da produção graças a performance carrancuda de Jones.


     A construção de tais personagens se dá de maneira controlada, avançando de maneira dosada na primeira metade do filme, que é carregada de um teor emocional graças a montagem e a fotografia acertadas. Em tons de sépia enquanto acompanhamos Rogers, o filme consegue diferenciar bem o os lados da guerra ao investir em tons mais frios ao focar os vilões, enquanto a montagem da o tempo certo pra processarmos cada momento em tela. Porém, depois da metade do filme, somos empurrados de ação em ação com cortes abruptos que na intenção de pular a "lengalenga" acabam soando frios, deixando as cenas distantes do público, que simplesmente não consegue entrar no clima, assim quando mais para o final perdemos um importante personagem, o momento não é sentido, mostrando a falta de tato de Johnston para com as emoções no meio da ação, nunca conseguindo inserir o público no filme durante estas, já que quase todas essas cenas, embora esteticamente muito bonitas, são frias e anticlimáticas.


     Os efeitos especiais também não ajudam muito, já que nem sempre eles se encaixam com a fotografia do filme, particularmente incomodando e muito o uso do Green Screen em demasia, que em certas cenas, como a da Expo Stark no começo, fica evidente o uso da técnica, distraindo o espectador da trama. Esta, aliás, que depois de desenvolver tão bem as motivações de seus personagens e dar a eles um arco convincente, resolve simplesmente acabar. Assim, o grande vilão não ganha um final interessante ou mesmo bem explicado, e os personagens de quem aprendemos a gostar durante a projeção, simplesmente nos são tirados sem muita cerimônia, partindo para os minutos finais que se preocupam absolutamente em deixar um final em aberto para Os Vingadores, deixando o filme em si, sem final algum. Entendo que o projeto exija uma ligação entre os filmes, porém, filmes devem se sustentar por si mesmos e não por futuras continuações, assim Capitão América acaba sem acabar, diferente de O Senhor dos Anéis, por exemplo, que por mais aberto que seja o final do primeiro longa, ele ainda tinha um clímax e fechamento de arcos satisfatórios. Aqui nos resta apenas a curiosidade de ver o grande projeto, e a torcida para que este termine o longa em questão.


     Bem feito, divertido, frio em certos momentos, cortando uma empolgação que deveria existir aqui e ali, com personagens interessantes com tramas interessantes, é uma pena que este filme não tenha apenas um clímax mais apropriado para o herói icônico, mas ainda sim é bem conduzido e não se pode tirar os méritos do longa de conseguir se integrar ao já citado projeto Os Vingadores de forma tão impecável. 


P.S. Há a famosa cena após os créditos, que desta vez é um teaser trailer que deixará os fãs malucos!
P.S.[2] O 3D aqui é convertido, então não vale a pena o investimento, já que a profundidade é pouca e os efeitos não ajudam e só ficam mais estranhos e escuros no formato.



NOTA: 7,5/10


Um comentário:

  1. Sou fã dos quadrinhos da Marvel, mas gostei de Capitão América não pelo meu fanatismo, e sim pq é um filme bem bacana.
    Chris Evans fez eu esquecer que ele interpretou Johnny Storm/Tocha Humana nos filmes do Quarteto Fantástico.

    http://brazilianmovieguy.blogspot.com/2011/07/capitao-america-o-primeiro-vingador.html

    Abraço,
    Thomás

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