sexta-feira, 23 de setembro de 2011

GLEE 3D - O FILME

   

     Isso é um documentário? É uma ficção?  Ou é apenas um show gravado? Ao final da sessão, ter a impressão de que se viu as três opções passarem pela tela em algum momento, não é perceber o filme de forma errada. E talvez este seja o maior erro deste projeto, tentar disfarçar com esses três gêneros acima o seu propósito claro e inquestionável: Ganhar rios de dinheiro com um longa que claramente é tudo, menos aquilo que o ótimo seriado que o originou se propõe a ser, uma ode a arte e sua aplicação na superação de nossos maiores obstáculos. Assim, a Fox nos entrega este exemplar medíocre e feito sem vontade alguma que não seja a de se enterrar em uma montanha de dinheiro fácil.



     Glee, pra quem não conhece, é um seriado que conta a história de estudantes de uma High School em Ohio que se juntam ao quase extinto clube do coral (glee club em inglês). Liderados pelo professor de espanhol Will Schuester (Matthew Morrison), estes jovens aprendem a superar e aceitar suas singularidades através da música, da dança e do teatro. Propositalmente o seriado insere durante seus episódios todos os tipos de temas polêmicos sobre a adolescência, tais como drogas, sexo, gravidez, bullying, etc. E as músicas estão lá quase sempre para ilustrar o que se passa, e de forma elogiosa, a série conduz música e personagens paralelamente de forma brilhante, sempre deixando qualquer dos episódios interessantes seja nos momentos cantados ou nos falados normalmente mesmo. 



     Enfim, as versões regravadas pelo grupo de músicas famosas fizeram sucesso. E não tardou até que seus integrantes ganhassem uma turnê de shows. E demorou menos ainda para este show virar um filme... Em 3D!! E aqui está o resultado.
     O Filme (Fic/Doc/Show) faz com que seus protagonistas, mesmo estando fora da série, encarnem seus respectivos personagens não só no palco enquanto cantam, mas nos bastidores também. Primeiro erro: todos que estão assistindo ao filme sabem que aquilo é um show aonde os atores vão se apresentar, e que eles não são realmente os personagens em um grande show. Assim, soa tolo, fútil e muitas vezes até mesmo constrangedor, que estes mesmos atores tenham que interpretar para um público que não quer e nem precisa disso. Que, aliás, muito pelo contrário, desejaria ver as personalidades por traz destas ficcionais. E a produção não investe um centavo que seja no mínimo em um roteiro, já que é claro o improviso dos artistas enquanto são maquiados e arrumados para os shows. Outro grande erro: As únicas imagens que vemos destes são ou na apresentação ou nestes camarins fechados e escuros, o que torna uma identificação que seja com a idéia, impossível.



     Terceiro erro: Para nos lembrar que, por mais que eles tentem nos fazer acreditar que todos são personagens de ficção, aquilo ainda é um documentário, Kevin Tancharoen, o diretor, investe em curtos depoimentos de fãs da série entre uma música e outra. Todos conseguem o feito de serem completamente desinteressantes justamente por abordar os mesmos temas que a série aborda, só que de uma maneira muito comum e fútil. Assim resta a nós, meros mortais, apreciar o show que não trás grandes novidades, e conta com representações das melhores cenas musicais da série, no palco. E convenhamos, pra quem já viu o seriado, parece até chato rever as músicas fora de contexto.



     Já o 3D, quando é filmado com as câmeras específicas para isso se saí muito bem, mostrando a tão cobiçada profundidade, distribuindo as camadas de maneira convincente e realista. Mas ainda perde em questões técnicas para a qualidade da produção, por exemplo, do documentário do Justin Bieber, que por mais que sofresse de problemas estruturais como filme, ainda sim contava com uma boa história e uma produção fantástica no grande show (leia mais aqui).



     Enfim, este filme erra inicialmente por existir, já que sua vinda, de cara, já corrompe os ideais do seriado, e continua seus erros ao nem mesmo justificar convincentemente este primeiro. Vale se você, assim como eu, gostar das músicas e quiser ouvi-las de novo, o que aliás, pode se conseguir sem ter de gastar uma fortuna e tempo indo ao cinema.


NOTA: 4/10

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