Antes de se falar
qualquer coisa sobre o filme, deixe-me contextualizar os eventos em torno de
sua produção. Guerra Mundial Z foi filmado em 2011, então reescrito
no ano passado, quando passou por inúmeras refilmagens que engordaram seu
orçamento consideravelmente (fala-se em 200 Milhões de dólares). Tudo
isso para fazer com que o filme ganhasse classificação indicativa PG-13,
tornando-o naturalmente mais rentável, já que sendo um dos chamados
"filmes de verão", ele foi feito pra gerar lucros. Dito isso, muitos
deverão olhar para o longa e chamá-lo de covarde, clichê e fraco. O que eu vejo
quando repenso o filme que assisti, é justamento o contrário. Um projeto
corajoso, que mesmo com todas as suas limitações (notarão a escassez de sangue,
que em grandes quantidades aumenta a classificação indicativa) e problemas de
produção, gerou um filme coeso, com ritmo, envolvente, que sabe navegar com
destreza entre os momentos de pura tensão e aqueles de ação desenfreada que
enchem os olhos com cardumes de zumbis raivosos, prontos para agarrar o nosso
protagonista.
sábado, 29 de junho de 2013
sexta-feira, 14 de junho de 2013
ALÉM DA ESCURIDÃO: STAR TREK
Foi com grande sucesso
que, em 2009, J. J. Abrams ressuscitou a franquia Jornada nas Estrelas de um
limbo nerd cult em que os seriados e filmes haviam caído. Dinâmico, divertido e
repleto de figuras carismáticas, Star
Trek trazia os personagens
clássicos ainda jovens, contando uma história de origem enquanto usava de um
artifício da trama para poder tomar todas as liberdades que quisesse, sem que
jamais pudesse desrespeitar todo o material já produzido antes. Fazendo escolhas
acertadas e contando com um saudosismo que nunca delimitava a criatividade de
seus roteiristas (surpreendentemente os mesmos responsáveis por bombas como Transformers 1 e 2), Abrams dirigiu um longa
inteiramente satisfatório (o prólogo é um mérito individual que se deve
considerar). Eis que quatro anos depois, este Além
da Escuridão, vem fazer jus
aos elogios de seu predecessor e se mostra um filme que mantém o ritmo
alucinante do primeiro, a atmosfera bem humorada e ainda aumenta, sem nunca
perder o controle, a escala de sua aventura.
quarta-feira, 12 de junho de 2013
O LUGAR ONDE TUDO TERMINA
Em certo momento deste O Lugar Onde Tudo Termina,
comecei a me perguntar se o título nacional da produção era alguma espécie de
ironia, já que cheguei a duvidar que o filme, de fato, pretendesse acabar. E
caso não pretendesse, e talvez se alongasse por mais uma ou duas horas, não
vejo como isso poderia ser um ponto negativo, tamanho o cativo exercido por
seus três protagonistas e pelos arcos individuais que cada um deles percorre.
sexta-feira, 7 de junho de 2013
POR QUE TU NÃO CURTIU O MEU LINK?
"Porque tu curtiu o link dele e não o
meu?" perguntou o Amigo enfurecido. Não que Fulano pudesse ouvir sua ira
e cólera, mas os emoticons mal encarados com que ele enfeitara a pergunta
sugeriam isso com mais clareza e eficiência do que a própria voz poderia fazer.
O estranho era que ele não encontrava uma resposta para a pergunta cheia de
raiva do Amigo. Nada de sensato parecia passar por sua cabeça. "E talvez não devesse" afirmou displicentemente sua
consciência, escorada na parede do fundo de sua cabeça, fumando um velho
charuto que produzia uma fumaça densa e com cheiro de mofo, "Talvez não ache uma resposta
sensata, porque não é uma pergunta sensata" disse ela sorridente, apagando o
charuto na própria mão e vindo para o meio de sua cabeça, o meio de sua atenção.
Naquele lugar escuro que era sua mente, este centro de atenção era como um spot
único de luz em um palco. E exatamente como em um filme noir, sua consciência
entrou sob ele vinda da escuridão predominante no resto do ambiente, e com
uma das mãos enfiada nos bolsos enquanto usava a outra para gesticular, ela
discursou brevemente. "Tu
curtiu o link do Ciclano, mas o link do Amigo era tão legal quanto,
certo?". Ele ficou imóvel, a pergunta piscando a sua frente ainda o
apavorava, ele não ousava clicar na caixa do chat, sabia que o Amigo saberia
que ele visualizara a conversa, então mais perguntas constrangedoras viriam e ele já estava tendo problemas o suficiente com apenas uma. Sua consciência,
impaciente, não precisava de uma resposta, pois estando dentro de sua cabeça,
ela podia sabê-las facilmente. "Então..." continuou ela.
"Talvez o Amigo, que já é seu amigo há mais tempo que o Ciclano, não
precise de uma curtida para saber que você, de fato e na vida real, curtiu o
link dele. Ao contrário do que se pode dizer do Ciclano em si, que sendo um
novo amigo, precise de algum incentivo para se aproximar de seu círculo mais
íntimo, o que pode ser feito com facilidade e eficiência através do simples e
elegante clique que se dá sobre o botão 'curtir', coisa que você, sabiamente,
fez".
"Alôôô
ta ai?" surgiu sob a pergunta maldita,
enfatizando a urgência de uma resposta. O Amigo estava impaciente, e Fulano
ainda não havia chego a nenhuma conclusão com sua consciência, que parecia
decidida a postergar a resposta o máximo possível, ou pelo menos até que se
fizesse entender. "Não
responda nada" finalizou
ela finalmente. "Como
posso não dizer nada! Ele é o Amigo! E fez uma pergunta raivosa! Tu viu o
tamanho daqueles emoticons?!" argumentou
Fulano com sua cabeça. "Se
você saísse para procurar alguém, alguém que precisasse de uma informação sua,
e o encontrasse, o que diria?" perguntou
a consciência, agora tirando de dentro de seu terno risca de giz um cantil
prateado, do qual tomou um gole, fazendo uma careta. "Pois eu diria a informação
que fui lhe dar!". "Exato!" confirmou o seu pequeno eu dentro de
sua cabeça noir. Então, logo desfez o sorriso do rosto e voltou ao tom sério
com que fizera a primeira pergunta. "E
se não a encontrasse, o que diria a ela?". Fulano parou, pensou, e
então respondeu dizendo "Nada,
se não a encontrasse nada diria! Mas o que quer dizer com isso, que devo só
ignorá-lo, fingir que nunca encontrei suas mensagens?". A consciência
parou e respirou fundo, as perguntas do garoto lhe soavam tolas e clichês, "Ele podia elaborá-las melhor,
torná-las fluídas, como se parte de um diálogo em um conto online" pensou ela enquanto ele pensava
através dela. "Pois bem,
a moral é, se nada você encontra, nada você faz com o que você não encontrou.
Assim, se sensatez é o que achou, sensatez você deve usar... Porém, este não é
o nosso caso. Uma falta de sentido e um pouco de raiva foi o que tu encontrou,
então, pela lógica, o que você tem a usar é...?" terminou a consciência com a mão
em riste, como se esperando uma resposta gloriosa.
"Mas eu curti sim Amigo" foi o que ele respondeu após correr até a
time line e curtir, de fato, o link do Amigo. Os dois se entenderam e trocaram
pelo menos três emoticons piscando, quatro sorridentes e um tristonho, mas que
não tinha nada a ver com a discussão pregressa entre ambos, e sim com a reação
a notícia de que Beltrana, uma garota que os dois achavam muito atraente, havia
quebrado a perna andando de bicicleta com os pais em alguma tradição anual de
sua família aonde todos andavam de bicicletas por algum motivo desconhecido.
Beltrana agora estudaria no primeiro andar junto com outra turma do terceiro
ano, e as ocasionais espiadas em sua calcinha, sempre exposta nas laterais de
seu quadril, entre a camiseta e a calça, não seriam mais possíveis por pelo menos
dois meses. E isto meus amigos, valia um emoticon tristonho sem a menor dúvida.
Mas com os links curtidos e apropriadamente comentados, a amizade entre Fulano
e Amigo estava garantida por pelo menos mais uma noite, e assim, o mundo
poderia descansar em paz, como muito bem representa este último gracejo que
deixo nesta história, torçamos para que nunca este símbolo de parênteses tenha
que ser virado para o outro lado... :)
por Yuri Correa
O GRANDE GATSBY
Sem dúvidas o filme Moulin
Rouge - Amor em Vermelho (de
2001), representa não só o ponto mais alto na carreira do diretor Baz Luhrmann,
como também no currículo de filmes musicais da última década, e digo mais, é
com certeza um dos melhores exemplares do gênero na história do cinema. Porém,
nem antes e nem depois o mesmo realizador conseguiu repetir os acertos que
faziam daquele longa estrelado por Nicole Kidman um clássico instantâneo, mesmo
que seu Romeu + Julieta e posteriormente, Austrália, não tenham sido
filmes ruins, apenas problemáticos. Pois mais de dez anos depois, Luhrmann
parece tentar voltar a fórmula que fez de Moulin
Rouge um grande sucesso, empregando elementos e recursos
narrativos reciclados deste. E chega a ser irônico que é exatamente nos
momentos em que O Grande
Gatsby tenta ser Moulin Rouge, que o filme acaba
decaindo, já que na maior parte do tempo se mantém um longa coeso e bem
realizado.
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