quarta-feira, 24 de junho de 2015

MINIONS



Se Meu Malvado Favorito funcionava regularmente era porque tinha a seu dispor pequenas figurinhas amarelas cuja graça estava baseada em gags puramente audiovisuais - trapalhadas, expressões e linguagem única. Ao concentrar mais sua trama nos ajudantes de Gru (Steve Carell), Meu Malvado Favorito 2 decaía ainda mais justamente por desentender que os pequenos seres eram alívio cômico e, portanto, eficientes em segundo plano, mas não como estrelas principais. O que nos leva ao seu filme solo, Minions, em que eventualmente algumas piadas funcionam, só que nenhuma delas tem a ver diretamente com os minions. Ao contrário do recente e divertido Os Pinguins de Madagascar que partia de uma premissa e situação parecidas, os carismáticos coadjuvantes provam que, como protagonistas, são apenas amarelos.

Não que Minions seja uma má ideia, e é perfeitamente possível rir compulsivamente de gags do tipo que exercem quando essas estão embasadas com algum conteúdo. Basta assistir, por exemplo, Divertida Mente que deve estar passando na sala ao lado, e vai perceber que existe ali muita graça retirada das expressões faciais, corporais e vocais dos personagens, que de outra forma levam muito mais facilmente ao riso porque estão trabalhando a favor de um contexto, e não o contrário. Este, na verdade, é o grande problema por trás dos criadores da franquia de Gru e seus ajudantes, eles pensam que a piada pela piada é engraçada sozinha. Não, podemos rir da primeira vez que vemos um minion ser transformado em um bastão de luz química, mas porque isso acontece em meio a uma ação. Quando a gag pela gag vira o palco da trama, perguntamos onde diabos foi parar a ação, que parece existir apenas para justificar que Kevin, Bob e Stuart resmunguem coisas ininteligíveis que perdem a graça conforme o recurso é repetido milhares de vezes durante a longuíssima uma hora e meia de duração do seu filme.

Centro nulo de humor, o que acaba funcionando mesmo são os arredores do trio principal, isso quando Pierre Conffin, diretor aqui e também responsável pelos dois longas anteriores, se inspira minimamente: investindo vez ou outra na piada do chá que todos na Inglaterra parecem tomar mesmo em meio a situações absurdas; ao comparar sutilmente a evolução do minions com a passagem do 2D para a animação 3D; e também ao inserir um letreiro na tela que ao anunciar “Torre de Londres”, completa alguns segundos depois como que zombando da obviedade da própria informação: “em Londres”. Mas são momentos pontuais que embora possam gerar alguns bufos – quase risadas – não salvam o projeto de se tornar enfadonhamente entediante toda vez em que voltamos a acompanhar os pequenos seres amarelos, que, aliás, funcionam melhor como piada quando são um grupo maciço, do que em menores números. Basta perceber que os primeiros minutos de filme são eficientes enquanto acompanham a evolução do bando de minions, e dariam, na verdade, um bom curta-metragem – embora a narração inserida seja totalmente dispensável, infantilizando algo que já busca o humor de forma pueril.


De qualquer forma, Minions fracassa porque Coffin é egocêntrico demais e se inspira no próprio trabalho – que para ele deve parecer genial – como se fosse algum pioneiro na ideia. Se tivesse visto alguns filmes de Chaplin ou Buster Keaton, talvez tivesse descoberto que com um mínimo de conteúdo qualquer piada de peido faz rir mais do que só a piada em si. Aliás, Scarlett Overkill, a aborrecida e previsível vilã do projeto que é dublada por Sandra Bullock na versão original, ganha a voz de Adriana Esteves em português, seguindo a terrível tendência dos estúdios de colocar atores para realizar o trabalho de dubladores profissionais, o que arruína um pouco mais a experiência para a maioria esmagadora dos espectadores brasileiros que provavelmente só terão acesso às cópias dubladas.


NOTA 4/10 



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