quarta-feira, 15 de julho de 2015

HOMEM-FORMIGA



Homem-Formiga era pra ter sido dirigido por Edgar Wright, o excelente cineasta britânico responsável pelos primorosos e ágeis Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso, Heróis da Ressaca e Scott Pilgrim – todos nota dez, senão mais. Porém, por mais que eu admire o roteirista e diretor inglês – e eu admiro, isso ficou claro, certo? Sou um pouco fã, não sei se deu pra notar – é justo dizer que seu estilo de narrativa e montagem, muito característicos (mesmo!), destoariam do resto das produções da Marvel Studios, ainda que essas também sejam calcadas principalmente no humor. Com a saída de Wright, entrou em seu lugar o incomparavelmente menos talentoso Peyton Reed, que no entanto, é hábil ao manter recursos de roteiro em que o seu antecessor teria imprimido seu estilo próprio enquanto tenta acompanhar o ritmo de uma história concebida para ser dirigida com muito mais velocidade – e estamos falando de um filme que já passa voando!


Antes de qualquer coisa, a exemplo do filme que começa com uma cena antes mesmo de entrarem os logos, queria comentar a maquiagem digital de rejuvenescimento feita em Michael Douglas nessa sequência. Sim, me estranhou numa primeira olhada, mas apenas porque conheço o rosto do ator e estava esperando as suas já conhecidas e envelhecidas feições, porque na realidade, o recurso é usado com maestria e, o que é mais raro, com real necessidade na trama. Enfim, a partir daí somos jogados na vida de Scott Lang (Paul Rudd), um criminoso recém liberto que é contratado por Hank Pym (Douglas) para roubar uma tecnologia perigosa desenvolvida por seu antigo pupilo, Darren Cross (Corey Stoll). Pra isso ele vai usar um traje especial que diminui o seu tamanho para um menor que de uma formiga, mas que ao mesmo tempo o deixa muito forte.

Pra quem não sabe, vale ressaltar que o Homem-Formiga dos quadrinhos é na real o Hank Pym, que aqui já surge aposentado de seus dias de heroísmo e pronto para passar o fardo adiante para o nosso protagonista. Nesses papeis se mostram boas escolhas primeiramente Paul Rudd, que é um ator muito carismático, enquanto em segundo plano temos Michael Douglas, que na sua persona taciturna e austera tem um mentor já pronto e embalado. O problema fica mesmo com os personagens pouco desenvolvidos de Evangeline Lilly, Hope, filha de Pym, e de Corey Stoll, tão bem em House of Cards e The Strain, aqui entregue a uma figura não só unidimensional, como também over em suas tendências malignas – o que, mesmo levando-se em conta que estamos falando do filme onde o cara se transforma numa miniatura superforte de si mesmo, ainda soa muito deslocado.

Aliás, assumir os absurdo de sua trama é um dos grandes trunfos do longa-metragem, que assim, se livra dos demais compromissos que teria com o espectador no caso de se levar mais a sério e encurta o caminho até a diversão – resquícios do trabalho de Edgar Wright, sem dúvidas. O que me leva até as cenas de ação que, claro, chamam atenção pra si mesmas por quase sempre se passarem em um escala microscópica, algo que, aliás, arruína o trabalho de 3D do longa-metragem, já que a tecnologia depende sempre de uma grande profundidade de campo, que é obrigatoriamente levada ao seu mínimo aqui pra simular a sensação de miniaturização da lente também. Fora isso, é possível se divertir com o resultado apesar de: 1) o filme não fugir muito de uma zona de conforto – e convenhamos, com um herói em miniatura, poderíamos ver sequências muito mais criativas; e 2) ser tudo obviamente uma criação digital, o que tira boa parte do encanto já que sabemos que toda vez que Scott transforma-se no herói, estamos vendo claramente uma cena toda gerada no computador. Depois de Mad Max, é meio brochante, mas tudo bem, passou.

Há um a ideia envolvendo o personagem de Michael Peña e o recurso da dublagem que é ótima – mais uma de Wright que sobreviveu a direção de Reed – além de muitas referências ao universo da Marvel nos cinemas, até porque era necessário introduzir o herói nas próximas aventuras dos Vingadores. O que também gera não uma, mas duas cenas pós-créditos que... é, são legais, embora só adiantem o que já sabemos que vem por aí. Repensando: com Edgar Wright na direção, Homem-Formiga realmente se distanciaria dos outros filmes dos estúdios da casa das ideias, mas talvez isso não fosse lá uma coisa ruim, afinal, faria desse um pequeno exemplar memorável além de apenas um pequeno exemplar divertido.



NOTA: 8/10


Um comentário:

  1. Para mim, os filmes por que são muito interessantes, podemos encontrar de diferentes gêneros. De forma interessante, o criador optou por inserir uma cena de abertura com personagens novos, o que acaba sendo um choque para o espectador. Desde que vi o elenco de Homem-Formiga imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos, pessoalmente eu irei ver por causo do ator Martin Donovan, um ator muito comprometido. Eu o vi recentemente em Farenheit 451 Filme. É uma historia que vale a pena ver. Para uma tarde de lazer é uma boa opção. A direção de arte consegue criar cenas de ação visualmente lindas.

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