quinta-feira, 30 de julho de 2015

MAGIC MIKE XXL


Depois do sucesso dirigido por Steven Soderbergh em 2012, não demoraria até que a Time Warner, em busca de mais arrecadação, se lançasse em um projeto de continuação para Magic Mike. A boa notícia é que o filme é divertido e nos leva a conhecer melhor o rosto dos strippers (além de seus tórax), e a surpresa é que a revisita, apesar de não se engajar em nenhum conflito, funciona muito bem. 


Um road movie meio esquisito, Magic Mike XXL se passa três anos depois dos eventos do primeiro filme; Mike (Channing Tatum) conseguiu firmar o seu negócio de mobília personalizada, entretanto, com a saída de Cody Horn do elenco, o roteiro esperto logo dá um jeito de explicar a ausência do par romântico do protagonista, assim como a saída de Dallas (Matthew McConaughey) e de Adam (Alex Pettyfer) de cena. Acontece então de o velho grupo de dançarinos se reunir uma última vez para se apresentar em uma convenção de strippers, despertando a nostalgia de Mike pelo negócio, que embarca com a trupe numa viagem cheia de paradas inusitadas.

Quero dizer, cada vez que a caravana de dançarinos "ancora" em algum lugar, é garantia de que se seguirá uma longa cena de abstração da "trama principal" (que não existe, na verdade, e não passa de uma desculpa para desenvolver esses outros momentos), quase como se o filme fosse uma costura de vários curtas-metragens envolvendo personagens em comum. Quando se coloca as pequenas aventuras lado a lado, tudo parece desconexo e aleatório. Por outro lado, deve-se admitir que essas sequências tem um charme magnético, e colocadas lado a lado, formam uma colagem cativante e de ritmo elegante. Aquela que se passa em um casa de strippers negros comandada pela intrigante Rome (Jada Pinkett Smith, quase etérea no papel) tem uma aura própria e enebria pelo tom quase onírico em que insere tanto os personagens quanto o espectador. Design de som, de produção, fotografia (assinada por ninguém menos do que o próprio Steven Soderbergh, sob um pseudônimo) e montagem se unem aqui para construir uma longa situação que, por si só, valeria o filme todo. 

Ainda bem, Magic Mike XXL tem mais desses momentos de brilho, como aquele em que envolve uma reunião com senhoras ricas de meia idade no meio de uma típica mansão sulista dos Estados Unidos, ou aquele outro em que Richie (Joe Manganiello), sob o efeito de drogas, tenta fazer uma garota sorrir com uma dança que envolve água e salgadinhos. Aliás, embora fique um pouco abaixo de seu predecessor, o longa-metragem supera o exemplar de 2012 pelo menos ao explorar melhor os personagens secundários. Se antes Mike, Adam e Broke eram as únicas figuras desenvolvidas, enquanto mal ouvíamos as vozes dos outros dançarinos, aqui todos ganham um tempo admirável de tela. Acho que inclusive Ken (Matt Bomer), Tarzan (Kevin Nash), Richie e Tito (Adam Rodriguez) não tinham ganho planos em close antes de Magic Mike XXL, quanto mais algum aprofundamento.

Esta continuação, entretanto, traz menos números musicais e menos abdominais expostos do que podíamos encontrar antes. Uma pena, um dos pontos fortes de Magic Mike era a objetificação masculina como contramovimento da exploração feminina em filmes de gênero. Mas XXL é divertido. Tematicamente raso, então, mas sensorialmente profundo, o projeto dirigido por Gregory Jacobs (habitual assistente de Soderbergh) é excepcional em hipnotizar o espectador com situações ligeiramente estranhas. O próprio clímax se venderia sozinho sem a ajuda do resto do filme, que por sua vez, oferece algumas boas fatias de abstração povoadas por personagens que apenas aqui aprendemos a conhecer e gostar. Dono de cores enebriantes e sequências inteiras de beleza plástica e sonora, o longa claramente funciona pela imersão, provando que nem sempre é preciso um conflito e tramas intrincadas para que o audiovisual opere em sua melhor forma.


NOTA: 8/10

  

Um comentário:

  1. A magia de uma viagem de última é composta de riso, música e dança, como os reis de retorno Tampa na sequela de Magic Mike (dirigido por Gregory Jacobs ) para finalmente apresentado na convenção de stripers como elas realmente são. Sem eles podem perder, ele vai rir com certeza.

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