quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

CRÍTICA: THE POST: A GUERRA SECRETA



Houve um tempo em que Steven Spielberg era um dos meus diretores favoritos. Quando seu nome vinha estampado no topo de um cartaz, era certo que aquele seria um dos filmes mais falados do ano. Entretanto, desde que lançou o excepcional Munique em 2005, o cineasta veio trilhando um currículo altamente irregular, do duvidoso Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal passou para o divertido As Aventuras de Tintim, que impressionava mais pela técnica. Seguiu-se a este os aborrecidos Cavalo de Guerra e Lincoln, cujos méritos pontuais não foram o suficiente para torná-los filmes mais interessantes. Já com Ponte dos Espiões o diretor se saiu melhor e mostrou que ainda tinha algum fôlego, mas tratou logo de desiludir seu público ao lançar O Bom Gigante Amigo, possivelmente o seu filme mais embaraçoso. The Post: a Guerra Secreta finalmente acaba com esse jejum de quase treze anos, e faz jus a reputação de um dos realizadores mais celebrados e icônicos do Cinema.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

CRÍTICA: VIVA: A VIDA É UMA FESTA


Não importa se a trama de um filme é clichê, mas sim se o modo como ela é narrada funciona e envolve o espectador. Mesmo os acontecimentos mais previsíveis podem receber uma nova visão e tornarem-se surpreendentes outra vez. Assim, quando Miguel, um menino pobre e cheio de sonhos acaba descobrindo por acidente uma passagem para um mundo mágico, naturalmente somos remetidos às trocentas vezes em que já assistimos essa mesma história antes. Então como é que Viva: A Vida é uma Festa parece recheado de frescor? Como é que as suas reviravoltas podem ser facilmente antecipadas e ainda cumprir com eficiência seus objetivos de tocar e comover? Ora, isso acontece porque o filme é pintado com as cores (vibrantes) de uma cultura muito diferente das que estamos acostumados a ver nas grandes produções hollywoodianas - e como nenhuma estética é desprovida de contexto, a nova animação da Pixar acerta por não apenas usar o Dia dos Mortos mexicano como roupagem para uma história “norte-americanizada”.

Não, o filme carrega consigo todas as diferentes percepções daquele povo sobre família, vida e, claro, sobre a morte. Então, por mais que repasse com delicadeza e competência as velhas lições sobre empatia e memória, o trunfo do projeto é realmente oferecer ao espectador a perspectiva de outra cultura sobre essas questões, o que, em última análise, desperta em nós justamente a empatia e a memória.