Ah não Yuri, documentário, que boring... E o
novo filme do Resident Evil?!
Pois é meus caros, não lamentando por isso (pelo contrário), aqui irei falar
brevemente de um filme documentário que entra em cartaz neste 18 de setembro. Referendo se propõe a promover uma discussão
saudável sobre o referendo brasileiro de 2005 sobre o desarmamento da
população. A princípio se mostrando apenas como um mediador, aos poucos e
sutilmente o cineasta gaúcho Jaime Lerner posiciona seu filme claramente a favor
da campanha do "sim". Assim, esquerdista e idealista, Referendo peca justamente ao adotar um
"lado" na briga, alienando seu espectador quanto às versões da
oposição.
Não que eu esteja desprezando o
tom neutro que o diretor consegue manter durante boa parte da
projeção, afinal era de se esperar que em algum momento ele tomasse um partido.
Mas é de se notar o Off desnecessário de um ex-presidiário que
discursa de maneira apelativa ao fim da projeção, estragando um pouco daquele
que era um dos personagens mais interessantes do longa até então. Acompanhando
todo o processo do polêmico referendo,
explicando suas origens, desenrolar e consequências, o filme faz uma boa reconstituição
através de imagens de arquivo, explicando de forma simplista (e por isso mesmo,
certeira) as campanhas do "sim" e do "não".
Tentando dar chance aos dois lados, Lerner
deixa que falem tanto jornalistas idealistas, quanto fabricantes de armas,
chegando ao seu terceiro ato em um clímax muito bem montado e de certa forma
intenso em que ambos os lados se confrontam em suas entrevistas individuais. E
a capacidade do cineasta de conduzir tão naturalmente todos os seus
entrevistados em uma linha de raciocínio quase idêntica é, além de admirável, o
que possibilita bons momentos como este durante a longa.
Porém, nos derradeiros minutos, Lerner se
entrega a um discurso batido, abandonando a sutileza adotada antes que gerara
acertos como a cena em que através das imagens de arquivo de um telejornal
descobrimos que em média três mil pessoas anualmente são mortas por armas de
fogo, só para minutos depois ouvirmos um fabricante de armas argumentar que se
caso proibida a venda de armas no Brasil, mil funcionários perderiam
seus sustentos. Uma comparação de números e importâncias que sem ser esfregada
na nossa fuça conseguia fazer refletir, diferente da apelação final do diretor
que além de óbvia e aborrecida ainda comete o crime de desperdiçar um ótimo
personagem que poderia ganhar um documentário solo, tamanha o cativo de suas
histórias.
NOTA: 8/10
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