Eu podia escrever um bom texto sobre este filme,
explicando cada erro que a equipe cometeu ao concebê-lo. Mas seria um esforço
perdido, pois quando nem as pessoas envolvidas parecem querer produzir um longa
aceitável, jogando piadas tortas e tentando tirar o riso fácil do espectador,
fica evidente que o projeto foi feito apenas para gerar lucros, se desprendendo
completamente do compromisso com a arte de se fazer cinema.
Os grandes lançamentos do cinema nacional, na
verdade, vem apresentando vários exemplos como este imperdoável Totalmente Inocentes nos últimos meses. E repare que eu
disse meses! Pois em menos de um ano fomos submetidos a Assalto ao Banco Central, As aventuras de
Agamenon, o Repórter, Billi Pig e E aí, Comeu?, só para de vez em quando termos o prazer de
assistir algo como o excelente O Palhaço. A comédia que se
tornou um gênero marca do cinema "blockbuster" nacional, vem se
entregando a roteiros formulaicos e interpretações que ultrapassam o overacting, muitas vezes soando embaraçosas.
Aqui, dois meninos, Da Fé (Lucas D'Jesus) e Bracinho
(Gleison Silva) se tornam conhecidos traficantes de um morro ao posarem armados
para o Jornalista Fotógrafo Wanderlei (Fábio Assunção). A partir daí, o real
traficante João Do Morro (Fábio Porchat) começa a caçar os meninos.
Mesmo partindo do preceito de que é uma comédia e
temos de relevar alguns aspectos, o filme desafia a paciência do espectador
tentando nos fazer acreditar que um contrabandista de armas não teria uma
melhor segurança para um arsenal daqueles no seu porão, nos fazendo engolir dois
meninos com menos de 16 anos que aparentemente moram sozinhos no morro mantendo
casa, comida e videogame apenas indo e voltando da escola, e por último, tenta
nos fazer comprar a vergonhosa performance de Fábio Porchat como um vilão a ser
temido. Porchat que, aliás, parece ter decido usar como vírgula e ponto final a
palavra "porra!" gritada, acreditando que isso fosse tornar seu
personagem mais engraçado. E eu nem devia citar a cicatriz que o traficante
possuí sobre um dos olhos que poderia ser facilmente substituída por uma
tatuagem escrita "vilão do filme" sem fazer muita diferença.
Dotado de uma direção de arte assombrosa (no mau
sentido) que opta por colocar o Alvo que é símbolo da revista para qual
trabalha Wanderlei em todos os estabelecimentos dentro do prédio editorial
desta, se poupando assim de qualquer trabalho mais elaborado e que novamente, poderia
ser substituído apenas por uma placa que indicasse a função daquele local ou
personagem, Totalmente Inocentes ainda é cheio de referências vazias a Cidade de Deus e os dois Tropa de Elite, o que só mostra a
tentativa dos realizadores de escalarem um grau de sucesso de maneira fácil, ao
explorar outras produções que deram certo e são referência no cinema nacional.
NOTA: 1/10
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