quarta-feira, 5 de setembro de 2012

OS MERCENÁRIOS 2


    Por que um dos vilões do filme tenta fugir ligando um helicóptero que está dentro de um hangar fechado? Por que o personagem de Stallone pede que o de Lundgren conte sobre sua profissão pregressa para um grupo de pessoas que já a conhece? Por que diabos os mineiros escravos não se rebelavam sendo que sabiam que iriam ser mortos logo após terminado o trabalho? Para onde vai o personagem de Schwarzenegger após ser resgatado no início do filme? E como ele sabia onde encontrar o grupo depois para resgatá-los? De onde diabos saiu Chuck Norris nessa trama? Por que ele está ali? E o personagem de Jet Li, pra onde foi já que some no começo e nunca mais dá as caras? E o de Mickey Rourke, que nem é citado, cadê? Como o grupo consegue pousar um avião em uma área de colinas sem destruí-lo? E como eles conseguem fazê-lo decolar mais tarde? Estas são perguntas que podem passar pela sua cabeça (assim como passaram pela minha) enquanto estiver assistindo a Os Mercenários 2... Mas pro inferno com elas, pois a porradaria rola solta outra vez, assim como os furos de roteiro, clichês doídos de tão óbvios, piadas fáceis carregadas de referências, e claro, os mais absurdos planos de ataque. Mas mesmo estando longe de ser um filme excepcional, Os Mercenários 2 diverte ao mesmo tempo em que sopra (ou melhor, soca!) alguma nostalgia no espectador.



     A sinopse? Simples: Um dos novos membros do grupo de mercenários é morto pelo líder de um grupo terrorista (Jean-Calude Van Damme), ao que Barney (Sylvester Stallone) profere: "vamos achá-lo e matá-lo!". Pronto, isso é tudo que você precisa saber.
     A partir daí a sutileza é deixada de lado (sim, está é a parte sutil!), e desde o figurino do vilão que usa óculos de sol mesmo dentro de uma caverna, até seu nome (acredite ou não, ele se chama Villain!) é feito para se deixar a trama o mais óbvia possível. E se no primeiro filme o elenco podia ter até feito algum esforço para criar personagens para o longa, aqui isto é abandonado de vez e os atores passam a assumir suas personas, o que me faz nem lembrar (e inclusive achar desnecessário citar) os nomes de tais personagens. Assim temos de volta Jason Statham interpretando... Bom, Jason Statham, assim como Terry Crews como Terry Crews, Dolph Lundgren como Dolph Lundgren, etc. O único que talvez se salve é o jovem Liam Hemsworth que parece tentar criar pelo menos um personagem unidimensional, um esforço que, acreditem, soa até deslocado.


     Mas o ponto alvo do projeto é a ação e nisso não deve desapontar, pois com um time megalomaníaco de capangas para ser massacrado o filme não poupa o espectador de cabeças e até corpos inteiros explodindo em baldes de sangue ao serem atingidos por um único tiro (o calibre é irrelevante). Assim, por maior que seja o time de vilões armados até os dentes enfrentado pelo grupo, nunca sentimos o menor medo por eles, já que tiros parecem não encontrá-los, ao passo que seus disparos parecem ser teleguiados. E entre um confronto e outro temos aquelas dezenas de piadas já esperadas pelo espectador (mas não menos divertidas por isso), assim, se as frases escritas nos carros de invasão do grupo no início soam uma boa sacada, logo dão lugar ao humor fácil através de referências bobas como quando Crews diz a Schwarzenegger "Eu vou exterminar você". Aliás, as pontas de Arnold, Chuck Norris e Bruce Willis (que são maiores e mais divertidas do que anteriormente) são os pontos altos da produção ainda que recheados destas piadas infames, que se não servem ao filme de maneira alguma, ao menos revelam um espirituoso senso de humor dos atores que parecem se divertir em zombar dos estereótipos de si mesmos. E pode não ser inteligente, mas Chuck Norris dizer "Devíamos todos estar num museu" ao fim do longa é umas das melhores autoconstatações do roteiro (existe um?), pois além de trazer o humor óbvio traz também certo saudosismo àqueles que como eu, enxergam estes heróis popularizados na década de oitenta com nostalgia.


NOTA: 6,5/10


    

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