Por que um dos vilões
do filme tenta fugir ligando um helicóptero que está dentro de um hangar
fechado? Por que o personagem de Stallone pede que o de Lundgren conte sobre
sua profissão pregressa para um grupo de pessoas que já a conhece? Por que diabos
os mineiros escravos não se rebelavam sendo que sabiam que iriam ser mortos
logo após terminado o trabalho? Para onde vai o personagem de Schwarzenegger
após ser resgatado no início do filme? E como ele sabia onde encontrar o grupo
depois para resgatá-los? De onde diabos saiu Chuck Norris nessa trama? Por que
ele está ali? E o personagem de Jet Li, pra onde foi já que some no começo e
nunca mais dá as caras? E o de Mickey Rourke, que nem é citado, cadê? Como o
grupo consegue pousar um avião em uma área de colinas sem destruí-lo? E como
eles conseguem fazê-lo decolar mais tarde? Estas são perguntas que podem passar
pela sua cabeça (assim como passaram pela minha) enquanto estiver assistindo a Os Mercenários 2... Mas pro
inferno com elas, pois a porradaria rola solta outra vez, assim como os furos
de roteiro, clichês doídos de tão óbvios, piadas fáceis carregadas de
referências, e claro, os mais absurdos planos de ataque. Mas mesmo estando
longe de ser um filme excepcional, Os Mercenários 2 diverte ao mesmo tempo em que sopra
(ou melhor, soca!) alguma nostalgia no espectador.
A sinopse? Simples: Um dos novos membros do grupo de mercenários é morto
pelo líder de um grupo terrorista (Jean-Calude Van Damme), ao que Barney
(Sylvester Stallone) profere: "vamos achá-lo e matá-lo!". Pronto,
isso é tudo que você precisa saber.
A partir daí a sutileza é deixada de lado (sim, está é a parte sutil!), e
desde o figurino do vilão que usa óculos de sol mesmo dentro de uma
caverna, até seu nome (acredite ou não, ele se chama Villain!) é feito para se
deixar a trama o mais óbvia possível. E se no primeiro filme o elenco podia ter
até feito algum esforço para criar personagens para o longa, aqui isto é
abandonado de vez e os atores passam a assumir suas personas, o que me faz nem
lembrar (e inclusive achar desnecessário citar) os nomes de tais personagens.
Assim temos de volta Jason Statham interpretando... Bom, Jason Statham, assim
como Terry Crews como Terry Crews, Dolph Lundgren como Dolph Lundgren, etc. O
único que talvez se salve é o jovem Liam Hemsworth que parece tentar criar pelo
menos um personagem unidimensional, um esforço que, acreditem, soa até
deslocado.
Mas o ponto alvo do projeto é a ação e nisso não deve desapontar, pois com um
time megalomaníaco de capangas para ser massacrado o filme não poupa o
espectador de cabeças e até corpos inteiros explodindo em baldes de sangue ao
serem atingidos por um único tiro (o calibre é irrelevante). Assim, por maior
que seja o time de vilões armados até os dentes enfrentado pelo grupo, nunca
sentimos o menor medo por eles, já que tiros parecem não encontrá-los, ao passo
que seus disparos parecem ser teleguiados. E entre um confronto e outro temos
aquelas dezenas de piadas já esperadas pelo espectador (mas não menos
divertidas por isso), assim, se as frases escritas nos carros de invasão do
grupo no início soam uma boa sacada, logo dão lugar ao humor fácil através de
referências bobas como quando Crews diz a Schwarzenegger "Eu vou
exterminar você". Aliás, as pontas de Arnold, Chuck Norris e Bruce Willis
(que são maiores e mais divertidas do que anteriormente) são os pontos altos
da produção ainda que recheados destas piadas infames, que se não servem
ao filme de maneira alguma, ao menos revelam um espirituoso senso de humor dos
atores que parecem se divertir em zombar dos estereótipos de si mesmos. E pode
não ser inteligente, mas Chuck Norris dizer "Devíamos todos estar num
museu" ao fim do longa é umas das melhores autoconstatações do roteiro
(existe um?), pois além de trazer o humor óbvio traz também certo saudosismo
àqueles que como eu, enxergam estes heróis popularizados na década de oitenta
com nostalgia.
NOTA: 6,5/10
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