quarta-feira, 31 de julho de 2013

WOLVERINE: IMORTAL


     Um dos grandes méritos deste longa é seguir o exemplo do filme anterior da franquia X-Men, o excelente Primeira Classe, e ignorar completamente a existência do péssimo X-Men Origins: Wolverine. Assim, o filme consegue seguir uma linha muito mais sóbria e contida, que aposta em uma trama muitas vezes introspectiva e que não se perde em excessos de explicações. O que de maneira alguma desculpa o clímax tolo, a narrativa insossa e o roteiro que parece em meados do segundo ato ainda estar procurando que história quer contar.


     Alguns anos depois dos eventos do bom X-Men: O Confronto Final, onde teve de assassinar sua amada Jean Grey (Famke Janssen, aqui reduzida a aparições decepcionantes em sonhos e devaneios do protagonista), Logan (Hugh Jackman) se encontra exilado em alguma parte do Canadá, de onde é tirado por Yukio (Rila Fukushima) para ir ao Japão prestar seus últimos sentimentos a Yashida (Hal Yamanouchi), um soldado que ele salvara durante o ataque atômico a Nagasaki. Porém, ao chegar lá, o nosso herói se depara com um cenário bem mais complicado do que o previsto, e subitamente se vê responsável pela segurança da bela Mariko (Tao Okamoto), herdeira de Yashida que está sendo procurada pela Yakuza.


     De primeira, a relação entre Wolverine e Mariko é desenvolvida de maneira terrivelmente truncada e artificial, sem contar todos os clichês da garota educada ensinando as delicadezas de sua rotina ao brutamontes grosseirão. Yukio e Harada (Will Yun lee) por outro lado nunca dizem ao que vieram, ainda que a primeira chegue a criar uma boa química com Logan. Já o desenvolvimento dos vilões é ainda pior, uma vez que nem mesmo se define quem é o verdadeiro algoz do filme até o terceiro ato (!), quando finalmente estabelecemos Viper (Svetlana Khodchenkova) como a nossa antagonista principal. Isso só para apresentá-la então em trajes que destoam absurdamente da proposta estética de todo o resto do filme, com uma fantasia emborrachada verde que se sentiria muito mais a vontade nos filmes Batman de Joel Schumacher. Sem contar a performance da própria atriz, que caricata arruína qualquer interação que seja com o resto do elenco. O que seria apenas um tropeço perdoável caso o roteiro se preocupasse em estabelecer sua trama com eficiência, o que não acontece. O texto de Mark Bomback e Scott Frank parece se perder em devaneios durante os dois primeiros atos, sem se preocupar em informar ao espectador o que de fato está acontecendo, soando como uma indecisão dos escritores sobre que tipo de filme queriam escrever. Por outro lado, os mesmos roteiristas claramente confiam em seu público e muitas vezes a falta de satisfação para com quem está assistindo ao filme acaba implicando num cativante exercício de lógica de nossa parte, que temos que explorar as informações que nos foram dadas e com elas deduzir as situações e relações entre os personagens. 


     Já tendo se mostrado um bom diretor de cenas de ação, James Mangold se sobressai principalmente nestes momentos, estabelecendo com eficiência sua mise en scène em sequências como a do tiroteio no funeral de Yashida, aquela em que Wolverine tenta avançar sobre seus oponentes ainda que crivado de flechas inimigas e até mesmo na repetitiva batalha final contra o Samurai de Prata. Mas méritos lhe sejam dados pela condução de pelo menos um excelente momento que se passa no teto de um trem bala, que inventivo e absurdo, acaba divertindo enquanto dura. 


     Deixando ainda o terceiro ato para revelações que não deveriam ser surpresa para ninguém, Wolverine: Imortal acaba reservando o seu melhor para uma cena durante os créditos, quando deixa um gosto do que virá por ai em X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido.


NOTA: 6/10


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