Um dos grandes méritos deste longa é
seguir o exemplo do filme anterior da franquia X-Men, o excelente Primeira
Classe, e ignorar completamente a existência do péssimo X-Men
Origins: Wolverine. Assim, o filme consegue seguir uma linha muito mais
sóbria e contida, que aposta em uma trama muitas vezes introspectiva e que não
se perde em excessos de explicações. O que de maneira alguma desculpa o clímax
tolo, a narrativa insossa e o roteiro que parece em meados do segundo ato ainda
estar procurando que história quer contar.
Alguns anos depois dos eventos do bom X-Men:
O Confronto Final, onde teve de assassinar sua amada Jean Grey (Famke
Janssen, aqui reduzida a aparições decepcionantes em sonhos e devaneios do
protagonista), Logan (Hugh Jackman) se encontra exilado em alguma parte do
Canadá, de onde é tirado por Yukio (Rila Fukushima) para ir ao Japão prestar
seus últimos sentimentos a Yashida (Hal Yamanouchi), um soldado que ele salvara
durante o ataque atômico a Nagasaki. Porém, ao chegar lá, o nosso herói se
depara com um cenário bem mais complicado do que o previsto, e subitamente se
vê responsável pela segurança da bela Mariko (Tao Okamoto), herdeira de Yashida
que está sendo procurada pela Yakuza.
De primeira, a relação entre Wolverine e
Mariko é desenvolvida de maneira terrivelmente truncada e artificial, sem
contar todos os clichês da garota educada ensinando as delicadezas de sua
rotina ao brutamontes grosseirão. Yukio e Harada (Will Yun lee) por outro lado nunca dizem ao que vieram, ainda que a primeira chegue a criar uma boa química com Logan. Já o desenvolvimento dos vilões é ainda pior,
uma vez que nem mesmo se define quem é o verdadeiro algoz do filme até o
terceiro ato (!), quando finalmente estabelecemos Viper (Svetlana
Khodchenkova) como a nossa antagonista principal. Isso só para apresentá-la
então em trajes que destoam absurdamente da proposta estética de todo o resto
do filme, com uma fantasia emborrachada verde que se sentiria muito mais a vontade
nos filmes Batman de Joel Schumacher. Sem contar a performance
da própria atriz, que caricata arruína qualquer interação que seja com o resto
do elenco. O que seria apenas um tropeço perdoável caso o roteiro se
preocupasse em estabelecer sua trama com eficiência, o que não acontece. O
texto de Mark Bomback e Scott Frank parece se perder em devaneios durante os
dois primeiros atos, sem se preocupar em informar ao espectador o que de fato
está acontecendo, soando como uma indecisão dos escritores sobre que tipo de
filme queriam escrever. Por outro lado, os mesmos roteiristas claramente
confiam em seu público e muitas vezes a falta de satisfação para com quem está
assistindo ao filme acaba implicando num cativante exercício de lógica de nossa
parte, que temos que explorar as informações que nos foram dadas e com elas
deduzir as situações e relações entre os personagens.
Já tendo se mostrado um bom diretor de cenas
de ação, James Mangold se sobressai principalmente nestes momentos,
estabelecendo com eficiência sua mise en scène em sequências como a do tiroteio no
funeral de Yashida, aquela em que Wolverine tenta avançar sobre seus oponentes ainda que crivado de
flechas inimigas e até mesmo na repetitiva batalha final contra o Samurai de
Prata. Mas méritos lhe sejam dados pela condução de pelo menos um excelente
momento que se passa no teto de um trem bala, que inventivo e absurdo, acaba divertindo enquanto dura.
Deixando ainda o terceiro ato para revelações
que não deveriam ser surpresa para ninguém, Wolverine: Imortal acaba
reservando o seu melhor para uma cena durante os créditos, quando deixa um
gosto do que virá por ai em X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido.
NOTA: 6/10
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