Interpretando a si
mesmos, os atores Seth Rogen, Jay Baruchel, Jonah Hill, Danny McBride e Craig
Robinson se veem presos na mansão de James Franco junto com o mesmo quando uma
calamidade misteriosa toma conta do mundo. Entediados, o grupo começa a
refilmar no melhor estilo Rebobine
Por Favor sequências para
seus maiores sucessos, ao passo em que tentam achar e dividir suprimentos.
Dirigido por Seth
Rogen e Evan Goldberg, É o Fim não se demora a começar a satirizar
suas figuras centrais, e logo de início alguém já questiona Rogen: "quando
você vai interpretar um personagem diferente?". Aliás, as falas repletas
de autocríticas escritas pelos diretores são um dos pontos mais altos do longa
metragem, e durante uma prece um deles começa dizendo: "Senhor, aqui é
Jonah Hill... Do filme Moneyball". Mas as linhas ditas pelos
personagens não se limitam a fazer um monte de piadas internas que deixariam
grande parte do público à deriva - ainda que, sim, conhecer um pouco dos
trabalhos anteriores de cada um deles seja essencial para rir um pouco mais com
o filme. Investindo também no "bromance", por exemplo, o filme busca
até mesmo através da metalinguagem apontar de forma divertida clichês ou erros
comuns de produções do gênero. Um personagem escondido no canto do corredor
enquanto outros dois confabulam, não se poupa de olhar para a câmera e afirmar
"eu ouvi tudinho", enquanto em outro momento, ao passar por um
balanço em chamas, Jay Baruchel se vê na obrigação de explicar a metáfora em
voz alta: "isto significa que a inocência morreu".
Mas claro que as
piadas com os próprios atores acabam sendo as mais divertidas, e toda a
sequência envolvendo Emma Watson é divertidíssima neste quesito. Enquanto em
outras pontas menores podemos ver as participações hilárias de figuras como
Michael Cera, Christopher Mintz-Plasse (como roteirista de Superbrad, é claro que Evan
Goldberg não podia deixar de enquadrar o trio junto uma vez mais), Rihanna,
Paul Rudd, Jason Segel e um impagável Channing Tatum. Já no núcleo principal é
divertido notar como os atores parecem levar tranquilamente estereótipos sobre
si mesmos, sendo Danny McBride e James Franco os mais carismáticos do grupo
neste sentido. Franco não se abstém de brincar com os rumores sobre sua
sexualidade, enquanto McBride parece assumir completamente a persona canalha
habitual de seus papeis. Nem mesmo os filmes estrelados por estas figuras
escapam das piadas do longa, e logo vemos Rogen considerando uma continuação
para Segurando as Pontas,
ao passo em que um pôster solo do Duende Verde de Homem Aranha 3 e a câmera de 127 Horas surgem como parte da trama. E nem
mesmo O Exorcista, que
nada tem a ver com qualquer um dos envolvidos, escapa de ganhar sua pequena paródia
no terceiro ato.
Quanto mais se
aproxima de seu desfecho e menos se importa com os absurdos que apresenta, mais
divertido se mostra É o Fim,
que culmina em um clímax insano embalado ao som da apropriada I Will Always Love You de Whitney Houston. Divorciado assim
de qualquer compromisso que não seja o de fazer rir enquanto ri de si mesmo, a
comédia se mostra um exemplar eficaz que deixa um raro gosto de quero mais
quando sobe seus créditos.
NOTA: 9/10
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