quinta-feira, 10 de outubro de 2013

É O FIM



     É o Fim é o típico filme que se usa chamar de besteirol americano, onde um elenco composto por rostos populares entre os jovens, através de situações absurdas, fazem piadas envolvendo drogas, sexo e alguma violência. Mas justamente por saber que se trata de um espécime do tipo, e usar isso a favor de sua trama ao investir pesadamente na auto sátira, o longa resulta em quase duas horas de diversão ininterrupta.


     Interpretando a si mesmos, os atores Seth Rogen, Jay Baruchel, Jonah Hill, Danny McBride e Craig Robinson se veem presos na mansão de James Franco junto com o mesmo quando uma calamidade misteriosa toma conta do mundo. Entediados, o grupo começa a refilmar no melhor estilo Rebobine Por Favor sequências para seus maiores sucessos, ao passo em que tentam achar e dividir suprimentos.


     Dirigido por Seth Rogen e Evan Goldberg, É o Fim não se demora a começar a satirizar suas figuras centrais, e logo de início alguém já questiona Rogen: "quando você vai interpretar um personagem diferente?". Aliás, as falas repletas de autocríticas escritas pelos diretores são um dos pontos mais altos do longa metragem, e durante uma prece um deles começa dizendo: "Senhor, aqui é Jonah Hill... Do filme Moneyball". Mas as linhas ditas pelos personagens não se limitam a fazer um monte de piadas internas que deixariam grande parte do público à deriva - ainda que, sim, conhecer um pouco dos trabalhos anteriores de cada um deles seja essencial para rir um pouco mais com o filme. Investindo também no "bromance", por exemplo, o filme busca até mesmo através da metalinguagem apontar de forma divertida clichês ou erros comuns de produções do gênero. Um personagem escondido no canto do corredor enquanto outros dois confabulam, não se poupa de olhar para a câmera e afirmar "eu ouvi tudinho", enquanto em outro momento, ao passar por um balanço em chamas, Jay Baruchel se vê na obrigação de explicar a metáfora em voz alta: "isto significa que a inocência morreu".


     Mas claro que as piadas com os próprios atores acabam sendo as mais divertidas, e toda a sequência envolvendo Emma Watson é divertidíssima neste quesito. Enquanto em outras pontas menores podemos ver as participações hilárias de figuras como Michael Cera, Christopher Mintz-Plasse (como roteirista de Superbrad, é claro que Evan Goldberg não podia deixar de enquadrar o trio junto uma vez mais), Rihanna, Paul Rudd, Jason Segel e um impagável Channing Tatum. Já no núcleo principal é divertido notar como os atores parecem levar tranquilamente estereótipos sobre si mesmos, sendo Danny McBride e James Franco os mais carismáticos do grupo neste sentido. Franco não se abstém de brincar com os rumores sobre sua sexualidade, enquanto McBride parece assumir completamente a persona canalha habitual de seus papeis. Nem mesmo os filmes estrelados por estas figuras escapam das piadas do longa, e logo vemos Rogen considerando uma continuação para Segurando as Pontas, ao passo em que um pôster solo do Duende Verde de Homem Aranha 3 e a câmera de 127 Horas surgem como parte da trama. E nem mesmo O Exorcista, que nada tem a ver com qualquer um dos envolvidos, escapa de ganhar sua pequena paródia no terceiro ato.


     Quanto mais se aproxima de seu desfecho e menos se importa com os absurdos que apresenta, mais divertido se mostra É o Fim, que culmina em um clímax insano embalado ao som da apropriada I Will Always Love You de Whitney Houston. Divorciado assim de qualquer compromisso que não seja o de fazer rir enquanto ri de si mesmo, a comédia se mostra um exemplar eficaz que deixa um raro gosto de quero mais quando sobe seus créditos.


NOTA: 9/10  



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