sexta-feira, 13 de julho de 2018

CRÍTICA: SICÁRIO - DIA DO SOLDADO



É ótimo voltar ao universo de Sicário, e aí que está o problema: é ótimo. Deveria ser aterrador. Apesar de tanto, Sicário: Dia do Soldado não é um filme ruim, embora passe longe da maestria do clássico-instantâneo que é o original dirigido por Dennis Villenueve - que só fica melhor com o tempo. Acontece que Dariusz Wolski (cujo trabalho admiro muito) não é Roger Deakins, mas sua fotografia emula muito bem o trabalho (genial) deste último, assim como Hildur Guðnadóttir não é Jóhann Jóhannsson (falecido), e a trilha, que antes era um personagem à parte, aqui torna-se apenas o típico complemento narrativo.

No geral, o filme imita muito bem o estilo do primeiro, no ritmo e na atmosfera principalmente. Mas sem a mão de Villeneuve, fica convencional demais, é somente um trhiller policial com boas cenas de tensão - engrandecidas pelo protagonismo de Josh Brolin e Benicio Del Toro (que deveria ter ganho todos os prêmios de Ator Coadjuvante por seu papel em 2015). Falta ao filme a crueldade e a frieza visual e narrativa para chutar o espectador na barriga, como fazia o antecessor. Falta ao projeto uma inspiração e repertório para se referenciar - o primeiro bebia do Noir, especialmente de A Marca da Maldade.

E é estranho, porque na prática tá tudo no lugar. Os efeitos sonoros, a fotografia, a montagem, etc. A princípio, o filme emula fielmente o que vimos antes, mas não tem uma alma, um maestro ali, alguém que pense: "hmmm, a trilha pode ser a 'voz' desse lugar que vamos apresentar", ou que pontue a trama com simbolismos sutis que atravessam a narrativa, extraindo um significado poderoso no fim. E ainda assim, é ótimo rever Brolin e Del Toro nos papéis do agente Matt Graver e Alejandro, respectivamente - o que comprova o talento de ambos. O primeiro é bonachão e eloquente, se distanciando do que fez com Thanos e de Cable, outros de seus personagens vistos em 2018 - mas Brolin ainda assim consegue inspirar ameaça mesmo munido de sorrisos, pois sabe manter o olhar frio e perigoso por trás de seus modos expansivos. Já Del Toro sofre um pouco com o roteiro de Taylor Sheridan (o mesmo do original), que lhe dá mutas falas, e falas muito tranquilas, ligeiramente diferente do soturno e calado sicário de antes - mas ainda assim, o ator passa por cima disso com suas expressões que vertem ameaça a todo instante.  

Entretanto, se antes o universo de Sicário era impiedoso, violento e desesperador, agora ele é meio "pessimistinha", na melhor das hipóteses - Alejandro com crise de protetor de criança? Qual é...

Nota: 7/10

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