Um guia para apostar no Oscar 2019
Acontece que eu adoro apostar nos vencedores do Oscar todos os anos. E modéstia à parte, tenho um bom número de acertos a cada edição. Minhas surpresas costumam ser surpresas para todo mundo. Agora, eu não sou nenhum x-men com poderes místicos não, o que eu faço é observar as notícias, os indicados e sua repercussão na mídia, em outras premiações e o contexto de cada concorrente.
Ou seja, eu dou meus pitacos depois de estudar muuuito a situação da indústria. Então, começando este ano, resolvi dividir esse compilado aqui para que outras pessoas possam brincar também. Espero que gostem e, se for útil, compartilha que o tio agradece.
Aqui você pode conferir todas as minhas apostas para o Oscar 2019, só clicar.
Como utilizar o guia?
Seguinte, pra ficar mais organizado, eu dividi as coisas aqui entre Premiações, Mídia, Méritos e Outras Considerações, e isso sobre CADA UM dos indicados - eu sou um anjo, eu sei, obrigado.
Premiações. Para fins de avaliação:
As premiações que mais pesam para a Academia são as dos sindicatos, o PGA (produtores, pesam na categoria Melhor Filme), DGA (diretores), SAG (atores), WGA (roteiristas), ACE (montadores), ASC (fotógrafos), CDGA (figurinistas), MUAHSG (maquiadores e cabeleireiros), ADG (diretores de arte) e VES (animadores gráficos) - até a data dessa postagem o sindicato dos sonoplastas (MPSE) ainda não tinha entregue o seu prêmio.
Depois vem as grandes premiações gerais, como o BAFTA (o Oscar britânico), o Critics Choice, o Independent Spirit e por último o Globo de Ouro, o que menos pesa nas decisões porque realmente não é levado a sério por lá - porém, como tem membros da Academia que podem ser alheios a isso, influencia, nem que seja contra o indicado.
Daí, por fim, há os festivais. Em primeiro Cannes, daí Veneza, Toronto e, quem sabe, Sundance.
Mídia é o que outros veículos estão favoritando. Oscar é uma corrida publicitária, é preciso ser falado e falado do jeito certo, e ninguém melhor para medir esse termômetro do que a mídia local de Hollywood, por isso aqui entram as apostas de veículos de lá.
Méritos. Por mais estranho que seja, é aqui que eu vou comentar os méritos dos indicados, se aquilo pelo que eles estão concorrendo realmente tem peso para ganhar e o porquê. E aqui tem um diferencial, sempre que eu inserir esta variável, é porque eu mesmo assisti ao filme (assisti praticamente todos) e fiz uma avaliação de estilo, impacto e assuntos.
Já em Outras Considerações, quando existirem, eu vou falar de polêmicas, jogadas de marketing e demais fatores que podem influenciar na decisão da Academia.
Prontos? Vamos lá!
MELHOR FILME
Premiações: venceu o BAFTA na categoria Melhor Filme Britânico - mas há de se considerar que se trata de uma produção britânica indicada ao Oscar, a classe cinematográfica da Inglaterra não iria querer ficar para trás no reconhecimento do próprio filme. Concorreu ao Globo de Ouro como Comédia ou Musical (que é uma categoria considerada menor do que a de Drama), ao Critics Choice e ao PGA.
Mídia: o portal Awards Circuit foi o único que encontrei que ainda aposta nesse aqui para Melhor Filme. A produção chegou a ter o favoritismo em dado momento, mas parece que perdeu essa força e o apoio da mídia, especialmente nos Estados Unidos.
Méritos: é um filme menos palatável, até menos do que Roma, que apesar de ser rebuscado, não é ácido ou repleto de subcamadas como esse aqui. Tem cenas de sexo (lésbico) e um tom sombrio, além de algumas metáforas visuais. É protagonizado por mulheres fortes e os homens são ridicularizados. Isso tudo são fatores que marginalizam o projeto, e é possível que afaste uma boa parcela mais “tradicionalista” dos votantes ou que, por sua temática, não caia no gosto dos americanos.
Outras Considerações: está indicado a Roteiro e Montagem, além, é claro, de Direção, que são categorias que complementam a de Melhor Filme - não estar indicado nestas categorias é um sinal de que o filme não tem muita força na campanha pela estatueta.
Roma
Premiações: venceu o BAFTA e o Critics Choice de Melhor Filme, mas perdeu o PGA, que é a premiação de maior peso aqui.
Mídia: a produção é a aposta para Melhor Filme de veículos de peso como o Hollywood Reporter, o The Playlist, a IndieWire e a Entertainment Weekly.
Méritos: é um filme belo tanto temática quanto plasticamente, além de ser sensível, com causas facilmente identificáveis. Porém, ele é lento e possui vários momentos de abstração, o que pode afastar votantes impacientes.
Outras Considerações: desde que foi criada a premiação em 1934, somente nove (NOVE) filmes venceram na categoria principal sem terem sido indicados a Melhor Montagem, e a última vez que isso ocorreu foi em 1980. Além disso, há uma pequena parcela de detratores que acusam o filme de romantizar uma situação indigesta e oferecer apenas o ponto de vista privilegiado do seu diretor - mas trata-se de um nicho. O longa tem sido aclamado em diversos festivais e premiações, seu favoritismo é forte o suficiente para sobreviver às críticas - além disso, os outros indicados não parecem oferecer tanta concorrência assim.
Premiações: concorreu ao Globo de Ouro como Comédia ou Musical (categoria menor que Drama), ao Critics Choice e ao PGA.
Mídia: não é a aposta de nenhum grande veículo nesta categoria.
Méritos: é um filme divertido e declaradamente anti-republicano, e como a maior parte da Academia é democrata, isso pode agradá-los especialmente depois do ano que tiveram com Trump. Porém, sua temática e, principalmente, a narrativa satírica, afunilam o público que realmente consegue apreciá-lo suficientemente para querer coroá-lo como Melhor Filme.
Outras Considerações: outra, é anti-republicano demais, talvez muitos não o coloquem em boa posição na ficha de votos para não ofender tanto assim aos colegas que são de direita. Por outro lado, está indicado a Melhor Roteiro Original e é um dos favoritos à Montagem.
Premiações: venceu o SAG de Melhor Elenco, que é o equivalente a vencer como o filme da noite naquela premiação. Concorreu ao Globo de Ouro, ao Critics Choice e ao PGA.
Mídia: não é a aposta de nenhum grande veículo nesta categoria.
Méritos: é um filme de super-herói e a Academia no geral não gosta de filmes pro povão, cheios de ação e efeitos visuais - quando premiam uma produção mais popular, ela costuma conversar com os seus parâmetros de “excelência” e do que consideram “sério” e “culto”.
Outras Considerações: é o primeiro grande filme de super-herói negro, com elenco e equipe negras, e o primeiro do gênero a alcançar a categoria de Melhor Filme. Porém, não está indicado nas categorias de Roteiro ou Montagem, apenas sete filmes venceram sem concorrer em nenhuma das categorias de Roteiro.
Green Book - O Guia
Premiações: venceu o PGA (o maior indicativo dessa categoria) e o Globo de Ouro como Comédia ou Musical. Concorreu BAFTA e ao Critics Choice também.
Mídia: é a aposta de veículos como a CNN e a Variety, além de ser a segunda opção da IndieWire.
Méritos: é um filme divertido, acessível e de narrativa simples mas não simplória. Também aborda o racismo e trata do assunto de uma forma positiva, ou seja, pode fazer muitos votantes se sentirem bem e cumprindo seu papel por votarem no filme.
Outras Considerações: é o tipo de filme que a Academia ama premiar: história real de preconceito e superação, com uma lição positiva no final. Além disso, embora não concorra à Direção, está nas categorias de Montagem e Roteiro, o que indica um certo favoritismo dentre os demais indicados que não estão. Apesar disso, tanto o diretor quanto Tony Vallelonga, cuja história inspirou o filme, estão sendo acusados de assédio sexual ou racismo, é difícil que a Academia ainda veja o projeto com bons olhos a essa altura.
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao SAG, ao Globo de Ouro como Drama, ao Critics Choice e ao PGA, mas não ganhou nenhum.
Mídia: não é a aposta de nenhum grande veículo nesta categoria.
Méritos: é um filme sobre a conquista do sonho americano e do “qualquer um pode”. Tem dois queridinhos à frente do elenco e consegue emocionar com facilidade.
Outras Considerações: é importante levar em conta que esta é a quarta versão de Nasce Uma Estrela, e todas elas concorreram ou levaram algum Oscar, mas nunca como Melhor Filme, tem membros da Academia que podem se sentir em débito com esse projeto. Concorre a Melhor Roteiro Adaptado, mas não a Melhor Montagem.
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao SAG, ao Globo de Ouro como Drama, ao Critics Choice e ao PGA, mas não ganhou nenhum.
Mídia: não é a aposta de nenhum grande veículo nesta categoria.
Méritos: é um filme descontraído que, ainda assim, consegue fazer chocar. Fala sobre uma ferida americana e pode dar aos votantes a sensação de estarem “fazendo a coisa certa” (piadinha interna pra quem entendeu essa). É um filme que, ao contrário de Green Book, trata do racismo de forma bastante pesada e apontando dedos, a culpa pode atrair alguns votantes, mas afastar muitos outros.
Outras Considerações: Spike Lee é um diretor consagrado, já ganhou Oscar honorário e tudo, mas nunca ganhou nada competindo e já produziu outras obras bem marcantes sobre racismo que nunca foram indicadas nas categorias principais - a Academia se sente em débito com ele. Lee é produtor do filme, ou seja, levaria pelo menos uma estatueta para casa se o filme vencesse aqui. Infiltrado na Klan também concorre à Montagem, Roteiro Adaptado e Direção, bons sinais de favoritismo.
Bohemian Rhapsody
Premiações: venceu o Globo de Ouro como Drama. Concorreu ao BAFTA, ao SAG e ao PGA.
Mídia: não é a aposta de nenhum grande veículo nesta categoria.
Méritos: é um filme sobre o Queen, uma das bandas mais populares da história. As músicas empolgam e muitos votantes podem confundir isso com a qualidade do projeto. Também tangencia tópicos políticos como a homossexualidade e a AIDS, pesando na consciência de alguns votantes que possam ser enganados. É, porém, visivelmente o filme mais frágil da seleção.
Outras Considerações: boa parte do filme foi dirigida por Bryan Singer, acusado de molestar jovens meninos - o que o levou a abandonar o que faltava do projeto. Além disso, o filme não está indicado nas categorias de Roteiro e, obviamente, de Direção, mau sinal.
MELHOR DIREÇÃO
Alfonso Cuarón, por Roma
Premiações: venceu o DGA (que pesa muito aqui), o Critics Choice, o Globo de Ouro e o BAFTA.
Mídia: é a aposta de principal de praticamente todos os grandes veículos, como Hollywood Reporter, CNN, The Playlist, Variety e a Awards Circuit. A IndieWire o colocou como segundo favorito.
Méritos: Roma é um filme extremamente pessoal, sua mão é a alma do projeto - seja isso bom ou ruim. Não há como pensar nessa produção sem mencionar seu diretor, ou seja, é o candidato que mais se nota na categoria.
Outras Considerações: Cuarón já ganhou um Oscar, e muito recentemente, por Gravidade, e isso pode ser bom ou ruim. Bom porque ele pode ainda estar surfando nessa onda, e ruim porque tem gente que pode pensar que ele já ganhou um faz pouco e não precisa de outro. Além disso, há aquela pequena parcela de detratores que acusam o diretor de oferecer uma visão privilegiada e romantizada sobre o tema do seu filme.
Spike Lee, por Infiltrado na Klan
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao Globo de Ouro, ao Critics Choice e ao DGA.
Mídia: é a aposta na categoria da IndieWire.
Méritos: Lee conduz com segurança todo o projeto, brincando com a narrativa de forma madura, sabendo inserir piadas e também criar momentos dramáticos e tensos. Seu filme carrega uma temática cara ao diretor e todos os votantes sabem disso, premiar ele é premiar suas ideias e protestos, e a Academia tende a querer ser política nesses momentos.
Outras Considerações: Lee nunca ganhou um Oscar competitivo, embora já tenha sido indicado várias vezes. É quase um veterano de Hollywood e surge agora com um filme sobre racismo, em plena era Trump, que ele chega a citar no projeto. Entretanto, o diretor passou anos escanteado, período em que fez duras críticas a muita gente na indústria, ele é impopular com muita gente. ALém disso, o cineasta é conhecido por não ser muito carismático, e Oscar é campanha, é preciso falar em público e ser lembrado como uma pessoa agradável.
Yorgos Lanthimos, por A Favorita
Premiações: concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: nenhum grande veículo apostou nele aqui.
Méritos: Yorgos é novato, um rosto novo. Estrangeiro (ele é Grego), este já é o seu terceiro filme na grande indústria, e mais um que marca um estilo forte e marcante. Mesmo que não conquiste a todos, a Academia e nem ninguém consegue negar que ele é sifisticado, tem voz e temática próprias, e o Oscar adora chancelar novos talentos e dizer que foram eles quem descobriram e jogaram ao mundo.
Outras Considerações: Bom, Yorgos é novato, e isso também pode ser um problema porque quer dizer que ele não é muito conhecido na indústria. Não é todo mundo que conhece seu trabalho e muito menos aqueles que consegue soletrar o seu nome. Além disso, apesar de tudo, seu projeto trata-se de um filme de época sobre a corte britânica - não é uma temática exatamente popular entre os votantes.
Pawel Pawlikowski, por Guerra Fria
Premiações: concorreu ao BAFTA.
Mídia: nenhum grande veículo apostou nele aqui.
Méritos: de maneira muito similar ao Roma, Guerra Fria é um filme em que é impossível não notar a mão do diretor. E assim como Yorgos, Pawlikowski está demonstrando um estilo muito próprio, e um que Academia também parece aprovar dentro de um parâmetro de sifisticação, já que indicaram o autor, mas não o filme - que concorre a Melhor Filme Estrangeiro, mas não na categoria principal. Além disso, a temática guerra sempre desperta a simpatia dos votantes.
Outras Considerações: é o único dos indicados que não está concorrendo na categoria principal - o que não é um bom sinal. Entretanto, a Academia parece gostar de Pawel, pois já premiaram seu projeto anterior, Ida, na categoria de Filme Estrangeiro.
Adam McKay, por Vice
Premiações: concorreu ao Globo de Ouro, ao Critics Choice e ao DGA.
Mídia: nenhum dos grandes veículos apostou em McKay.
Méritos: se Roma é um filme muito pessoal e A Favorita e Guerra Fria muito autorais, Vice se junta a Infiltrado na Klan como um filme muito ideológico. Com os dois pés bem atolados na esquerda, o projeto vilaniza os republicanos e os responsabiliza por centenas de tragédias nos últimos 50 anos - pelo menos. E faz isso de uma forma divertida, muitas vezes ácida e até pastelona. Narrativamente, é o projeto que mais se faz notar, porém, muita gente pode atribuir esses méritos à montagem, e não à direção apenas. Mas é o tipo de trabalho que a Academia adoraria premiar se ela não zelasse pela sua imagem de “culta” e “séria”.
Outras Considerações: é a segunda indicação de Adam McKay, ele já concorreu nessa mesma categoria por A Grande Aposta, e inclusive venceu o Oscar de Roteiro Adaptado por esse mesmo filme, então ele não é mais nenhum novato. Porém, muita gente o criticou por “repetir” a fórmula do seu filme anterior, e além disso, também pesa o forte teor ideológico da produção.
MELHOR ATOR
Bradley Cooper, por Nasce Uma Estrela
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao SAG (premiação com maior peso aqui), ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: não encontrei apostas no indicado.
Méritos: Cooper vive um arquétipo consagrado que já foi bem marcado pelas três versões anteriores do filme. Seu papel é carismático, trágico e comovente, tudo que a Academia ama premiar.
Outras Considerações: já é a quarta indicação de Cooper como ator, sem contar que ele concorre como roteirista e produtor por Nasce Uma Estrela, tendo sido esnobado como diretor quando todos o apontavam como um dos favoritos da temporada - o que pode deixar os votantes em débito com ele. Porém, Cooper também andou reclamando em entrevistas de não ter sido indicado à Direção, e a Academia não suporta recalque, Leonardo DiCaprio que o diga.
Rami Malek, por Bohemian Rhapsody
Premiações: venceu o Globo de Ouro como Ator em Drama, o SAG (categoria de mais peso aqui) e o BAFTA. Concorreu ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter, da CNN, da Variety, da Awards Circuit e do The Playlist.
Méritos: Malek vive Freddie Mercury, um dos artistas mais celebrados dos últimos cinquenta anos. O filme é embalado pelas músicas do Queen, o que muita gente pode confundir com a qualidade do projeto.
Outras Considerações: apesar de novato, Malek tem sido exposto com intensidade pela campanha de divulgação do filme. Praticamente todos os votantes estiveram em contato com ele e já o anunciam como vencedor.
Christian Bale, por Vice
Premiações: venceu o Globo de Ouro como Ator em Comédia ou Musical (vai entender) e o Critics Choice. Concorreu ao BAFTA e ao SAG.
Mídia: é a aposta principal da IndieWire.
Méritos: Bale é conhecido por suas mudanças físicas drásticas, algo que a Academia adora, ainda mais se é para viver uma pessoa real. Ele vive um político de rosto bem conhecido nos Estados Unidos num filme declaradamente de esquerda e anti-republicano - coisa que boa parte da Academia é.
Outras Considerações: Bale já venceu um Oscar recentemente (foi em 2011), e a Academia pode achar que ainda está no crédito com ele - a indicação tem ares de ser, ela mesma, um aceno cordial ao trabalho de um ator que eles apreciam mas que já consideram consagrado o suficiente, já que esta é a terceira nomeação dele nos últimos oito anos.
Willem Dafoe, por No Portal da Eternidade
Premiações: concorreu ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: ninguém apostou nele - mas todos gostam muito do seu trabalho e da pessoa que ele é.
Méritos: Dafoe interpreta Van Gogh, um dos artistas mais amados da História, especialmente devido a sua vida curta, trágica e melancólica. O filme tem o personagem como centro e deixa o ator em cena quase que o tempo inteiro, é impossível ignorar o seu trabalho.
Outras Considerações: Willem Dafoe é um veterano. Com mais de 60 anos de idade esta já é a sua quarta indicação sem nenhuma vitória, a Academia parece ter percebido que está em grande débito com ele. Além disso ele é conhecido por ser um colega de trabalho muito carismático e uma pessoa amável e acessível, o que o torna bastante popular.
Viggo Mortensen, por Green Book - O Guia
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao SAG, ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: não é a aposta de nenhum dos veículos levantados.
Méritos: o personagem de Mortensen é expansivo, ou seja, é notado. Começa sendo preconceituoso e acaba “aprendendo a lição”, e a Academia adora esse tipo de redenção.
Outras Considerações: Viggo é um ator querido e já bem estabelecido em Hollywood. Esta já é sua terceira indicação, todas na categoria de Ator.
MELHOR ATRIZ
Olivia Colman, por A Favorita
Premiações: venceu o Globo de Ouro como Atriz em Comédia ou Musical e o BAFTA. Concorreu ao SAG e ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta da The Playlist e a segunda opção da IndieWire e do Awards Watch.
Méritos: sua personagem é a motivação em si do filme. A atriz está bem diferente na tela do que é na vida real e ganha vários tour de force, ou seja, momentos que permitem ao artista dominar o palco e esbanjar seu trabalho para todos verem.
Outras Considerações: Colman é britânica e uma atriz bem local. É nova em Hollywood e pouco conhecida ainda. Ela também evita as redes sociais e exposição da vida pessoal. Seu trabalho está sendo aplaudido e a consideram uma pessoa carismática, mas ela talvez seja um tanto reservado e “inglesa” demais para o gosto dos votantes americanos.
Lady Gaga, por Nasce Uma Estrela
Premiações: venceu o Critics Choice junto com Glenn Close. Concorreu ao BAFTA, ao SAG e ao Globo de Ouro como Atriz em Drama.
Mídia: chegou a ser a favorita da temporada. Quando estreou Nasce Uma Estrela, era só em Gaga que se falava. Mas a campanha saturou sua imagem e ela perdeu força desde então.
Méritos: similar ao colega Bradley Cooper, Gaga vive um arquétipo consagrado pelas versões anteriores e que já renderam indicações nesta categoria. Ela canta em frente às câmeras, chora e faz o pacote completo da “atriz principal”, além disso, por interpretar uma cantora, está inserida no seu elemento e a Academia tende a ver isso com bons olhos.
Outras Considerações: Gaga vem de um outro ramo artístico e ficou bastante popular depois que se apresentou algumas vezes na cerimônia do Oscar - ela, inclusive, já concorreu à estatueta de Melhor Canção Original.
Glenn Close, por A Esposa
Premiações: venceu o Critics Choice ao lado de Lady Gaga, o Globo de Ouro como Atriz em Drama e o SAG (que é a premiação com mais peso aqui). Concorreu também ao BAFTA.
Mídia: é a aposta fervorosa do Hollywood Reporter, da CNN, da Variety, da The Playlist, da Awards Circuit e da IndieWire.
Méritos: seu papel também oferece um grande tour de force. A temática levanta a importância de se dar voz às mulheres, especialmente no meio das premiações, o que pode doer na consciência da Academia.
Outras Considerações: Glenn Close é uma veterana, considerada uma das grandes damas de Hollywood, ela já foi indicada nada menos do que SETE vezes como Atriz, sem nunca levar nada. Aqui a Academia não está em débito, está praticamente no SPC com o que deve de reconhecimento à ela. Tanto é que esta é a única indicação de A Esposa, o filme só consta na lista do Oscar porque a Academia provavelmente não quer perder a chance de premiar Close desta vez.
Melissa McCarthy, por Poderia Me Perdoar?
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao SAG, ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: nenhum dos veículos levantados apostou nela.
Méritos: o papel foge um pouco da zona de conforto da atriz, que inclusive já foi indicada por uma comédia. McCarthy está igualmente descontraída, mas sombria e também mostrando outras nuances dramáticas de seu talento.
Outras Considerações: bom, ela já foi indicada antes, e isso é sempre um bom sinal.
Yalitza Aparicio, por Roma
Premiações: concorreu ao Critics Choice.
Mídia: não encontrei apostas na candidata, embora exista muita torcida.
Méritos: Yalitza vive uma personagem que reflete bastante a própria realidade dela como pessoa. Ela é quase uma não-atriz escolhida a dedo para viver um papel no qual magnetiza as atenções, um feito especialmente notável se levarmos em consideração que se trata de uma protagonista muito introspectiva.
Outras Considerações: sua indicação é, antes de qualquer coisa, política. Aparicio é de origem indígena e vive uma empregada doméstica com genealogia similar. Pesa aqui que ela seja, portanto, uma imigrante indicada ao Oscar, em plena política de fechamento das fronteiras do governo Trump.
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Richard E. Grant, por Poderia Me Perdoar?
Premiações: venceu o Spirit Awards. Concorreu ao BAFTA, ao SAG e ao Critics Choice.
Mídia: é a segunda aposta da IndieWire.
Méritos: vive um personagem repleto de trejeitos e muletas de atuação, além de se distanciar um pouco dos tipos ameaçadores que Grant costuma encarnar.
Outras Considerações: nunca foi um ator de premiações, este é o primeiro papel que lhe rende indicações, e ele já tem quase 62 anos.
Mahershala Ali, por Green Book - O Guia
Premiações: venceu o Globo de Ouro, o SAG, o Critics Choice e o BAFTA.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter, da CNN, da Variety, do Awards Circuit, da IndieWire e da The Playlist.
Méritos: Ali entrega um personagem introspectivo e menos imponente do que outros que já viveu. Sua interpretação de Don Shirley é baseada na delicadeza e na elegância, além de representar para os votantes a mensagem contra a segregação racial.
Outras Considerações: sua vitória seria um modo da Academia reconhecer uma temática e um ator negros ao mesmo tempo, já que, embora muitos filmes sobre o assunto estejam no páreo este ano, Ali e Regina King são os únicos atores negros indicados. Além disso, é a segunda indicação dele, que já venceu antes nesta mesma categoria por Moonlight há pouco tempo, o que neste caso é um bom sinal, indicando que a Academia está “na onda” dele.
Adam Driver, por Infiltrado na Klan
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao Globo de Ouro, ao Critics Choice e ao SAG.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: não foge muito aos tipos mais sérios e sensatos que Driver tende a viver, mas é um personagem carismático e que tem a torcida de quem assiste ao filme
Outras Considerações: Driver tem trabalhado com bons diretores de nicho nos últimos anos, além, é claro, de ser o principal vilão de nada menos do que Star Wars. Ele é bem popular, apesar dos seus modos reclusos. É a sua primeira indicação, que tem um cheiro de homenagem simbólica, quase como uma piscadela acompanhada de um “calma, a gente tá de olho em você e sua hora de brilhar vai chegar ainda”.
Sam Elliott, por Nasce Uma Estrela
Premiações: concorreu ao SAG e ao Critics Choice.
Mídia: também não existem apostas importantes feitas nele.
Méritos: seu personagem é bastante comovente, tem boas intenções no filme e é até um pouco injustiçado, gerando um carisma que só é potencializado pelo fato de Elliott ter uma cara de velhinho bondoso. A Academia se derrete com essas coisas.
Outras Considerações: apesar dos mais de 70 anos, é a sua primeira indicação.
Sam Rockwell, por Vice
Premiações: concorreu ao BAFTA e ao Globo de Ouro.
Mídia: esse ano ninguém apostou nele.
Méritos: Rockwell vive George W. Bush. Isso é, em si, um chamariz para o seu papel porque os todos nós já vimos a fuça de Bush um zilhão de vezes e sabemos exatamente como ele é e como ele fala. Além disso, a maquiagem deixou Rockwell idêntico ao ex-presidente dos EUA, e o ator o vive de forma cômica e caricata, o que deve conquistar a simpatia dos votantes democratas.
Outras Considerações: ele venceu nessa categoria ainda no ano passado, depois de anos sendo alardeado como um talento marginalizado pela Academia, que parecia confundir Rockwell com os personagens redneck que ele costuma viver. Sua indicação tem cara de ser só uma homenagem para não ninguém dizer que já esqueceram dele.
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Regina King, por Se a Rua Beale Falasse
Premiações: venceu o Critics Choice, o Spirit Awards e o Globo de Ouro
Mídia: é a aposta do Awards Watch, da CNN, da Variety e da IndieWire.
Méritos: King tem um clássico papel de apoio aqui, e o desempenha sempre com força em tela, oscilando muito bem entre o carisma e a dureza necessária.
Outras Considerações: junto com Mahershala Ali, é a outra única indicada negra nas categorias de atuação. Seu filme também não foi muito lembrado, e por ser do mesmo diretor de Moonlight, que sofreu um pouco com a confusão na entrega dos prêmio há dois anos atrás, a Academia pode se sentir na obrigação de premiá-la para não ficar feio.
Marina de Tavira, por Roma
Premiações: não esteve em nenhuma outra premiação de peso.
Mídia: ninguém apostou ou conseguiu prever sua indicação.
Méritos: sua personagem oscila entre ser a antagonista e uma amiga à protagonista em Roma. Representando a mãe de Alfonso Cuarón, Tavira é parte dos problemas que têm sido apontados no filme, pois a mulher que vive é um tanto idealizada demais pelo cineasta que, claro, precisa retratá-la como uma patroa insensível, mas também como a mãe de que ele lembra com carinho.
Outras Considerações: é mexicana e sua indicação é uma grande surpresa, também soa como uma nomeação de peso político, até por conversar com temas do projeto.
Amy Adams, por Vice
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao SAG, ao Critics Choice e ao Globo de Ouro.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter e a segunda opção da IndieWire.
Méritos: vive Lynne Cheney, figura pública dos EUA, e faz isso investindo em sotaque sulista e tudo mais. De novo, trata-se de uma forma da Academia alfinetar os republicanos.
Outras Considerações: esta já é a sexta indicação de Amy Adams nas categorias de atuação, ela nunca levou nada e ainda por cima é considerada injustiçada por não ter sido nem sequer nomeada por A Chegada ou Animais Noturnos há uns dois anos atrás.
Emma Stone, por A Favorita
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao SAG, ao Critics Choice e ao Globo de Ouro.
Mídia: não é a aposta de ninguém este ano, embora seja considerada uma surpresa em potencial.
Méritos: Stone tem em mãos o tipo de personagem que atores adoram viver. Abigail é dissimulada e tem diversas facetas, vai da inocência à psicopatia de uma cena a outra, e suas ações movem a trama para frente.
Outras Considerações: é a terceira indicação da atriz, que já venceu numa delas por La La Land, há bem pouco tempo. Embora também se beneficie de estar na boca do povo, talvez a Academia considere que está em dia com ela.
Rachel Weisz, por A Favorita
Premiações: venceu o BAFTA e concorreu ao SAG, ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta do Awards Circuit e da The Playlist.
Méritos: no meio de personagens tão egoístas, Weisz vive uma mulher dura, mas que parece ter o coração no lugar certo, o que chama mais atenção para a sua Lady Sarah.
Outras Considerações: Weisz só foi indicada uma única vez antes, e acabou levando por O Jardineiro Fiel, há quase 13 anos já. Talvez a Academia sinta que está lhe devendo um novo reconhecimento, e A Favorita é o tipo de filme que oferece palco para o seu elenco brilhar, não deixando dúvidas de que estariam fazendo uma boa escolha, seja lá quem decidam premiar no filme. Além disso, quem venceu o SAG nessa categoria, a premiação de mais peso aqui, foi Emily Blunt. Como Blunt não foi indicada ao Oscar, sua “herdeira” natural na linha de sucessão seria Weisz.
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Green Book - O Guia
Premiações: venceu o Globo de Ouro e concorreu ao WGA, ao BAFTA e ao Critics Choice
Mídia: é a aposta da Variety e a segunda opção da IndieWire.
Méritos: é o roteiro mais tradicional de todos os indicados, com arcos clássicos de conflitos e redenção. Isso é bom pro filme, porque os membros mais conservadores da Academia gostam e ainda se sentem bem votando num filme que fala sobre racismo.
Outras Considerações: é um tanto otimista demais, tem votante que não vai querer colocar o filme nos primeiros lugares da sua ficha por achá-lo muito idealizado. Além disso ele venceu o Globo de Ouro, que a Academia não leva a sério nessas categorias, o que quer dizer que muita pode colocar Green Book nos últimos lugares só para fugir de um resultado semelhante.
Roma
Premiações: concorreu ao WGA, ao BAFTA, ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: nenhum grande veículo apostou nele.
Méritos: é um dos favoritos como Melhor Filme, e faria pouco sentido não indicá-lo aqui se a Academia pretende premiá-lo lá. Porém, é um texto pouquíssimo falado e, aquilo que é dito, não é tão marcante quanto outros aspectos do projeto, como a fotografia e a direção em si. Logo, não é um roteiro muito aparente, o que com certeza vai dispersar boa parte de seus votos.
Outras Considerações: outra vez, há a questão da romantização feita por Cuarón. E se ele vai ser “punido” por isso, vai ser aqui.
No Coração das Trevas
Premiações: venceu o Critics Choice, e basicamente por isso que está aqui.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: é um texto excelente, e isso é inegável. O filme se baseia nos seus diálogos e na narração do protagonista, sem firulas ou recursos mais chamativos, como fazem alguns de seus outros colegas. Ao contrário de Roma, é o roteiro mais aparente dos indicados.
Outras Considerações: infelizmente foi amplamente ignorado pela temporada de premiações, está aqui porque venceu o Critics Choice e a Academia não quer ser taxada de “burra”. Sua indicação parece ser meramente isso.
A Favorita
Premiações: venceu o BAFTA e concorreu ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter, da CNN, do Awards Circuit, da IndieWire e da The Playlist.
Méritos: é um texto ácido, mas talvez muito sutil no seu humor. Além disso é cínico, sombrio e pessimista, coisa que a Academia raramente gosta de premiar. Mas é um roteiro que não passa despercebido, e como o filme é um dos favoritos da noite, não tinha como não estar aqui.
Outras Considerações: o caso aqui é BIZARRO, esse roteiro não ganhou e nem sequer concorreu ao WGA, o prêmio do sindicato dos roteiristas, que é o título que mais pesa nessas categorias. Entretanto, ao que parece, ele é o favorito por aclamação. É raro, mas não impossível esse tipo de vitória.
Vice
Premiações: concorreu ao WGA, ao BAFTA, ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: nenhum grande veículo apostou nele.
Méritos: depois da montagem, o aspecto que mais chama atenção na narrativa desse filme é o roteiro, que é bem presente com suas piadas e brincadeiras com o texto.
Outras Considerações: Adam McKay já venceu como Roteiro Adaptado há pouco tempo, porém, como não deve levar de Direção, talvez a Academia queira reconhecer o trabalho aqui. Além disso, seria menos bizarro essa vitória, tendo em vista que Vice concorreu ao WGA.
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Infiltrado na Klan
Premiações: venceu o BAFTA e concorreu ao WGA e ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter, da CNN, da Variety, do Awards Circuit, da IndieWire e da The Playlist.
Méritos: história real envolvendo racismo institucional e a Ku Klux Klan (muito em voga durante o governo Trump), e ainda baseada num livro escrito pelo próprio policial que protagoniza o filme. Além do peso político, é o roteiro que mais se destaca aqui como adaptação na sua configuração mais clássica.
Outras Considerações: Spike Lee talvez não vença como Direção, assim como Infiltrado na Klan também não deve vencer em outras categorias, então aqui seria um modo de não deixar o filme sair de mãos vazias.
A Balada de Buster Scruggs
Premiações: não concorreu a nenhuma outra grande premiação.
Mídia: por isso, obviamente ninguém apostou nele.
Méritos: é um roteiro dos irmãos Coen. É sério, isso, em si, já é suficiente para a Academia se derreter, porque os Coen são um xodó deles. Tanto é que o filme não concorreu a mais nada como Roteiro e está aqui.
Outras Considerações: é um filme da Netflix, e assim como muita gente passou a amar trabalhar para produções de streaming, outra parcela significativa pegou ranço da Netflix, ainda mais na grande indústria.
Se a Rua Beale Falasse
Premiações: venceu o Critics Choice e concorreu ao WGA, ao BAFTA e ao Globo de Ouro.
Mídia: não encontrei apostas nele.
Méritos: é, similar ao projeto anterior de Barry Jenkins, um filme muito mais mostrado do que falado. E, de novo, isso, implica num roteiro que os votantes não conseguem “enxergar” direito, apesar de ser extremamente delicado e sensível.
Outras Considerações: é uma das poucas indicações do filme, injustiçado pela Academia, ainda mais depois da vergonha que fez a produção de Moonlight passar há uns dois anos. Os votantes podem estar com peso na consciência.
Nasce Uma Estrela
Premiações: concorreu ao WGA, ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: é um roteiro mais tradicional também, só que ele perde essa impressão porque a direção de Bradley Cooper é mais refinada, conferindo ao texto um peso a mais de sofisticação.
Outras Considerações: bom, o roteiro foi escrito entre outras pessoas pelo Bradley Cooper, e ele está sofrendo com um rancinho da Academia pelas reclamações de não ter sido indicado à Direção. Além disso, embora seja a categoria de Roteiro Adaptado, o filme não oferece grandes mudanças mais originais em comparação com suas três versões anteriores.
Poderia Me Perdoar?
Premiações: venceu o WGA, premiação com mais peso aqui, e o Spirit Awards. Concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: é a segunda opção da IndieWire.
Outras Considerações: aqui tem outra bizarrice, porque, embora tenha vencido o WGA, o filme não parece ter força ou popularidade para vencer o Oscar. Está lembrado aqui basicamente por pressão de outras premiações.
MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
Premiações: venceu quatro prêmios no VES, um no ACE, o Annie Awards (o Oscar das animações), o PGA (grande peso sempre é para decidir melhor filme de alguma coisa), o Critics Choice, o Globo de Ouro e o BAFTA.
Mídia: é a aposta unânime de todos os veículos que eu levantei, o Hollywood Reporter, a CNN, a Variety, o Awards Circuit, o Awards Watch e a IndieWire.
Méritos: é visualmente incrível, representativo e divertido da primeira à última cena. Não tem o que dizer, simplesmente não há competidor à altura este ano.
Outras Considerações: bom, ele venceu tudo até agora, e é a chance da Academia premiar um herói negro, já que vão perder essa chance com Pantera Negra.
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao Globo de Ouro, ao Critics Choice ao ACE e ao PGA.
Mídia: é a segunda opção de quase todos os veículos que eu levantei, caso a Academia enlouqueça e não queria premiar Aranhaverso.
Méritos: conta com o saudosismo em relação ao filme original, além de trazer mais uma aventura muito divertida animada com a qualidade esperada da Pixar, que ainda por cima inverte os papéis do marido e da mulher dentro de casa.
Outras Considerações: é um filme da Pixar dirigido pelo Brad Bird, então, também seria estupidez imaginar que isso não vai pesar no coração dos votantes - até porque o original venceu aqui assim como Bird levou a estatueta todas as vezes em que foi indicado.
Wi-Fi Ralph
Premiações: concorreu ao Globo de Ouro, ao PGA e ao Critics Choice.
Mídia: ninguém aposta nele, na linha de sucessão, é o terceiro.
Méritos: muitos o acusaram de repetir a fórmula do primeiro, apenas maior e mais ambiciosamente. A qualidade é Disney e traz alguns temas interessantes sobre conectividade. Mas frente aos seus concorrentes pode empalidecer um tanto para os votantes.
Outras Considerações: o primeiro já levou esse Oscar para casa, acho que a Academia não vai pensar duas vezes em passar esse segundo Já o indicaram e isso é homenagem o suficiente na cabeça dos votantes.
Ilha dos Cachorros
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao Globo de Ouro, ao Critics Choice ao ACE e ao PGA.
Mídia: também não é alvo de apostas.
Méritos: belíssima animação stop-motion, está aqui porque é dirigida por Wes Anderson e para representar a técnica, já que a Academia tem gostado de variar e colocar todos os mercados de animação representados na categoria.
Outras Considerações: é um filme de Wes Anderson e esta já é a sua sétima indicação a algum Oscar. Talvez a Academia pense que já chega de esnobar o cineasta, além disso, é a única das animações que concorre em alguma outra categoria também - Trilha Sonora.
Mirai
Premiações: concorreu ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: perto das outras, ninguém falou desta aqui.
Outras Considerações: está aqui para representar a classe dos animes japoneses, e nem mesmo é uma produção do Estúdio Ghibli para ter força de concorrência.
MELHOR LONGA DOCUMENTÁRIO
RBG
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao PGA e ao ACE.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter e da CNN.
Méritos: é a biografia documental de uma juíza da suprema corte dos EUA, bastante conhecida e adorada pela mídia pelo seu movimento contra a discriminação sexual. Apesar da temática, o filme é contado de uma forma descontraída e divertida.
Outras Considerações: é a primeira indicação das diretoras Betsy West e Julie Cohen, duas mulheres oferecendo o seu ponto de vista sobre a história de uma feminista. É o único dos documentários que concorre em outra categoria (Canção Original), e como o vencedor do PGA nessa categoria nem mesmo foi indicado, ganha aqui quem tiver mais méritos - e um último adendo, está sendo lançado no mês que vem uma cinebiografia da mesma juíza, desta vez como ficção, estrelada pela Felicity Jones (já indicada ao Oscar). Ou seja, RBG está no boca a boca e isso é a diferença entre ganhar ou não um Oscar.
Minding the Gap
Premiações: não concorreu a nada.
Mídia: não é a aposta de ninguém, embora muitos adorem o filme.
Méritos: é a história de três amigos de infância contada de forma sensível. O apelo é estranho, mas a Academia é esse 8 ou 80 que indica RBG e coisas assim também. Pelo menos o filme tem o coração no lugar certo, pra usar de um clichê;
Hale Country this Morning, the Evening
Premiações: não concorreu a mais nada importante também.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: é um documentário de estilo poético, e assim como faz com as animações, a Academia gosta de representar todos os estilos do gênero nessas categorias.
Outras Considerações: tem uma temática negra e uma narrativa sofisticada, a Academia gosta de dizer que também vê este tipo de filme. Mas enxergo a indicação como o prêmio em si.
Of Fathers and Sons
Premiações: não concorreu a mais nada importante também.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: este aqui realmente foi injustiçado, já que não foi lembrado na temporada. Dá pra entender o apelo junto à Academia, já que fala sobre a situação da Síria através de uma narrativa observacional de dentro de um grupo de radicais. Só pela ousadia das filmagens, deveria ser um dos favoritos.
Outras Considerações: o peso do tema “guerra no Oriente Médio” nunca deve ser desconsiderado. Ninguém apostava nesse aqui para ser indicado a nada, já que foi esnobado pela temporada de prêmios, e ainda assim ele está aqui, não é?
Free Solo
Premiações: venceu o ACE e o BAFTA, concorreu ao PGA.
Mídia: é a aposta do Awards Watch, da Variety, do Awards Circuit e da IndieWire.
Méritos: é o documentário menos documentário dentre os indicados. Ou seja, é aquele com mais cara de filme de ficção, e isso ganha fácil a simpatia dos votantes, que nem sempre tem saco para assistir docs. Além disso, é uma narrativa tensa sobre conquistas simbólicas, outra coisa que a Academia adora.
Outras Considerações: é o único dos indicados que ganhou algum outro prêmio de peso.
MELHOR LONGA ESTRANGEIRO
Roma
Premiações: venceu o Spirit Awards, o Critics Choice, o Globo de Ouro e o BAFTA.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter, da CNN, da Variety, do Awards Circuit, da IndieWire da The Playlist.
Méritos: diferente do peso que tem na categoria Melhor Filme, aqui pesa que Roma fale sobre a situação histórica de uma nação estrangeira, especialmente o México, levando-se em conta a situação dos EUA e o seu vizinho.
Outras Considerações: aqui é preciso fazer escolhas difíceis na hora de apostar. Nunca aconteceu de um filme levar tanto o Oscar de Melhor Filme, quanto o de Filme Estrangeiro. Aliás, dá pra contar nos dedos de uma mão só quantos filmes estrangeiros foram indicados na categoria principal também. E até hoje, apenas UMA ÚNICA produção estrangeira venceu como Melhor Filme - O Artista, que era praticamente americano e nem mesmo concorreu aqui. É muito difícil que Roma leve dois Oscars de Melhor Filme? Sim. Mas ao que tudo indica, ele é favorito em ambas as categorias. Porém, se a Academia decidir premiá-lo ou com um ou com outro, o seu oponente natural aqui é Guerra Fria, que também concorre à Direção e Fotografia. E, menos provável, mas ainda assim possível, é que a polarização beneficie um terceiro favorito.
Guerra Fria
Premiações: concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: é a segunda opção da IndieWire.
Méritos: traz a temática de guerra tangencialmente e ainda por cima é contado com uma plasticidade muito bonita e competente para ser ignorada.
Outras Considerações: concorre também nas categorias de Direção e Fotografia, batendo de frente direto com os pontos fortes de Roma, que é o favorito da noite. Ou seja, existem grandes chances de a Academia dar essa estatueta aqui para Guerra Fria já que vai ficar devendo ao filme nas outras disputas - além disso, a equipe do filme já foi premiada antes aqui mesmo por Ida. Porém, repito, a polarização pode beneficiar um terceiro favorito.
Assunto de Família
Premiações: venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, e concorreu ao BAFTA, ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: é um filme sobre a dura realidade do capitalismo e que quebra alguns conceitos de família. É comovente e triste, isso pode tanto atrair quanto afastar votantes.
Outras Considerações: como vencedor do Festival de Cannes, considerado o prêmio mais importante do cinema mundial depois do Oscar, é claro que o filme tem as suas chances aqui. Ele é, sem dúvidas, o filme que disputa essa estatueta se ela cair das mãos na briga entre Roma e Guerra Fria.
Cafarnaum
Premiações: venceu três prêmios no Festival de Cannes, incluindo o do Júri oficial, e concorreu ao BAFTA, ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: é um filme que também fala sobre a miséria e que, similar a Assuntos de Família, também é protagonizado por crianças. Aliás, a performance do protagonista é hipnotizante, ainda mais se levando em conta sua pouca idade, e a Academia gosta de dizer que “descobriu” um talento.
Outras Considerações: na briga por essa estatueta, este é outro filme que pode se beneficiar de uma polarização.
Nunca Deixe de Lembrar
Premiações: concorreu ao Globo de Ouro.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: quase dá pra dizer que este é o peixe pequeno da categoria. Apesar disso, é o filme dessa leva que traz uma das temáticas favoritas da Academia: os nazistas. Especialmente, a Arte contra os nazistas.
Outras Considerações: é dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck, que já venceu o Oscar de Filme Estrangeiro por A Vida dos Outros. Além disso, é o único outro filme, fora os dois tubarões do páreo, que concorre em outra categoria - Fotografia.
MELHOR FOTOGRAFIA
Roma
Premiações: venceu o BAFTA e o Critics Choice, concorreu ao ASC, prêmio que tem mais peso aqui.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter, da Variety, do Awards Circuit, do Awards Watch e da IndieWire.
Méritos: bom, a fotografia do filme é a parte mais chamativa da sua força Toda em preto e branco e com movimentos muito lentos que acompanham o desenrolar da história, os planos de Cuarón apelam também à plasticidade, à composição harmônica de elementos e também conseguem englobar uma série de eventos num único take, o que certamente vai chamar a atenção dos votantes para a dificuldade de executá-los.
Outras Considerações: Cuarón é o diretor de fotografia do próprio filme, não faz sentido premiá-lo como Direção e aqui não.
Nasce Uma Estrela
Premiações: concorreu ao Critics Choice a o ASC.
Mídia: não é a aposta de ninguém dos grandes veículos.
Méritos: é uma bela fotografia que aposta na variação entre a câmera na mão e os planos estáticos, com propósitos narrativos. A Academia gosta dessas coisinhas espertas e sofisticadas.
A Favorita
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao Critics Choice e ao ASC.
Mídia: é a segunda opção da IndieWire.
Méritos: a fotografia do filme é bastante chamativa. Dessaturada e apostando em lentes grande-angulares, especialmente as olho-de-peixe, que chama bastante atenção - mas é de uma forma estranha, já que este é o propósito narrativo com que são empregadas. Apesar de refinado, pode soar como uma escolha esquisita para os votantes que não entendem muito do assunto.
Guerra Fria
Premiações: venceu o ASC, o prêmio de maior peso aqui. Concorreu ao BAFTA também.
Mídia: é a segunda opção do Awards Watch.
Méritos: fotografado em preto e branco, mas de uma forma diferente e mais “volumosa” do que a película utilizada por Cuarón em Roma, a fotografia não confere uma visão em preto e branco de um mundo oriundo ao passado, mas sim cria um mundo no passado que É preto e branco.
Outras Considerações: é um trabalho muito similar ao de Ida, pelo qual o fotógrafo Lukasz Zal já foi indicado antes. Porém, como ele não é americano, a Academia não deve se sentir em débito. Além disso, aqui tem outra bizarrice da noite, pois, embora tenha vencido o prêmio do sindicato, o filme esteve ausente como Fotografia em outras premiações de peso. E é preciso lembrar que no Oscar não votam apenas os sindicatos daquelas áreas específicas. Embora a decisão dos sindicatos tenha muito peso no meio, se os demais votantes quiserem pesar para outro lado, eles vão e pronto.
Nunca Deixe de Lembrar
Premiações: não concorreu em outras premiações de peso.
Mídia: não é a aposta de ninguém dos grandes veículos.
Méritos: talvez a fotografia menos aparente dos projetos indicados. É delicada e suave,conferindo um ar de delicadeza a um filme que trata dos seus assuntos desta maneira mesmo.
Outras Considerações: já é a sétima indicação de Caleb Deschanel (sim, o pai da Zooey), que coleciona aparições nesta categoria desde 1984 - sendo esta a primeira vez que ele é nomeado por um filme não-americano. A Academia parece estar cultivando este Oscar para o homem há algum tempo.
MELHOR MONTAGEM
A Favorita
Premiações: venceu ao ACE, o prêmio de maior peso aqui, e concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: não é uma aposta que os grandes veículos fizeram nesta categoria.
Méritos: o filme é dividido em capítulos e isso chama a atenção para a sua estrutura. Além disso, como este Oscar é um dos que equivalem a Melhor Filme, a indicação aqui indica que tem predileção por lá.
Infiltrado na Klan
Premiações: concorreu ao ACE.
Mídia: é a aposta da IndieWire.
Méritos: por vezes simulando a condução dos filmes nos anos 1970, em especial aqueles da blaxploitation. Soa um pouco brega para os desavisados, mas é bastante sofisticado aos olhos de quem faz associação com a referência e consegue entender a importância de usar dessa narrativa para esta história especificamente.
Outras Considerações: seria um modo de reconhecer o filme, talvez a Academia sinta que vai ser taxada de racista se deixá-lo sair de mãos vazias - ainda mais levando em conta a conhecida persona de Spike Lee e sua falta de papas na língua.
Bohemian Rhapsody
Premiações: também venceu o ACE, e concorreu ao BAFTA.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter, do Awards Circuit e da IndieWire.
Méritos: tem uns efeitos de cortina legais, e o filme foi muitíssimo bem divulgado na temporada de premiações, acredito que só isso pode explicar o seu favoritismo.
Outras Considerações: a Academia está com medo de ser taxada de homofóbica se não der alguma coisa para o filme? Pode ser, mas acho que o peso do investimento em massa na campanha do filme é que tá pesando aqui.
Green Book - O Guia
Premiações: concorreu ao ACE.
Mídia: nenhuma aposta nele.
Méritos: é o caso de A Favorita também, está aqui porque tem predileção na categoria de Melhor Filme
Vice
Premiações: venceu o BAFTA e concorreu ao ACE e ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta do Awards Watch e da Variety.
Méritos: você assistiu ao filme? Se sim, você sabe porque a Academia deveria premiar ele.
Outras Considerações: as grandes chances de Vice levar alguma coisa é aqui ou em Maquiagem. Não acho que a Academia vai deixar uma crítica tão contundente aos republicanos sair de mãos vazias, basta pesar qual das duas vai ser, senão em ambas.
MELHOR DESENHO DE PRODUÇÃO
O Retorno de Mary Poppins
Premiações: concorreu ao ADG, premiação de maior peso aqui, e concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: nenhuma aposta de peso.
Méritos: é um filme obviamente caro. Dos cenários reais aos digitais, passado pelo modo como conversam com a temática e os figurinos, é tudo bastante detalhado, colorido e grandioso. Chama a atenção, sem dúvidas.
Outras Considerações: os indicados são John Myhre e Gordon Sim, dois conhecidos da categoria que já levaram esse Oscar para casa mais de uma vez antes.
A Favorita
Premiações: venceu o ADG, o que tem muito peso, e o BAFTA, concorreu também ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta do Awards Watch, do Hollywood Reporter, da CNN, da Variety e do Awards Circuit.
Méritos: filme de época já tende a chamar atenção aqui, mas A Favorita tem alguns méritos especiais pelo modo como tenta retratar toda a opulência de um palácio real sem perder o realismo do mesmo. Além disso, o desenho de produção reflete a personalidade das suas protagonistas.
Outras Considerações: é possível que o filme saia de mãos abanando, apesar de suas muitas indicações. A Academia provavelmente não vai querer deixar isso acontecer, e aqui está uma boa maneira.
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao Critics Choice e ao ADG.
Mídia: não é a aposta dos grandes veículos.
Méritos: a fotografia do filme emula uma série de técnicas usadas nos anos 1960, com uma película de grãos grossos e muitos closes. É bastante eficiente em transmitir o realismo da situação, nos aproximar do protagonista e isso sem jamais perder o apelo estético.
Outras Considerações: o filme foi um tanto esnobado pela temporada de prêmios, levando-se em conta que é estrelado por Ryan Gosling e dirigido pelo Damien Chazelle.
Roma
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao Critics Choice e ao ADG.
Mídia: ninguém apostou nesse aqui.
Méritos: parte das belas composições fotográficas do filme, são méritos também do desenho de produção.
Outras Considerações: o filme já é favorito a muitos prêmios, não deve receber muita atenção aqui, a não ser que seja para ganhar de lavada - mas não creio que ele tenha essa popularidade toda.
Pantera Negra
Premiações: venceu também o ADG e até o Critics Choice.
Mídia: é a aposta da IndieWire.
Méritos: filme de super-herói de grande orçamento que se passa num mundo de futurismo africano. Há muita coisa para encher os olhos no filme, a Academia não deve ficar alheia a isso.
Outras Considerações: por se inspirar nas culturas africanas, o desenho de produção do filme tem um peso político, assim como todo ele. Além disso, Jay Hart, um dos indicados, já soma sua terceira nomeação na categoria.
MELHOR FIGURINO
A Favorita
Premiações: venceu o CDGA, premiação de maior peso aqui, e o BAFTA. Concorreu ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta da Variety e do Awards Circuit.
Méritos: aqui também filmes de época costumam chamar a atenção. Além disso, os figurinos são parte das personagens e inclusive são utilizados por elas de formas criativas.
Outras Considerações: a indicada aqui é a veterana Sandy Powell, que já soma nada menos do que 11 indicações (ela concorre contra ela mesma nesta categoria) e 3 vitórias.
A Balada de Buster Scruggs
Premiações: concorreu ao BAFTA.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: como um filme de western, os figurinos também tendem a chamar a atenção, ainda mais um western estiloso dos irmãos Coen.
Outras Considerações: é a terceira indicação de Mary Zophres, que já recebeu nomeação antes por outro western, Bravura Indômita.
Duas Rainhas
Premiações: concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: é um filme de época com grande investimento.
Outras Considerações: a figurinista Alexandra Byrne já coleciona quatro indicações e uma vitória. Além disso, o filme estava cotado para os principais prêmios, mas acabou esnobado, talvez a Academia queira reconhecer que lembrou dele - já aconteceu antes, principalmente nesta categoria.
O Retorno de Mary Poppins
Premiações: concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: assim como na categoria de Desenho de Produção, os figurinos de um filme tão colorido e grandioso, ainda mais se tratando de um musical, chamam a atenção.
Outras Considerações: a indicada é a mesma Sandy Powell de A Favorita. Sua dupla indicação indica que tem alguma vantagem, porém, ela já levou muitos Oscars para casa.
Pantera Negra
Premiações: venceu também o CDGA e o Critics Choice.
Mídia: é a aposta do Awards Watch, Hollywood Reporter e da IndieWire.
Méritos: assim como seu desenho de produção, as inspirações africanas trazem peso político. Além, é claro, de esbanjarem qualidade devido ao alto investimento.
Outras Considerações: aqui tem uma curiosidade que é importante atentar. Pantera Negra fez tanto barulho que a Academia considerou criar uma categoria especial de Filme Popular para premiá-lo. Depois perceberam que a ideia era ridícula e a adiaram. Entretanto, isso indica que ele não querem deixar o filme sair de mãos vazias de jeito nenhum. Por mim, as chances do projeto estão em Trilha Sonora e aqui, especialmente porque esta categoria aqui tende a ser usada para diversificar a premiação, e além disso, Ruth E. Carter, a figurinista indicada, é uma mulher negra que já foi indicada outras duas vezes além dessa, ambas por filmes de temática das lutas negras, Malcolm X e Amistad. Cabe pesar isso também.
MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
Vice
Premiações: venceu dois MUAHSG, o prêmio do sindicato e que tem maior peso aqui, e concorreu ao BAFTA.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter, da Variety, da IndieWire e do Awards Watch.
Méritos: além de conseguir trabalhar junto com a transformação física de Christian Bale para transformá-lo em Dick Cheney, o filme também conseguiu deixar Sam Rockwell mais parecido com George W. Bush do que o próprio Bush. Além disso o filme abrange várias épocas da vida do protagonista e consegue diferenciá-las muito bem através da maquiagem.
Outras Considerações: como eu disse antes, a Academia não vai querer deixar esta contundente crítica aos republicanos sair de mãos vazias, as chances estão aqui ou em Montagem.
Border
Premiações: não concorreu a nenhuma grande premiação.
Mídia: não é a aposta de ninguém.
Méritos: o que dizer? A maquiagem obviamente chama atenção e é relevante para a trama do filme.
Outras Considerações: é a única indicação do filme e não apenas aqui, mas em quase toda a temporada, e os indicados não são veteranos ou conhecidos da premiação, ou seja, se indicaram, é porque gostaram do trabalho e talvez queiram premiá-lo.
Duas Rainhas
Premiações: venceu também um MUAHSG, e concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta do Awards Circuit e a segunda opção da IndieWire.
Méritos: até pela época que o filme retrata, a maquiagem é relevante, e o projeto ainda faz um esforço para fugir da perfeição e retratar como as pinturas de rosto exageradas do período seriam numa versão mais bruta.
Outras Considerações: filmes de época chamam a atenção nessas categorias, e o filme foi esnobado nas demais, então...
MELHOR TRILHA SONORA
Se a Rua Beale Falasse
Premiações: concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta do Awards Watch, do Hollywood Reporter e a CNN.
Méritos: trilha presente e delicada, faz parte da alma do filme.
Outras Considerações: é aquela história, a Academia não quer parecer racista e nem que já esqueceu de Barry Jenkins, ainda mais depois das confusões na entrega de Melhor Filme para Moonlight. Como nenhum dos indicados é o vencedor das premiações de peso, tá aberto aqui para o mais merecido.
Ilha dos Cachorros
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: ninguém apostou nele.
Méritos: Alexandre Desplat faz outra ótima parceria com Wes Anderson e sua música conduz o tom andersoniano da animação.
Outras Considerações: ele já venceu recentemente por O Grande Hotel Budapeste, outra parceria sua com Wes Anderson.
Pantera Negra
Premiações: concorreu ao Globo de Ouro.
Mídia: é a aposta da Variety.
Méritos: é uma trilha presente também, que empolga e comove na medida correta, dando o tom de momentos importantes do filme. Além disso, também se inspira em referências tribais e africanas.
Outras Considerações: é, também, uma chance de premiar o projeto, já que a Academia parece determinada a não deixá-lo sair de mãos abanando.
O Retorno de Mary Poppins
Premiações: concorreu ao BAFTA, ao Globo de Ouro e ao Critics Choice.
Mídia: ninguém apostou nele, o que é estranho.
Méritos: trilha sonora de musical costuma chamar atenção. Mas esse parece ser o único motivo pelo qual está indicado.
Outras Considerações: a Academia parece ter feito essa indicação mais por saudosismo ao filme original.
Infiltrado na Klan
Premiações: concorreu ao BAFTA.
Mídia: é a aposta do Awards Circuit e da IndieWire.
Méritos: assim como na montagem, a trilha também segue as inspirações setentistas da blaxploitation.
Outras Considerações: outra vez, como nenhum dos indicados venceu em outras premiações, não há peso pregresso para a Academia se sentir obrigada a votar nesse ou naquele. O voto aqui será por preferência, será político ou será ambos. Ao meu ver, Infiltrado na Klan, Se a Rua Beale Falasse e Pantera Negra são os que disputam essa estatueta.
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Shallow, de Nasce Uma Estrela
Premiações: venceu o Critics Choice e o Globo de Ouro.
Mídia: é a aposta de, bom, de todo mundo.
Méritos: a música é linda e é parte importante para a história, não apenas mera decoração narrativa.
Outras Considerações: Gaga já concorreu e deveria ter ganho antes, foi tremendamente injustiçada por isso. Sua música na época, Till It Happens to You, falava sobre estupro e a apresentação na cerimônia foi simbólica e um dos momentos mais marcantes dos últimos anos. Um ano depois surgia o movimento Me Too em Hollywood, e isso pesou ainda mais esse débito aí. Com a chance de indicá-la a Melhor Atriz, veio também a obrigação de reparar esse erro. Não há chances de ela não vencer aqui.
All the Stars, de Pantera Negra
Premiações: concorreu ao Critics Choice e ao Globo de Ouro.
Mídia: nenhum veículo apostou, porque sabem que não tem como concorrer.
Méritos: só toca nos créditos finais e tem muitos elementos eletrônicos, o que não faz o perfil da Academia.
Outras Considerações: está lembrado aqui para somar indicações ao filme.
I’ll Fight, de RBG
Premiações: concorreu ao Critics Choice.
Mídia: nenhum veículo apostou, porque sabem que não tem como concorrer.
Méritos: bela e empolgante canção, teria chances se não fosse, claro, o fator Gaga.
The Place Where Lost Things Go, de O Retorno de Mary Poppins
Premiações: concorreu ao Critics Choice.
Mídia: nenhum veículo apostou, porque sabem que não tem como concorrer.
Méritos: tocante e delicada, mas esquecível quando fora de contexto.
Outras Considerações: é a história do saudosismo outra vez. Sem contar que é foda indicar um musical a Melhor Trilha e não a Melhor Canção.
When a Cowboy Trades his Spurs for Wings, de A Balada de Buster Scruggs
Mídia: nenhum veículo apostou, porque sabem que não tem como concorrer.
Méritos: é engraçada e marcante graças ao momento inusitado em que é tocada no filme.
Outras Considerações: está aqui só pela “zoeira”, por assim dizer. É realmente uma boa música, mas a Academia indicou mais pela criatividade do instante.
MELHOR EDIÇÃO DE SOM
O Primeiro Homem
Premiações: concorreu ao BAFTA.
Mídia: aposta da IndieWire
Méritos: o som é um elemento muito relevante para esse filme, que tem cenas envolendo foguetes e no vácuo do espaço.
Outras Considerações: a Academia gosta de dar esse prêmio de parzinho com o de Mixagem - porque muitos votantes acham que é a mesma coisa. Se vencer aqui, provavelmente vença lá também.
Pantera Negra
Mídia: é a aposta do Awards Watch.
Méritos: filmes de ação, ainda mais filmes com muitos efeitos visuais, tem prioridade aqui.
Roma
Méritos: muito do filme é contado apenas pela observação e pelo que ouvimos fora de quadro.
Premiações: concorreu ao BAFTA e um MPSE, prêmio que tem grande peso aqui.
Mídia: é a segunda opção da IndieWire.
Méritos: é um filme SOBRE som não é?
Outras Considerações: é a única indicação do filme, que foi um sucesso, então, quem sabe? Além disso, ele levou um MPSE.
Bohemian Rhapsody
Premiações: venceu ao BAFTA e o dois MPSE, prêmio de maior peso aqui.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter, da Variety e do Awards Circuit.
Méritos: é um filme sobre música, e filmes com a temática tenham preferência na categoria de Mixagem, porém....
Outras Considerações: como a Academia gosta de dar esses prêmios de som casadinhos, se ele tem preferência lá, então ele deve vencer aqui também. Além disso, ele levou os dois prêmios de Edição do MPSE.
MELHOR MIXAGEM DE SOM
O Primeiro Homem
Premiações: concorreu ao BAFTA.
Mídia: é a segunda opção da IndieWire.
Méritos: por causa da trilha, que é bastante presente, o filme chama atenção aqui.
Outras Considerações: se ele vencer em Edição de Som, talvez vença aqui. Como o filme foi esnobado no resto, a Academia pode querer recompensar assim.
Roma
Méritos: se está aqui, é mais pela dobradinha mesmo.
Nasce Uma Estrela
Premiações: concorreu ao BAFTA.
Mídia: é a aposta da IndieWire.
Méritos: essa é a categoria dos filmes sobre música, então qualquer filme com a temática tem uma chance maior.
Bohemian Rhapsody
Premiações: venceu o BAFTA.
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter, da Variety, do Awards Watch e do Awards Circuit.
Méritos: filme sobre música...
Outras Considerações: infelizmente, o filme caiu nas graças da Academia, que não deve deixá-lo sair com o prêmio de Ator. E se vencer como Mixagem, é bem provável que leve na dobradinha Edição de Som também.
Pantera Negra
Méritos: ainda que seja um filme de ação, a trilha também tem um papel importante e consegue estar presente mesmo durante os quebra-quebra.
MELHOR EFEITOS VISUAIS
Vingadores: Guerra Infinita
Premiações: venceu 4 VES e concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta do Awards Watch, da CNN e da IndieWire.
Méritos: é, então, tem muito, muito, muito efeito visual o tempo todo.
Outras Considerações: além do sucesso tremendo do filme, a Disney não calou a boca o ano todo sobre todos os galpões de HD que foram precisos para processar os efeitos visuais do projeto. Como Pantera Negra não está indicado aqui, para a Academia deve dar no mesmo premiar esse ou aquele longa da Marvel.
Premiações: venceu 2 VES e concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta do Awards Circuit.
Méritos: tem efeito visual pra caralho. Deixa tonto de tanto efeito pra tudo que é lado, e sempre com a qualidade que se espera de uma megaprodução de Spielberg.
Outras Considerações: é a única indicação do filme e, bom, Spielberg é Spielberg né, nunca subestime o peso desse nome.
Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível
Méritos: é muito hábil em criar os personagens clássicos em versões que, ao invés de apenas serem recriações que emulam o live-action, se adaptam à realidade como se fossem bichinhos de pelúcia vivos.
O Primeiro Homem
Premiações: venceu um VEZ e concorreu ao BAFTA e ao Critics Choice.
Mídia: é a aposta da Variety e do Hollywood Reporter.
Méritos: são muitos efeitos práticos e os que são digitais não saltam aos olhos, e a Academia adora coisas mais discretas nesta categoria.
Han Solo: uma História Star Wars
Méritos: é um Star Wars, é quase tradição indicá-los aqui.
MELHOR CURTA DE FICÇÃO
Marguerite
Mídia: é a aposta do Awards Watch, da Variety e do Awards Circuit.
Fauve
Mídia: é a segunda opção do Awards Watch.
Madre
Skin
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter.
Detainment
MELHOR CURTA DOCUMENTÁRIO
End Game
Mídia: é a aposta do Awards Watch e do Awards Circuit.
Lifeboat
A Night at the Garden
Period. End of Sentence
Mídia: é a aposta do Hollywood Reporter.
Black Sheep
Mídia: é a aposta da Variety.
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
Bao
Mídia: é a aposta do Awards Watch, do Hollywood Reporter, da Variety e da IndieWire.
Animal Behavior
Mídia: é a aposta do Awards Circuit.
Late Afternoon
Weekends
One Small Step
Mídia: é a segunda opção do Awards Watch.
------------------------------------------------------------------------------
Ufa, cheguei até aqui? Se você chegou, parabéns. Espero que eu tenha ajudado a fazer suas escolhas. Quando estiverem postadas, vou linkar as minhas apostas oficiais aqui.
Obrigado por ler e, não esquece, se você curtiu, compartilha!
Nenhum comentário:
Postar um comentário