quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O CINEMA DIZ: #ELENÃO - Nº 10


Cristiano Aquino é Diretor do Programa Fora de Foco desde 1999. Membro da ACCIRS, diretor de filmes em Super 8 premiados no Festival de Cinema de Gramado, Curitiba e Campinas.









O excesso de ufanismo e as repetições da história

A Segunda Grande Guerra Mundial, de 1939 a 1945 envolveu as principais potências do planeta em batalhas gigantescas e épicas, registradas por documentaristas arrojados nos mais variados fronts do mundo. Reunindo imagens dos exércitos norte americano, alemães, japoneses, russos e ingleses, o documentário A Segunda Guerra em Cores, com aproximadamente 10 horas de duração, é um documento precioso e isento dos principais acontecimentos de um dos períodos mais sombrios da nossa história.

São muitos os personagens marcantes deste evento histórico, Mussolini, Roosevelt, Churchil e Hirohito, sem mencionar os comandantes de exércitos que viraram lendas nos fronts onde combateram. Mas, quando se fala em segunda guerra um nome vem à cabeça de todos como aquele que mais de destacou, Adolf Hitler.


O mundo nos ventos da crise de 1929 teve boa parte da economia fragmentada, a Alemanha humilhada e maltratada pela derrota na primeira guerra pouco menos de 20 anos antes foi seduzida pela fala enérgica de um postulante ao comando da nação, um homem que defendia o orgulho e superioridade de sua raça, e aos poucos foi conquistando corações e mentes do povo alemão.

Justiça seja feita, o nacional socialismo, movimento de direita que resultou no nazismo, era visto com bons olhos por grande parte dos países do mundo. A Alemanha estava se desenvolvendo novamente, a economia prosperava e nos porões, longe dos tratados que proibia o país de estabelecer um grande exército, se armava e se preparava para um grande e sinistro plano.

As coisas aconteceram devagar, primeiro os judeus foram identificados e hostilizados nas ruas, proibidos de frequentar alguns lugares de comércio e lazer, perderam seu direito a propriedade, a liberdade e ao final de tudo isso perderam seus direito de viver.
O plano era grande, um reinado de mil anos sobre a terra, e Hitler em sua megalomania doentia abriu diversos fronts de combate, com armas revolucionárias, um exército anabolizado e feroz. A Alemanha combateu simultaneamente na Europa, enfrentamento maior com a Inglaterra, no norte da África e invadindo a Rússia, dissipando assim sua energia de combate e perdendo a guerra, uma boa notícia para todos nós.

Como Hitler, um líder que levou uma nação inteira a um pensamento xenófobo, racista, homofóbico, conseguiu, cercado por asseclas inteligentes e capazes, levar o seu povo a pensar que o problema eram os outros, outra raça, outro comportamento?  Isso se deu aos poucos, com propagandas, massificação de pensamentos e multiplicação de ódios, algo que o Nazismo fazia com maestria.

Se fosse perguntado a um alemão 20 anos antes se as atrocidades cometidas pelo nazismo seriam possíveis ele diria que não, pois o inominável e a barbárie se inserem tão sutilmente em uma sociedade que o povo muitas vezes só percebe com uma pedra na mão.

O documentário, colorido digitalmente, tem os méritos de apresentar imagens de anônimos correspondentes de guerra  que transportavam equipamentos pesados e com película, tornando o processo de geração de imagens delicado e dispendioso, mas a reunião das imagens de diversos países que combateram resultou em um grande documento histórico.



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Entenda o que é, porque existe e leia as outras edições do projeto O Cinema Diz: #EleNãoem que convidei várias pessoas para escolher e escrever sobre um filme que converse com a nossa situação política, no intuito de refletir e ilustrar os riscos que estamos correndo.

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