Cristiano Aquino é Diretor do Programa Fora de Foco desde 1999. Membro da ACCIRS, diretor de filmes em Super 8 premiados no Festival de Cinema de Gramado, Curitiba e Campinas.
O excesso de
ufanismo e as repetições da história
A Segunda
Grande Guerra Mundial, de 1939 a 1945 envolveu as principais potências do
planeta em batalhas gigantescas e épicas, registradas por documentaristas
arrojados nos mais variados fronts do mundo. Reunindo imagens dos exércitos
norte americano, alemães, japoneses, russos e ingleses, o documentário A Segunda
Guerra em Cores, com aproximadamente 10 horas de duração, é um documento
precioso e isento dos principais acontecimentos de um dos períodos mais
sombrios da nossa história.
São muitos
os personagens marcantes deste evento histórico, Mussolini, Roosevelt, Churchil
e Hirohito, sem mencionar os comandantes de exércitos que viraram lendas nos
fronts onde combateram. Mas, quando se fala em segunda guerra um nome vem à
cabeça de todos como aquele que mais de destacou, Adolf Hitler.
O mundo nos
ventos da crise de 1929 teve boa parte da economia fragmentada, a Alemanha
humilhada e maltratada pela derrota na primeira guerra pouco menos de 20 anos
antes foi seduzida pela fala enérgica de
um postulante ao comando da nação, um homem que defendia o orgulho e
superioridade de sua raça, e aos poucos foi conquistando corações e mentes do
povo alemão.
Justiça seja
feita, o nacional socialismo, movimento de direita que resultou no nazismo, era
visto com bons olhos por grande parte dos países do mundo. A Alemanha estava se
desenvolvendo novamente, a economia prosperava e nos porões, longe dos tratados
que proibia o país de estabelecer um grande exército, se armava e se
preparava para um grande e sinistro plano.
As coisas
aconteceram devagar, primeiro os judeus foram identificados e hostilizados nas
ruas, proibidos de frequentar alguns lugares de comércio e lazer, perderam seu
direito a propriedade, a liberdade e ao final de tudo isso perderam seus
direito de viver.
O plano era
grande, um reinado de mil anos sobre a terra, e Hitler em sua megalomania
doentia abriu diversos fronts de combate, com armas revolucionárias, um
exército anabolizado e feroz. A Alemanha combateu simultaneamente na Europa,
enfrentamento maior com a Inglaterra, no norte da África e invadindo a Rússia,
dissipando assim sua energia de combate e perdendo a guerra, uma boa notícia
para todos nós.
Como Hitler, um líder que levou uma nação inteira a um pensamento xenófobo, racista,
homofóbico, conseguiu, cercado por asseclas inteligentes e capazes, levar o seu
povo a pensar que o problema eram os outros, outra raça, outro comportamento? Isso se deu aos poucos, com propagandas,
massificação de pensamentos e multiplicação de ódios, algo que o Nazismo fazia
com maestria.
Se fosse
perguntado a um alemão 20 anos antes se as atrocidades cometidas pelo nazismo
seriam possíveis ele diria que não, pois o inominável e a barbárie se inserem
tão sutilmente em uma sociedade que o povo muitas vezes só percebe com uma
pedra na mão.
O
documentário, colorido digitalmente, tem os méritos de apresentar imagens de
anônimos correspondentes de guerra que
transportavam equipamentos pesados e com película, tornando o processo de
geração de imagens delicado e dispendioso, mas a reunião das imagens de
diversos países que combateram resultou em um grande documento histórico.
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Entenda o que é, porque existe e leia as outras edições do projeto O Cinema Diz: #EleNão, em que convidei várias pessoas para escolher e escrever sobre um filme que converse com a nossa situação política, no intuito de refletir e ilustrar os riscos que estamos correndo.
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