quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2014: O MELHOR E O PIOR


2014 acabou - F I N A L M E N T E - depois de levar com ele pelo menos dois nomes que me comoveram profundamente: Eduardo Coutinho e Philip Seymour Hoffman. Sem contar Robin Williams, Roberto Gómez Bolaños e outros. Foi um ano longo pra [insira aqui o seu palavrão favorito], e mal consigo conceber que estamos falando do mesmo ano em que estrearam no Brasil filmes como Frozen - Uma Aventura Congelante e O Lobo de Wall Street

Como aqui nós aprendemos (todos nós) sobre cinema, segue então a retrospectiva do ano para, juntos, avaliarmos quem foi aprovado e quem não em 2014. "Seu" Michael Bay, que no ano passado tinha surpreendido com boas notas, esse ano desabou de novo porque voltou a sair com aquela turminha braba dos Transformers, enquanto, por outro lado, os Senhores Villeneuve e Linklater que haviam sido os melhores de 2013 (Os Suspeitos e Antes da Meia-Noite não são filmes que vou esquecer com facilidade), mantiveram suas boas notas e suas boas colocações, mas houveram surpresas vindas, pasmem, até de Ryan Murphy.

OS APROVADOS
(do ótimo ao excepcional)





























OS REPROVADOS
(do ruim ao insuportável)
Tanto que não merecem uma arte bonitinha...
 Vão se f#d& bando filme ruim da p@%r$...


(os nomes destacados tem crítica, só clicar)

15 - Divergente
14 - Maze Runner - Correr ou Morrer
13 - Alemão
12 - 47 Ronins
11- As Tartarugas Ninja
10 - Godzilla
7 - Rio 2
6 - A Menina que Roubava Livros
4 - Transcendence - A Revolução


O Classe de Cinema deseja a todos um feliz ano nov... Ah blá blá blá, até amanhã pessoal!


terça-feira, 30 de dezembro de 2014

ÊXODO: DEUSES E REIS



Ao contrário de recente Noé, dirigido pelo sempre ótimo Darren Aronofsky, Êxodo prefere não adaptar de forma fiel - apesar daquela visão singular - os textos da bíblia, afinal, estamos falando aqui de um filme de Ridley Scott, um diretor que, apesar de se encontrar atualmente em uma fase ruim de sua carreira – ainda em processo de superação do trauma que foi O Conselheiro do Crime na minha vida - nunca abandonou uma certa sobriedade em suas tramas. E é sintomático que seja muito melhor recebida esta versão mais realista e quase nada fantasiosa de uma história bíblica do que foi o Noé estrelado por Russel Crowe, que de outra maneira, não hesitava inserir em sua trama elementos como os gigantes ou os homens que viviam muitos séculos, todos relatados abertamente na bíblia.

domingo, 28 de dezembro de 2014

O ABUTRE



Jake Gyllenhaal dá sequência com este O Abutre a uma série de bons filmes que vêm compondo sua carreira, e logo depois de estrelar dois excepcionais e distintos longas-metragens dirigidos por Dennis Villeneuve (Os Suspeitos e O Homem Duplicado), o ator encarna aqui Louis Bloom, um homem inteligente que passa a viver como câmera freelancer, caçando as imagens mais chocantes que consegue encontrar pela cidade para vendê-las aos sensacionalistas telejornais locais. E como articuladores deste tipo de jornalismo desumano e sanguinário, não é surpresa alguma – e na verdade, por si só, já uma crítica bastante contundente - que em maior ou menor grau, todos os personagens envolvidos eventualmente demonstrem ter um caráter corruptível.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

OPERAÇÃO BIG HERO


A Disney tem mantido um padrão admirável em suas animações nos últimos anos, enquanto cada vez mais a outrora impecável Pixar se torna apenas aceitável. Depois dos excepcionais Detona Ralph e Frozen, sua mais nova aposta é este Operação Big Hero, uma aposta ousada que investe na adaptação de uma HQ da Marvel repleta de traços da cultura oriental. E que mesmo não alcançando o nível de excelência das outras duas citadas, funciona e é carismático e divertido o suficiente para deixar saudades quando acaba.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

INTERESTELAR



 

Irão estranhar aqueles que esperam o ritmo e a densidade do resto da filmografia dos irmãos Nolan. Aqui temos um filme muito mais contemplativo do ponto de vista dramático, menos preocupado em ser “foda pra caralho” do que em contar a sua história, que não deixa de apresentar vários vícios narrativos e linguísticos de ambos, Jonathan e Christopher. 

Mas antes de qualquer coisa, é justo admitir que sou um profundo admirador do trabalho de Christopher Nolan, e considero: a estrutura de Amnésia genial; Insônia um suspense inebriante; Batman Begins uma reinvenção séria de um personagem que não poderia ser mais surreal; O Grande Truque uma obra-prima irrepreensível com diversas camadas a serem exploradas; O Cavaleiro das Trevas mais uma obra-prima completa e cheia de força, além de importantíssimo exemplar na história do cinema atual; A Origem uma terceira obra-prima icônica; e O Cavaleiro das Trevas Ressurge um desfecho eficiente e grandioso para o seu Batman. Fazendo essa revisão de sua obra, Interestelar seja talvez o filme mais irregular de sua carreira, ainda que inegavelmente seja um muito bom.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

BOYHOOD - DA INFÂNCIA À JUVENTUDE


Concebido através de doze anos de gravações com o mesmo elenco, Boyhood soa durante sua jornada uma experiência fascinante, ainda que, a rigor, não possua nenhum conflito central. É apenas ao subir dos créditos, quando pensamos que aquele garotinho que vemos gritando com a irmã no início do longa, é o mesmo jovem adulto barbado questionando-se existencialmente ao fim, é que sentimos a força do projeto de Richard Linklater. Uma ode não só da infância à juventude como teima em dizer o subtítulo nacional, mas também da juventude à meia-idade, quando paramos para refletir que figuras secundárias como os pais do protagonista são tão importantes quanto.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O JUIZ



Pois sim, O Juiz é um melodrama pensado para comover o espectador que, em prantos, sairá da sala com a impressão de ter assistido a um profundo drama familiar. Mais ou menos como era o caso do recente e aborrecido Álbum de Família, que lá confundia “ser triste” com “ser complexo”. O que torna O Juiz diferente daquele projeto protagonizado por Meryl Streep é que, aqui sim, apesar dos maniqueísmos desnudos de que o roteiro usa para atingir seu púbico, o filme de fato é eficiente em ser tocante e, ao menos, sóbrio, ainda que tente com afinco se sabotar.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

RANKING: STEPHEN DALDRY


Com a estreia de Trash: A Esperança vem do Lixo, resolvi classificar aqui todos os filmes de Stephen Daldry, um diretor menor de quem o trabalho gosto bastante. Talvez você não o conheça de nome, mas com certeza já deve ter visto alguns de seus filmes, que em minha ordem de preferência são: 


domingo, 5 de outubro de 2014

GAROTA EXEMPLAR



Com este, são dez os longas-metragens que David Fincher já dirigiu até hoje. Dez, também, é a nota que eu atribuiria a maior parte destes filmes, não considerando essencialmente ruim nenhum dos outros de qualquer forma. Em terreno conhecido, o cineasta volta a se mostrar brilhante ao conduzir um suspense metódico protagonizado por um personagem pragmático, não esquecendo de acrescentar sua já habitual embalagem composta por: uma trilha instigante, uma montagem inteligente, um roteiro complexo e denso, e uma fotografia sempre belíssima. Ah, e aliás, Ben Affleck está, sim, muito bem – haters gonna hate.

RANKING: DAVID FINCHER


Com o lançamento de Garota Exemplar nos cinemas, e tendo em vista que com esse, agora o diretor David Fincher soma dez filmes em sua carreira espantosamente regular, resolvi colocar todos os seus longa-metragens em ordem de preferência e comentar rapidamente sobre cada um. Fica ainda uma colocação honorária para o excelente seriado House of Cards, em que Fincher dirigiu os dois primeiros episódios, seguindo ainda como seu produtor. 




sexta-feira, 3 de outubro de 2014

OS BOXTROLLS



No elenco de vozes de Os Boxtrolls constam nomes como Bem Kingsley, Jared Harris, Nick Frost, Toni Collete, Elle Faning e Simon Pegg. Além disso, o filme produzido pela mesma Laika Enterteiment do bom Paranorman e do excepcional Coraline, entrega mais um projeto dotado de um design de produção espetacular. Já o roteiro, deixa o terreno preparado para uma madura discussão sobre o tema “todo tipo de família”, que em tempos onde homens como Levy Fidelix ainda podem realizar seus discursos de ódio em rede nacional sem sofrerem quaisquer punições, seria de suma importância principalmente em um filme voltado para crianças. Porém, Os Boxtrolls prefere mesmo é se manter infantil como parte de seu público alvo, ao invés de um produto de arte voltado para o mesmo; ainda soa tolo, ingênuo, aborrecido e de quebra, covarde. Era, no fim das contas, muito melhor como trailer do que como filme.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

HÉRCULES




Sem estilo definido, Brett Ratner já se aventurou em diversos gêneros, sem com isso demonstrar possuir uma marca em sua direção. Mas se por um lado o cineasta não possui uma identidade reconhecível em sua condução, por outro, tampouco tem se revelado incompetente naquilo que faz. Prova disso é que se saiu bem sucedido em quase todas as empreitadas que assumiu em sua carreira (sim, inclusive X-Men: O Confronto Final). Fato que este Hércules vem agora reafirmar.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

LUCY



Luc Besson tem em seu currículo ao menos dois excelentes filmes; O Profissional e O Quinto Elemento. Porém, ambos datam da já longínqua década de noventa, e desde então, o cineasta tem se dedicado a projetos no mínimo duvidosos, que ocasionalmente, mostram algum brilho daqueles tão eficientes de outrora. É o caso do divertido A Família, lançado por aqui no ano passado, e em uma observação mais enaltecedora, é também o caso deste Lucy.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

OS MERCENÁRIOS 3



A ideia pro trás dos filmes Os Mercenários é divertida. Fazia valer a espiada no primeiro e as risadas no segundo, e aqui, por mais desgastada que esteja, faz valer aquele sorriso saudoso ao vermos Harrison Ford bancar o piloto de helicóptero, por exemplo. É, a ideia é essa, trazer grandes atores do cinema de ação brincando em um fiapo de trama que pouco interessa, e neste processo, fazer o espectador rir um pouco ao relembrar os filmes bons que os consagraram.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

SOBRE FOGO E ÁGUA


“Diário da pesquisa de campo.

Sr. Billie, lhe reporto agora minhas conclusões sobre o Fogo e a Água.

Inserido em um ambiente hostil, tive durante muito tempo que me esconder. Selvagens andavam por essas montanhas perscrutando por carne humana, e a minha, estranha para eles, pareceria tentadora de se devorar. Os cantos escuros entre as pedras duras logo se tornaram aconchegantes, o frio se fez um amigo inseparável, e a fome, uma amante fiel. Quase sem pele nas pontas dos dedos, me forcei a escalar cada íngreme escarpada, e a descer com os pés calejados cada barranco coberto de afiadas pedrinhas negras. Canelas deixaram de ser parte das pernas e tornaram-se escudos. Os lábios abriram-se em fendas e a profundidade das minha olheiras poderiam ser medidas em braças. Mas os dias avançavam sem que minhas buscas se mostrassem frutíferas.

Foi quando estava tão cinza e duro como qualquer uma das pedras a ponto de poder ser confundido com uma delas, é que cheguei aos objetos de meu estudo. Seria até mesmo engraçado se algum selvagem cruzasse comigo então, adoraria ver sua reação ao flagrar uma das rochas do local parada em pé a lhe sorrir e falar. Para dizer a verdade, Billie, poderia estar alucinando, mas eu mesmo tenho a impressão de que olhos me seguiram por entre aquelas montanhas durante todo o tempo, e mais de uma vez jurei ter visto pares deles desaparecerem antes que eu pudesse focá-los entre uma pedra e outra. Às vezes, ouvia – te juro!- os rochedos conversarem aos sussurros, principalmente à noite, quando eu apenas fechava os olhos e fingia que dormia. Quanto cinza e quanta solidez. Qual não foi o meu prazer ao finalmente descobrir o Fogo. Sim, este eu descobri. A água eu encontrei. E esta é uma diferença crucial, meu caro Sr. B. Eu fagulhei aquele primeiro fogo, o aticei com paciência e o vi se tornar uma labareda alta como uma casa. O calor me aqueceu, me iluminou a escuridão e eventualmente me queimou os dedos. Releve, eu ainda era inexperiente com o tal elemento. Pedras tinham sido tudo o que eu tinha visto até então.

Maravilhei-me dias com o Fogo. Brincando de sombras no paredão rochoso mais próximo. O som das chamas urdia alto demais para eu ouvir se alguma das minhas velhas amigas cinzentas ainda sussurrava à noite. Tudo era atrativo demais. Sua luz bruxuleante, os movimentos rápidos e sensuais de suas labaredas, o modo como crepitava e lançava grossas fagulhas para os arredores e o calor intenso que exalava. O calor! Ah Billie, você deveria senti-lo uma vez na vida, todos deveriam. A energia pura e bruta, indomada, que emanava de seu epicentro abraçando tudo ao seu redor, inclusive a mim. Mas as brasas da última fogueira ainda queimavam quando então descobri a Água.

Sujo ainda da fuligem, me aproximei de sua margem, curioso quanto aquele novo elemento. Parado em seu lugar. Gostei primeiramente como ela reagiu a mim. Quando toquei sua superfície, ondulou. Leve a angelicalmente. Quando mergulhei minha mão toda em seu corpo líquido, abraçou-a por completo. E quando retirei-a, várias partes da tal Água ainda se agarravam a ela, mantendo-a umedecida. Logo também descobri que a Água não matinha um único formato, e me diverti observando como se adaptava aos mais diversos receptáculos. Ela me matava a sede, limpava o corpo e servia de espelho quando a deixava se acalmar o suficiente para que sua superfície pudesse refletir a minha imagem. Em certos ambientes, ela estava sempre em movimento, agitada, correndo e crispando-se espumosamente contra as margens. Noutros, repousava quase que mortuariamente. Mas era naqueles onde ela ondulava de forma natural e alegre em que me sentia melhor. Deixava-me boiar e com o tempo passei a explorar suas profundezas. Quantos segredos não poderiam lá haver Billie? É bem verdade que para isso, eu expunha todo o meu ser ao seu toque, mas de alguma forma o fato não me incomodava, gostava de sentir na perna uma corrente fria enquanto outra quente envolvia-se como uma manta em torno do pescoço. Suas mudanças eram sutis, e quase sempre, equilibradas.

Pois bem, saído da notória Água e sentado a sua margem com as brasas do Fogo as minhas costas, peguei meu caderno de anotações e pus o que transcrevo agora em suas páginas:

O Fogo eu descobri. A Água eu encontrei. O Fogo aquece, ilumina, espanta as más vozes das pedras, e os selvagens o temem. A Água é límpida, é maleável, mata a cede e purifica a pele, mas os selvagens precisam dela também, embora claramente desconheçam sua verdadeira natureza, insistem em aproximarem-se da borda as pressas, bebericar um pouco de seu conteúdo e então deixá-la tão logo sua cede pareça satisfeita. O Fogo é difícil de manejar, em grandes quantidades, é perigoso e descontrolado. Incisivo, toque-o -basta na verdade chegar perto de mais- e ele te queima. A Água também se mostra difícil em seu manejo. E tal qual o Fogo, em grande quantia pode ser letal. Não é possível mergulhar em águas rasas, as profundas são mais atrativas, mas estas mesmas podem te dragar eternamente para o fundo, fazendo de você mais um dos segredos a serem descobertos em suas entranhas. O Fogo corrói a pele. A Água a murcha. Ambos necessitam obrigatoriamente de oxigênio para existir. O Fogo produz fumaça, que assim como a Água, teima em entrar pelo nariz para fazê-lo arder. O Fogo aquece a Água. A Água controla o Fogo. O Fogo borbulha a Água e a evapora. A Água apaga o Fogo e o impede que venha a renascer.

Perdão Sr Billie, tenho que finalizar o relatório por aqui, começou a chover.”

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Leia também os outros dois contos que escrevi, publicados aqui:

"Bundas em Geral"
http://classedecinema.blogspot.com.br/2013/07/bundas-em-geral.html

"Vivi e Matei"
http://classedecinema.blogspot.com.br/2013/12/vivi-e-matei.html




sexta-feira, 1 de agosto de 2014

GUARDIÕES DA GALÁXIA



Guardiões da Galáxia é um filme muito, muito divertido. E se os produtores temiam que os desconhecidos e estranhos heróis fossem rejeitados pelo grande público, podem ficar tranquilos. Essa falta de embasamento deste novo mundo entre os espectadores é superada tão logo a cena inicial - que serve de prólogo até mesmo para o logo da Marvel – nos leva de uma triste situação familiar a uma abdução alienígena em segundos. E já com ares Spilberianos, demora a revelar o rosto adulto de nosso protagonista enquanto esse, solitário, busca uma relíquia nas ruínas de uma civilização antiga. Se os outros filmes deste universo da Marvel já eram considerados coloridos e irreverentes, Guardiões extrapola o conceito e seus títulos já surgem gigantes ao som de uma descontraída canção da década de 1980, marcando o compromisso de entreter ao qual os próximos 110 minutos irão se dedicar com afinco. E os “críticos” chatos, aqueles que não consideram blockbusters uma expressão artística também, que bocejem à vontade, pois na nobre tarefa de fazer rir e se empolgar – tão válida quanto a de outros filmes de fazer refletir sobre a natureza humana, por exemplo – o diretor James Gunn consegue ser deveras bem sucedido.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

TRANSFORMERS 4 - A ERA DA EXTINÇÃO



Eu gostaria de escrever uma crítica sobre Transformers 4: A Era da Extinção, mas, primeiro, teria de ver algumas perguntas respondidas. De fato, lendo o meu caderninho de anotações - onde rabisco memorandos sobre os filmes que assisto para depois poder compor um texto com eles – encontrei não os habituais apontamentos e transcrições de falas e pequenos detalhes, mas perguntas. Tenho pelo menos uma teoria para cada resposta, mas apenas Michael Bay sabe a verdade. Ele, que no ano passado reconheceu todos os seus maneirismos e os usou a favor de uma obra no ótimo e divertido Sem Dor, Sem Ganho, aqui, retorna aos espasmos catatônicos de sua habitual direção. Então, de agora em diante, minhas perguntas são diretamente direcionadas ao Sr. Bay.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

O GRANDE HOTEL BUDAPESTE


Pode-se dizer que (também) é eficiente aquele diretor que consegue passar ao espectador os sentimentos de seus personagens, ou conduzir suas emoções através da narrativa. No caso dos filmes de Wes Anderson, a galeria de figuras que os povoam pode e é frequentemente descrita como excêntrica, estranha e teatral. Algo que o cineasta, através de sua singular linguagem, sempre foi habilidoso em transmitir. E diferentemente do que se poderia acusá-lo, ao investir constantemente nesta mesma abordagem visual recorrente em sua filmografia, Anderson denuncia não uma limitação de apuro técnico, mas na verdade, um conhecimento minucioso da linguagem audiovisual. Ao contrário de um realizador medíocre como Tom Hooper, por exemplo, que usa de lentes grande-angulares sem aparente propósito, aqui, o diretor as emprega ocasionalmente para causar o que afinal lentes grande-angulares causam; estranheza e distorção. Pois em O Grande Hotel Budapeste, Wes volta a lidar com um universo farsesco e distorcido, que deliciosamente divertido, supera a barreira do estranhamento e melancolia e se mostra curiosamente aconchegante para o espectador.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

OS MUPPETS 2: PROCURADOS E ARMADOS



Começando precisamente do ponto em que seu antecessor havia terminado, Os Muppets 2: Procurados e Armados não demora e já engata uma canção bem humorada, cínica e de cunho metalinguístico anunciando que o filme a que estamos assistindo trata-se de uma sequência. Basicamente trazendo de volta todas as principais características do humor exercido pelos fantoches criados em 1976 por Jim Henson e Frank Oz.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

COMO TREINAR O SEU DRAGÃO 2




Um dos problemas que afligem animações produzidas por grandes estúdios é o seu compreensível medo de serem muito sombrias ou pesadas para crianças, muitas vezes sacrificando a densidade e profundidade de suas histórias em piadas bobas e roteiros que buscam simplificar demasiadamente suas tramas, confundindo neste caso os jovens espectadores com seres mentalmente incapazes de compreendê-las. Nesse quesito, após um longa empolgante e carismático, era admirável que Como Treinar o seu Dragão fosse ousado o suficiente para amputar um membro de seu protagonista, transgredindo um mandamento essencial de produções do gênero: jamais alterar permanentemente seus personagens principais, seja em design ou personalidade. Woody pode perder um braço em Toy Story 2, mas eventualmente ele o recupera. Elsa pode ser excessivamente dura em sua decisão de manter a irmã distante em Frozen, mas acaba percebendo seu erro. Soluço não, perde a perna definitivamente, em uma bela e trágica rima visual do que havia causado ao próprio amigo dragão, Banguela. Bonito e justo, não? Uma bela lição a se passar de maneira inteligente para crianças, e que o público mais “vivido” poderia curtir pela maturidade. Pois esta continuação parece perceber a força do que fora feito anteriormente e infelizmente extrapola no uso deste artifício a ponto de deixá-lo banal – amputações se tornaram algo comum entre homens e dragões - ainda que volte a acertar na trama que novamente se mostra divertida e carismática, ousando outra vez no mesmo ponto, só que de outra maneira; agora seus personagens estão mais velhos, e o filme não tenta esconder isso em suas concepções.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A CULPA É DAS ESTRELAS



Primeiramente, eu não li o livro do John Green, e já cansei de falar aqui que filme é filme e obra que o originou é, enfim, obra que o originou. São coisas distintas e DEVEM a princípio – vá saber, a proposta pode mudar eventualmente – serem independentes. Resumindo: não ter lido um livro não faz de ninguém menos apto a avaliar um longa-metragem adaptado do mesmo. Então deixem o “mimimi” aqui neste parágrafo se querem saber a opinião oficial do Classe de Cinema sobre A Culpa das Estrelas. Livres do “mimimi”? Beleza! É bobinho? É. É Meloso às vezes? É. Isso quer dizer que o filme é ruim? Não. Graças a um punhado de intérpretes carismáticos é possível se envolver e se importar com o arco bonitinho e – surpresa! – sóbrio de Hazel e Gus.

terça-feira, 3 de junho de 2014

MALÉVOLA



Há um bom filme aqui em Malévola. A icônica vilã da versão Disney de A Bela Adormecida sempre foi um dos antagonistas mais interessantes concebidos pelo estúdio; não há história contada por trás de suas ações, não há motivo aparente ou explicado para que condenasse à morte uma criança recém-nascida. É este ímpeto genuíno de maldade que faz até hoje da longilínea e córnea algoz um dos mais intrigantes e amedrontadores vilões. Contar sua história era tentador, como em parecido caso, era especular as origens do Space Jockey de Alien – O Oitavo Passageiro. Aqui, porém, não só narrar a origem da personagem é relevante, como também o longa-metragem propõem-se a inverter completamente o ponto de vista daquele clássico de 1959. E analisado de forma crua, a princípio o resultado possui um enredo funcional e interessantíssimo: Uma fada protetora de um reino encantado apaixona-se por um menino humano, por quem é abandonada e mais tarde traída devido a obsessão do então homem de tornar-se rei. Amargurada, a fada torna-se uma feiticeira que se vinga amaldiçoando a filha do antigo amado, só para mais tarde descobrir que tem afeição pela menina. De fato, há um bom filme em Malévola, uma pena que esteja escondido sob os escombros da desastrosa condução do estreante diretor Robert Stromberg.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

NO LIMITE DO AMANHÃ



Eficiente diretor de ação, Doug Liman une seu talento para transformar até mesmo o mais caótico cenário de batalha em um mise en scène compreensível, a uma estrutura narrativa tirada diretamente de Feitiço do Tempo. Trazendo um sempre competente Tom Cruise como protagonista, No Limite do Amanhã, além de um filme divertido, acaba por se revelar também mais um pequeno acerto na carreira do ator depois dos bons Oblivion e Jack Reacher. Não são filmes para o Oscar ou destinados a se tornarem os maiores lançamentos de sua semana, mas tampouco são medíocres ou esquecíveis.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

X-MEN: DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO



Apesar de protagonizados por seres dotados de poderes especiais, os filmes da franquia X-Men encontraram sua força não na ação desenfreada ou no deslumbre técnico, mas sim no lado humano de seus personagens e na alegoria sobre o preconceito contra minorias, grupos étnicos, etc. Os discursos de X-Men: O Filme, X-Men 2, X-Men: O Confronto Final e X-Men: Primeira Classe poderiam ser encaixados nos contextos da discriminação com homossexuais, islâmicos, mulheres, religiões afrodescendentes, entre muitos outros grupos cuja liberdade de expressão e disseminação na sociedade é vista com maus olhos pela maioria das pessoas que compõe a mesma. Desta forma, os quatro filmes – excetuo aqui, claro, o ruim X-Men Origins: Wolverine e o apenas bom Wolverine Imortal – possuíam um riquíssimo subtexto político-social que engrandecia e aprofundava léguas incontáveis o seu alcance dramático. Ao se afastar um tanto deste tema e ao deixá-lo apenas subentendido, este novo X-Men: Dias de um Futuro Esquecido poderia facilmente perder seus alicerces e decepcionar como parte de uma série de produções tão importantes, porém, recheando uma elaborada trama com personagens que a esta altura já são amplamente conhecidos e queridos pelo público, a nova investida de Bryan Singer no Universo X se mostra tão eficiente e memorável quanto os longas que a antecederam, empolgando do início ao fim. Inteligente, divertido, dramaticamente complexo e cativante.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

GODZILLA




Tendo aparecido pela primeira vez em 1954 no longa-metragem japonês Gojira de Ishirô Honda – sobre o qual escrevi aqui - o monstro chamado em terras ocidentais de Godzilla tinha tudo para voltar ao solo americano com segurança depois do remake galhofa dirigido por Roland Emmerich em 1998. Afinal, Gareth Edwards tem em seu currículo Monstros, filme de baixo orçamento que também lidava com criaturas gigantes, ainda que estas servissem muito mais como catalisadoras, proporcionando uma visão bastante humana da situação de perdas de vida em massa. Então quem seria mais apropriado para dirigir a nova incursão do monstrengo nas telonas? A resposta? Aparentemente qualquer um, já que o cineasta visto anteriormente some em meio a um roteiro raso, arrítmico, trôpego e repleto de maniqueísmos óbvios. Acaba divertindo eventualmente, é verdade, embora a palavra correta fosse mesmo “distraindo”, já que diversão implica em se entusiasmar. Esse Godzilla se leva muito a sério. Não deveria.

terça-feira, 29 de abril de 2014

O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA 2: A AMEAÇA DE ELECTRO


Crítica do primeiro filme >>>> AQUI.


Produto de mercado feito sob encomenda, O Espetacular Homem-Aranha sofria de um lado com as exigências de um estúdio maniqueísta, e do outro, com o contraste de estilos devido aos demasiados profissionais envolvidos em sua realização, jamais encontrando um tom acertado. Deste modo, constantemente pulava de um romance jovem, bem humorado e delicado para um filme de ação genérico, isso tudo em uma trama um tanto quanto absurda para a seriedade que tentava vender. Pois eis que, trazendo para o texto final a dupla de roteiristas responsáveis pelos excelentes Star Trek’s de J.J. Abrams, Roberto Orci e Alex Kurtzman, o diretor Marc Webb consegue entregar um longa-metragem muito mais satisfatório, que diverte e emociona com facilidade justamente por encontrar o tipo de filme que afinal queria ser.

domingo, 27 de abril de 2014

"BOYHOOD" - TRAILER



     Saiu o trailer do mais "novo" filme de Richard Linklater (dos irretocáveis Antes do Amanhecer, Antes do Pôr-do-Sol e Antes da Meia-Noite), que levou nada menos do que doze anos para ser filmado. A razão? Poder acompanhar o envelhecimento natural de seus personagens. Confira o vídeo abaixo, o longa tem previsão de estreia no Estados Unidos para o dia 11 de julho.